POR CAROLINE BORGES
Tempo tem se tornado um artigo cada vez mais escasso na agenda de Juan Paiva. Após finalizar o ano de 2023 com o sucesso de bilheteria “Nosso Sonho”, que recorda a história da dupla Claudinho & Buchecha, o ator seguiu emplacando projetos nas mais diversas áreas. Atualmente vivendo um dos protagonistas de “Renascer”, o intérprete do enjeitado João Pedro também aguarda a estreia da segunda temporada de “Justiça”, original Globoplay, e novos lançamentos no cinema. “Só tenho a agradecer às pessoas que admiram o meu trabalho, que torcem por mim. Eu sinto, sim, um calor diferente, mas a minha vida é a mesma, no sentido de eu ir para rua e cumprimentar quem eu acho que devo cumprimentar, de as pessoas virem falar coisas positivas, são as pessoas que eu estou sempre abraçando”, aponta.
Na história adaptada por Bruno Luperi, João Pedro é o filho caçula de José Inocêncio, papel de Marcos Palmeira. Jovem honesto, simples e trabalhador, ele sofre com a indiferença do pai e a sina de ser considerado culpado pela morte da mãe durante o parto. Ao contrário dos irmãos, nunca saiu da fazenda, onde aprendeu todos segredos do pai na lida com o cacau. “O João Pedro é um espelho do José Inocêncio. Talvez isso, inclusive, aflore os embates. Ele busca reconhecimento. É capaz de tocar a fazenda toda sozinho mesmo com pouca idade. Ele ama aquilo que faz”, defende.
P – Aos 25 anos, você tem enfileirado papéis destaque no horário nobre. Após viver o sofrido Ravi de “Um Lugar ao Sol”, retorna ao posto de protagonista como enjeitado João Pedro de “Renascer”. É um momento de ascensão em sua trajetória?
R – Fico muito feliz com cada a oportunidade. O Ravi foi um personagem muito sensível, era um cara que sofria e teve falta de uma cumplicidade com um irmão. E acho que agora, em “Renascer”, não é diferente. O João Pedro tem essa sensibilidade, mas, ao mesmo tempo, ele tem uma força e tem um lugar ali de rejeição do pai, então, acho que de certa forma os personagens se cruzam. Mas estou muito feliz porque, ao mesmo tempo, eles são totalmente diferentes. O Ravi era de Goiânia, o João é da Bahia, um cara que trabalha o tempo todo, que se dedica à fazenda, à produção de cacau junto com o pai. É um personagem com sentimentos profundos e complexos.
P – De que forma?
R – Ele vive em busca de uma relação positiva com o pai. Mas há muito embate entre os dois. Apesar de tudo, não deixa de ter um certo respeito na relação. O João Pedro cresceu sem compartilhar suas dores e sentimentos. Tem de mostrar força o tempo todo. É um cara especial e que devia ser visto por esse pai com mais cautela e cuidado. O João é, na verdade, um espelho do José Inocêncio.
P – Antes do início das gravações, qual foi seu contato com a obra original de Benedito Ruy Barbosa?
R – Eu preferi não ver para não me apegar. Com todo respeito ao trabalho das pessoas que fizeram a versão de 1993, eu vi poucas coisas. Sou fã do Marcos Palmeira. Ele é um cara sensacional, humilde e que me inspira no dia a dia do set. Mas tenho consciência de que estamos fazendo uma versão diferente da apresentada em 1993.
P – Na primeira versão, foi exatamente o Marcos Palmeira que viveu o personagem João Pedro. Vocês chegaram a trocar informações sobre o papel?
R – Tivemos pouca troca nesse sentido. O Marquinhos também tem esse lugar de dar liberdade, ele é um cara inteligente, que entende que é uma novela nova, é uma novela a que as pessoas não devem assistir com um olhar daquela época. Mas a gente troca ideia sempre que pode e eu tiro minhas dúvidas com ele. Temos uma troca de amigos e de profissão nos bastidores.
P – Além de “Renascer”, você também poderá ser visto como um dos protagonistas da próxima temporada de “Justiça”, original Globoplay. Como você avalia esse momento?
R – Só tenho a agradecer às pessoas que admiram o meu trabalho, que torcem por mim. Eu sinto, sim, um calor diferente, mas a minha vida é a mesma, no sentido de eu ir para rua e cumprimentar quem eu acho que devo cumprimentar, de as pessoas virem falar coisas positivas, são as pessoas que eu estou sempre abraçando e eu acho que é isso que vai dar nesse lugar do queridinho.
P – Como assim?
R – Acho que é um amor, uma troca e, que quando é sincero, as coisas simplesmente acontecem. Então, estou caminhando, estou me dedicando para sempre poder entregar o meu melhor. Acho que o que a gente faz é algo que tem esse lugar do equilíbrio e a gente tem de ter muito respeito, muito afeto, muito carinho por tudo. O trabalho do artista é viver nessa corda bamba, então quando as coisas estão fluindo a gente tem, sim, de se dedicar ao máximo e entender também que tem um espaço de tempo do nosso descanso, tem um tempo que a gente está trabalhando muito, enfim, acho que o respeito tem de estar acima de tudo sempre.
P – Esse crescimento diante das câmeras também gera uma maior exposição da sua vida pessoal. Como você tem lidado com esse assédio e curiosidade?
R – Eu realmente não costumo ficar expondo minha vida. Mas acho que tem um lado bonito da minha história que merece atenção. Tive uma filha com 16 anos. Hoje, ela está com nove anos. Sou casado com a mãe dela até hoje. Acho que é um lado bonito e que tenho muito orgulho da minha trajetória.
“Renascer” – Globo – De segunda a sábado, às 21h30.
Na bagagem
Assim como boa parte do elenco, Juan Paiva começou seu trabalho em “Renascer” pelas gravações na Bahia. O ator esteve pela primeira vez em Ilhéus no final do ano passado. “Foi enriquecedor gravar em Ilhéus. Fomos antes dos estúdios e da cidade cenográfica. Foi bom para ganhar certa propriedade sobre o assunto”, explica.
Durante a viagem, Juan conheceu locações da primeira versão de “Renascer”. Ele também conversou com pessoas que viram a história original sendo gravada. “Foi ótimo ter esse contato e ouvir tantos relatos. Ouvimos as pessoas cantando as músicas, conheci a fazenda Renascer, onde a novela foi gravada, tivemos vivências pela agrofloresta”, relembra.
Começo de tudo
Natural do Rio de Janeiro, Juan Paiva estreou na tevê em “Totalmente Demais”, em que viveu o personagem Wesley. O personagem, que era praticante de corrida, ganhou destaque no enredo ao ser atropelado e ficar paraplégico. “Foi uma novela importantíssima porque eu ganhei muita experiência. Saí desse projeto mais safo, mais experiente e compreendendo melhor o mundo da televisão. Com isso, cheguei em outros trabalhos mais tranquilo e menos perdido”, explica Juan, que rapidamente engatou o fim da novela com a temporada de sucesso de “Malhação: Viva a Diferença”.
Instantâneas
# A segunda temporada de “Justiça” chega ao Globoplay no próximo dia 11 de abril.
# Aos 8 anos, Juan ingressou no projeto “Nós do Morro”, que ensina artes para jovens carentes.
# “Renascer” não é o primeiro trabalho de Juan ao lado de Marcos Palmeira. Em 2013, eles participaram do filme “Vendo ou Alugo”.
# Ainda em 2024, Juan poderá ser visto no longa “De Pai para Filho”, de Paulo Halm.