Karine Teles via inúmeros motivos para embarcar na trama de “Elas por Elas”, da Globo. Porém, alguns detalhes só foram percebidos pela atriz apenas depois que começou a interpretar a cientista Carol. Após diversos trabalhos mais dramáticos no vídeo, Karine encontrou um momento de respiro no enredo bem-humorado da trama de Alessandro Marson e Thereza Falcão. “Eu não estava exatamente buscando algo mais leve. Mas, quando apareceu, vi que era o momento certo de embarcar em uma história com mais leveza. Era exatamente disso que eu estava precisando”, explica.
Na novela baseada na obra original de Cassiano Gabus Mendes, Carol passou a vida estudando e se preparando para chegar aonde está: fisioterapeuta e neurocientista premiada. Ela é professora universitária e vive para o trabalho. Só quando recebe o convite de Lara, papel de Deborah Secco, e reencontra as amigas da juventude, a neurocientista começa a se dar conta de que o tempo passa depressa demais e de que talvez ela ainda tenha muito o que viver. “A Carol é uma personagem desafiadora porque é uma mulher que, por mais que seja uma profissional realizada, reconhecida, premiada no campo de trabalho dela, na vida pessoal é muito verde ainda, viveu poucas coisas. Ela é diferente de tudo que eu já fiz até hoje, e muito diferente de mim também, o que estou adorando”, vibra.
P – Antes de “Elas por Elas”, você participou de “Pantanal”. Como surgiu a oportunidade para a atual novela das seis?
R – Eu fiz teste. A produtora de elenco me ligou e perguntou se eu topava fazer um teste. Fui amarradona. Adoro fazer teste. Nem acho que teste seja necessariamente a melhor forma de escolher com quem vai trabalhar. Mas eu vou como se estivesse indo fazer um trabalho, como se tivesse sido contratada para fazer aquela cena. Fico nervosa, claro, mas finjo naturalidade (risos). No fim, deu tudo certo e rolou. Vai ser uma aventura bem inédita.
P – Por quê?
R – Dessa vez eu fico até o fim da novela. Não acredito que a personagem irá morrer no meio (risos). Quer dizer, né? É uma obra aberta, uma releitura. Na versão original, nenhuma personagem morria ou desaparecia. Mas nunca se sabe o que pode acontecer. Por enquanto, vou curtindo (risos).
P – Apesar de uma passagem curta, sua personagem em “Pantanal” caiu no gosto no gosto do público e era bastante diferente da Carol. Como está sendo mergulhar em um novo universo?
R – Eu amo fazer personagens diferentes. Já neguei trabalho porque achava que tinha um perfil parecido com outras coisas que tinha feito antes. Como atriz, adoro investigar personalidades diferentes. Mas tudo mantendo um realismo e naturalidade. É uma pesquisa bem pessoal minha. Estou feliz com a Carol porque é uma personagem mais leve.
P – Mas você estava em busca de personagens menos dramáticas na tevê?
R – Não estava buscando. Mas, quando apareceu a Carol, pensei que era um bom momento. Era meio disso que eu precisava, mas ainda não tinha percebido. Acho que todos estamos saindo de um período muito duro em todas as instâncias do país. A gente quer rir, se divertir e relaxar. Claro que a novela tem mistérios e dramas, mas a pegada principal é otimista, afetuosa e esperançosa.
P – Na história, a Carol é uma renomada pesquisadora. Como você buscou se aproximar desse universo acadêmico da personagem?
R – Desde que eu soube da personagem, estou completamente obcecada pelo assunto (risos). Li muitos livros, sites e tenho conversado com várias pessoas. Visitei o Instituto de Neurologia para compreender mais sobre esse universo da Carol. Claro que aprendi 0,3% do que é necessária para ser a Carol de fato. Mas não fico tão perdida no texto. Sei mais ou menos do que ela está falando na cena.
P – Você chegou a ver a primeira versão do folhetim para buscar inspirações ou preferiu seguir um caminho totalmente inédito?
R – Mais ou menos. Acho a trama da Carol quase inédita. Mudou muita coisa. Na primeira versão, a personagem da Mila Moreira morava com a mãe, por exemplo. Acho que a Carol ganha mais autonomia nesse sentido. É uma cientista renomada e premiada. Tem uma vida profissional de sucesso, mas em outras áreas ela não avançou tanto. Por isso foquei nessa dualidade dela.
P – De que forma?
R – A Carol é uma personagem de contraste. Ela tem uma maturidade e muitas conquistas na vida profissional. Mas, na vida pessoal, é como se ela não tivesse saído da adolescência. Não viveu nada ainda. Esse contraste dá um perfil mais fofinho para a Carol. Faz dela uma personagem muito querida por todos.
P – A Carol veio acompanhada de uma grande mudança no visual. Você teve liberdade para participar desse processo de caracterização?
R – Sempre que tem uma abertura eu gosto de participar. O jeito que a gente se veste diz muito ao nosso respeito. Adoro pesquisar, trouxe várias referências e conversei com a Amora (Mautner, diretora) e a equipe de caracterização. Fiquei feliz que a gente conversou e chegou em um visual muito bacana pra Carol.
“Elas por Elas” – Globo – Segunda a sábado, às 18h30.
Grupo fechado
A trama de “Elas por Elas” é baseada na amizade longeva de sete mulheres. Nos bastidores, o grupo de protagonistas também tem se aproximado ao longo dos últimos meses de gravações. “Estamos apaixonadas. Eu já conhecia algumas, mas nunca tinha trabalhado com nenhuma delas. São atrizes fantásticas e que admiro bastante”, valoriza.
As protagonistas, porém, raramente conseguem gravar todas juntas. Por isso, Karina está sempre atenta ao grupo de mensagens das atrizes. “Sempre ficamos torcendo para termos cenas juntas. Ficamos tão felizes. Temos nosso grupo secreto. A gente troca ideia e fala das cenas. Viramos uma pequena família”, afirma.
Pautas do momento
Karina Teles está feliz por embarcar em uma trama leve e descontraída como é o enredo de “Elas por Elas”. Ainda assim, em meio a diálogos cômicos, a atriz também encontra debates importantes sobre feminismo e sororidade ao longo dos capítulos. “É uma novela que mostra como as mulheres são diversas. Todas têm muita força e independência. Isso é uma verdade no mundo. A gente precisa esquecer esse estereótipo da mulher frágil. Claro que a gente fica cansada, quer carinho e parceria. Mas a gente é muito poderosa também”, valoriza.
Instantâneas
# Para se manter sozinha durante a faculdade Artes Cênicas, Karine dava aulas de inglês nos períodos livres.
# Karine também pode ser vista na série “João Sem Deus – A Queda de Abadiânia”, que está disponível no Globoplay.
# A atriz está no elenco do filme “Tá Escrito”, que acaba de chegar aos cinemas.
# Karine nasceu em Petrópolis, município da Região Serrana do Rio de Janeiro.