Caminhar pela cidade para os deficientes visuais é um tormento. Não só pelas péssimas condições das calçadas e dos vários obstáculos encontrados pelo percurso, mas também pela falta de independência. Desafiados todos os dias dentro da própria casa, quando eles saem se deparam com o fato de não poderem fazer coisas simples, como atravessar uma rua. Isso porque a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), órgão responsável por integrar motoristas e pedestres no mesmo espaço, abandonou um de seus principais programas: o semáforo sonoro.
DEPENDÊNCIA
A Zona Leste, por exemplo, não foi contemplada com um equipamento sequer, mesmo tendo uma boa parte dos deficientes visuais, que somam quase 3 milhões em toda a cidade. Diante disso, vemos pessoas cada vez mais dependentes, seja no transporte público ou na locomoção de um modo geral.
DESCASO
Muitos equipamentos não têm nem a botoeira. Outros estão sem placas em braile para orientação. Sendo assim, o que fazer senão esperar pela boa vontade de algum estranho? Nada, pois a cidade não evoluiu e carece de olhar para o deficiente visual como um cidadão, que trabalha, estuda, se diverte, cuida da família, entre outras atividades. Na Rua Tuiuti, por exemplo, os semáforos para pedestres só atendem quem não tem deficiência.
PROMESSA NÃO CUMPRIDA
Em 2015, conforme matéria publicada no jornal “Diário de S. Paulo”, a antiga Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida havia anunciado a instalação de 125 semáforos sonoros para aumentar a mobilidade dos cegos. Na época, ainda conforme a publicação, a CET tinha se comprometido a realizar audiências públicas para definir os cruzamentos mais estratégicos para a colocação dos semáforos. A secretaria ainda daria apoio presencial, in loco e pela Internet para todas as pessoas com deficiência visual.
Como praticamente nada se concretizou, esta Gazeta entrou em contato com a nova Secretaria da Pessoa com Deficiência (SMPED) para obter informações a respeito da visão do órgão sobre o tema e com relação às propostas de implantação que serão apresentadas para Tatuapé, Carrão e bairros próximos.
O OUTRO LADO
De acordo com o órgão, os critérios para atendimento de solicitações referentes a semáforos sonoros, especificamente para pessoas com deficiência visual, bem como as especificações técnicas necessárias para compra de equipamentos a serem implantados na cidade de São Paulo, encontram-se em desenvolvimento.
Segundo a secretaria, é previsto o atendimento prioritário às rotas acessíveis para pessoas com deficiência visual, definidas inicialmente por SMPED e aprovadas pela CET. No trajeto dessas rotas serão atendidos diversos polos atrativos de interesse como: estações de Metrô, shoppings, terminais de ônibus, serviços públicos e serviços específicos para pessoas com deficiência.