O dr. Joaquim José de Azevedo Soares, patriarca desta importante família, nasceu em Maricá, Estado do Rio de Janeiro, em 3 de julho de 1852. Quando jovem, mudou-se para Petrópolis, e passou a lecionar Matemática no Colégio Kopke. Nessa cidade conheceu Candida Borba, nascida em Rezende em 21 de agosto de 1857, com quem se casou.
Pouco tempo depois, o Dr. Joaquim muda-se para Amparo, em São Paulo, e nessa cidade interiorana funda uma escola primária. Em 1882 transfere seu estabelecimento para a capital paulista, na Rua da Glória. O Colégio Azevedo Soares mantém-se quatro anos nesse local, mudando-se em 1886 para o bairro do Brás. Talvez entre essa última data e o ano de 1900 tenha Azevedo Soares adquirido a chácara de 42 mil metros quadrados na atual Vila Gomes Cardim, no Tatuapé.
Os limites do terreno comprado situava-se entre as atuais ruas Serra do Japi, Azevedo Soares e Coelho Lisboa. Quanto aos fundos, limitava com as terras da Família Guadagnoli. A divisa entre as duas chácaras ficava onde hoje se encontra a Rua Itapeti, que naquele tempo não existia.
No início de 1889, Azevedo Soares inscreve-se num concurso para lente da cadeira de Matemática de Escola Normal de São Paulo. Em meio a muitos concorrentes, Azevedo Soares classificou-se em primeiro lugar. Em 1º de maio daquele ano era nomeado lente da cadeira citada.
Sua passagem por essa casa de ensino foi elogiada por aqueles que o conheceram: não sabiam o que mais admirar nele, se sua devoção ao ensino ou a bondade extrema de seu coração. Durante 35 anos lecionou trigonometria, aritmética e álgebra, aos seus afortunados alunos, conforme o Anuário de Ensino de 1909-1910.
Ninguém explicava melhor um teorema ou resolvia um problema melhor do que ele. Tinha a palavra fácil e clara. Nunca se sentava em aula. As preleções ele as fazia com o giz na mão, ao lado da lousa, falando e desenhando ao mesmo tempo.
Era querido por seus discípulos por ser bom e justo. Dele, pode-se dizer, sem errar, que tanto em aula como em todos os atos de sua vida, usou e empregou sempre a linguagem clara, segura e certa dos algarismos. A 1º de fevereiro de 1921 foi posto em disponibilidade.
Mas, voltando ao início do século, muitos devotos, o dr. Azevedo Soares e d. Candida compraram uma gleba de terra que ficava à frente de sua chácara, pertencente a Francisco José de Souza Vila Nova. Em seguida a doaram à Irmandade do Divino Espírito Santo da Quinta Parada, entidade que estava sendo formada naquela época pelos senhores Serafim da Silva Gadelha, João Jacyntho Pavão, Manoel Pimentel de Andrade e João Teixeira.
A doação, explicitada em documento datado de 1º de abril de 1909, estava condicionada a que esta irmandade concluísse a construção da capela e nela, do lado direito do altar-mór, instalasse um altar consagrado à Nossa Senhora do Bom Parto. O terreno, objeto dessa doação, no meio do qual fora edificada a capela, inicialmente foi denominado Largo do Espírito Santo.
Em 1916 o logradouro era rebatizado para Largo Nossa Senhora do Bom Parto. Por volta de 1928, Lourival e Edgar, filhos do casal, instalaram num dos espaços da propriedade a Companhia Imperial de Indústrias Químicas.
O dr. Joaquim José de Azevedo Soares viria a falecer em 29 de setembro de 1938. Quatro anos mais tarde, em 21 de agosto de 1942, falecia d. Candida Borba de Azevedo Soares. Em meados da década de 50, após longo e complicado litígio com a Prefeitura Municipal, a Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto perdeu a posse do Largo. O vigário e os devotos fizeram grande campanha para levantar fundos com vistas a edificar a nova igreja.
O terreno pretendido, ao lado da antiga igreja, pertencia aos herdeiros do espólio da família Azevedo Soares. Os paroquianos esbarravam com imensas dificuldades para sua compra: divergências entre os herdeiros, o inventário não fora feito, impostos atrasados, papéis desaparecidos etc. Vencidos todos os obstáculos, em 31 de março de 1955 era paga a entrada, sendo o restante do valor estipulado dividido em 60 prestações.
Lourival, um dos filhos do casal Azevedo Soares, era casado com d. Ilda, e pai de Carmem, Ruth e Odete. Edgar, o outro filho, casado com d. Angelina, pai de Dirce, Edite, Edgar e Washington. Ao lado da mansão da chácara, a família construíra uma nova residência. Por ocasião da morte dos pais, Edgar, d. Angelina e seus filhos se estabeleceram na casa recém-construída. Lourival e os seus passaram a ocupar a casa sede da chácara.