POR CAROLINE BORGES
Raphael Logam tem uma carreira recheada de papéis de destaque no streaming, no teatro e no cinema. Há mais de 25 anos na estrada, o ator, inclusive, acumula duas indicações ao Emmy Internacional pelo protagonista Evandro do Dendê na série “Impuros”. Ainda assim, os últimos meses de Raphael foram permeados por uma sensação de recomeço e ineditismo. Desde o início de março, ele pode ser visto na pele do ambicioso Hans, o vilão de “Família é Tudo”, nova novela das sete. O folhetim marca sua primeira grande oportunidade no clássico formato da tevê. “Venho numa batida boa de trabalho nos streamings e teatro. Mas sempre ficava aquela pergunta: será que vai acontecer? Acho que a novela chegou no momento certo da minha carreira. Se fosse antes, eu não estaria preparado”, explica.
Na história escrita por Daniel Ortiz, Hans é um sujeito ambicioso e ardiloso. Desde a aposentadoria de Frida, papel de Arlete Salles, é ele quem dirige a Mancini Music, gravadora que a tia fundou ainda jovem com o marido. Tem a confiança de Frida – de quem por vezes assumidamente puxa-saco –, mas se acha injustiçado e pouco reconhecido, já que é o único da família que tomou a frente dos negócios dela. Tal como a mãe, sonha um dia ser o dono da gravadora. Invejoso, fica bastante irritado com o prestígio e facilidades que os netos de Frida possuem simplesmente por serem herdeiros da empresária. “Ele não vai medir esforços para conseguir ser o herdeiro da empresa pela qual deu seu sangue e dedicou a sua vida para estar, merecidamente, no seu cargo atual. Com o desaparecimento misterioso de Frida, Hans vai para a briga contra seus primos, os netos dela, para conseguir a tal herança. Eu não me sinto quase nada próximo do Hans (risos), acho que em comum só no foco no trabalho”, ressalta.
P – A trama de “Família é Tudo” não é a sua primeira novela, mas é um papel maior. Como tem encarado essa jornada inédita na tevê?
R – Pois é, fiz algumas participações pequenas em diversas tramas. Essa, de fato, é a mais longa. A preparação foi corrida porque vim de outro trabalho, mas fui muito bem-recebido pelos colegas de cena e pela equipe. Hans tem um arco dramático maravilhoso. Vai dar pra brincar bastante – com responsabilidade, claro (risos).
P – Nos últimos anos, você vem de uma sequência de trabalhos de destaques no streaming. Como está sendo participar de um projeto mais longo?
R – Venho numa batida boa de trabalho nos streamings e teatro. E agora com esse desafio de estar em um produto mais longo. Confesso que ainda não senti muita diferença porque estamos no início. Acho que vou entender a dimensão quando passar uns quatro meses de trabalho. E sobre set de filmagem, a novidade está sendo conhecer equipe e pessoas novas.
P – Com uma boa trajetória no streaming e no cinema, você queria se aventurar pelas novelas?
R – Faço teatro desde os meus 12 anos. Ou seja, 1998. Nessa época a gente não tinha streaming. Então, a meta era novela e cinema dentro do audiovisual. Sempre quis fazer novela. “Olho por Olho” e “Quatro por Quatro” foram novelas que eu vi e fiquei maluco. Passei um tempo querendo fazer novela, mas fui mordido pelo bichinho do cinema. Fazia alguns testes e participações em novelas, mas via que era algo que estava meio distante de mim. Quando o streaming chegou, abriu um leque e mergulhei nisso. Olhando para trás, entendo que tudo aconteceu como deveria acontecer mesmo.
P – Como assim?
R – Quando a gente está vivendo o processo, bate um desespero, né? Será? Será que vai acontecer? Que bom que não aconteceu lá no passado. Eu não estava pronto naquele momento. Não sei nem se estou pronto agora, mas estou mais preparado do que antes, com certeza. A televisão é um meio que abre muitas portas. Estou feliz e curtindo esse momento.
P – Na história, o Hans fará de tudo para ficar com a herança dos primos. Como você enxerga essa vilania do personagem dentro do enredo?
R – Então, eu não acho que o Hans seja o vilão. Ele tem uma ambição muito forte e passa um pouco dos limites. Não tenho vergonha de dizer que estou defendendo o personagem (risos). Ele tem todos os motivos para fazer o que faz. O Hans sempre se dedicou a esse império que é a gravadora Mancini. A tia some e deixa a herança pros netos que não fazem nada? Ele também quer uma fatia desse bolo. Acho que ele tem recursos para conseguir o que quer. Mas ele é ansioso e faz tudo de uma forma brusca.
P – Todo o universo da novela é bastante leve e cômico. Você tem buscado algum toque de humor para humanizar o personagem?
R – Estou tentando seguir uma linha meu malvado favorito. O Hans é um sujeito muito elegante, né? Então, vou tentando pincelar humor nessa relação com a mãe. Além disso, estamos apostando bem no romance dele com a Mila (Ana Hikari). É o clássico caso entre patrão e secretária. Tem umas partes engraçadas. Até porque todo mundo sabe do caso dos dois na gravadora, mas eles acham que não.
P – Como tem sido a repercussão da novela nesse início de trabalho?
R – É muito louco o alcance de uma novela. Estava passando por um colégio e alguns alunos me pediram para tirar uma foto. Achei que fossem falar do Evandro de “Impuros”. Mas eles começaram a falar que eu seria o próximo vilão da novela das sete. A trama nem tinha estreado. Muito legal como as pessoas já vão vendo e identificando a novela.
P – Boa parte de suas cenas são ao lado de Arlete Salles. Como tem sido contracenar ao lado da veterana atriz?
R – O desafio está sendo tentar manter a naturalidade fazendo o filho de uma das pessoas que sempre admirei na carreira. Contracenar com a Arlete está sendo um presente e estou aproveitando cada minuto com ela. Cena bacana até agora? Todas com a Arlete (risos). A gente está se divertindo muito e o melhor: estou me divertindo em dose dupla com Frida e Catarina. Ela é uma dessas bruxas dos Estúdios Globo. Conhece tudo por aqui. A gente é vizinho na Gávea (bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro). Ela está tendo um cuidado comigo que eu não esperava. Ela tem o lugar. Pode fazer o dela e tchau. Mas ela tem sido de uma generosidade enorme comigo.
“Família é Tudo” – Globo – Segunda a sábado, às 19h30.
Namoro online
Além de “Família é Tudo”, Raphael Logam também pode ser visto na série “Matches”, que vai ao ar no Warner Channel e está disponível na plataforma Max. A produção de humor conta a história de um grupo de amigos que, sem sorte no amor, decide se aventurar em um aplicativo de relacionamentos chamado Matches. Logam vive o protagonista Benjamin. Ele está recém-divorciado e vai visitar o amigo Escovão, papel de George Sauma, no Rio de Janeiro, mas fica na cidade por mais tempo depois de conseguir um emprego como chef no restaurante do amigo. “O Escovão instala o aplicativo no celular do Benjamin. Ele, que é um sujeito todo certinho, acaba se aventurando por esse aplicativo. É uma série divertida, rápida de acompanhar e com bastante identificação. Quem curte esses aplicativos vai se identificar com muitas situações”, aponta.
No centro da família
Enquanto o ambicioso Hans mantém uma relação fria e distante com a família, Raphael Logam é totalmente o oposto. O ator busca sempre estar cercado de seus familiares, mesmo com todo o ritmo acelerado de trabalho. “Minha relação com a minha família é tudo de mais maravilhoso. Tenho uma mãe, um pai e uma filha mais que espetaculares, irmã e sobrinhas espetaculares. Relação de amor, carinho, respeito e cuidado. Tenho tantas histórias marcantes ao lado deles. Precisaríamos de mais uma entrevista só para falar de histórias da minha família (risos)”, brinca.
Instantâneas
# Em junho, Raphael poderá ser visto na série “O Jogo que mudou a história”, original Globoplay.
# O ator também está no elenco da série “Capoeiras”, original Star+.
# A série “Impuros”, protagonizada por Raphael, ganhará uma quinta temporada em breve.
# O ator pode ser visto no filme “Carga Máxima”, disponível na Netflix.