A estudante e costureira Rosangela Fátima Toni, de 57 anos, começou a cursar gestão ambiental no campus da Zona Leste da Universidade de São Paulo (USP) em 2009. Desde então, porém, ela foi acometida por doenças de pele que a fizeram perder cabelos e a sobrancelha e que, segundo um relatório médico, estão diretamente relacionadas a elementos contaminantes encontrados no solo do campus da USP Leste. Agora, a Defensoria Pública de São Paulo entrou na Justiça contra a universidade, pedindo que a USP custeie seu tratamento, a transfira para outro curso no campus das Clínicas e lhe pague uma indenização.
Diante dessa notícia, veiculada pela imprensa, a Gazeta, que já havia publicado diversas matérias sobre a contaminação do solo do campus com gás metano, que é tóxico e explosivo, entrou em contato com a assessoria de imprensa da Escola de Artes e Ciências Humanas (Each) da Usp Leste e questionou se diante de uma acontecimento desses, era mesmo seguro que os demais alunos continuassem a frequentar o campus.
PROBLEMA ANTIGO
A USP Leste sofre com problemas ambientais desde 2005, ano de inauguração. O solo é contaminado por causa de despejo de drenagem do Rio Tietê. Em 2013, a USP foi autuada e multada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), por problemas com a extração de gases tóxicos e de poluentes em terras que foram descartadas na unidade em 2011.
No mês de novembro de 2013, a Justiça havia dado um prazo de 30 dias para que a situação fosse regularizada, mas, nada havia sido feito até então, motivo pelo qual a unidade continuou interditada e só voltou a reabrir em agosto de 2014.
Entre as obras realizadas para permitir a reabertura estão a instalação de 23 bombas de ventilação e o isolamento de uma área onde a terra contaminada foi depositada. Postos de monitoramento de gás também foram instalados na região.
USP RESPONDE
A assessoria de imprensa da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (Each) da USP informou que a aluna Rosângela Fátima Toni, do curso de gestão ambiental, procurou a Escola no dia 21 de fevereiro de 2014 relatando problemas de saúde, porém, sem documentação médica de diagnóstico.
“A Each entrou em contato com a Superintendência de Saúde da USP, que colocou o Hospital Universitário à disposição da aluna para que ela tivesse o atendimento necessário. Em 15 de abril de 2014, a aluna tomou ciência de que o Hospital Universitário está disponível para este atendimento. No entanto, até a presente data, não há registro na Each de que a aluna tenha comparecido ao hospital”, diz a nota.
Quanto às condições ambientais do campus USP Leste, o órgão da USP responsável por todas as ações que estão sendo realizadas no campus USP Leste referentes ao assunto é a Superintendência de Espaço Físico da USP (SEF).
Em relação ao gás metano a assessoria reforçou dizendo que “todo o sistema de ventilação de gás metano foi instalado e está em pleno funcionamento. O controle é realizado diariamente e abrange medições nos 117 poços de monitoramento e nenhum desses pontos apresenta concentração de gás metano.”
Já em relação à terra não certificada depositada no campus, a USP respondeu que a área central do campus onde ela está concentrada foi isolada conforme determinação da Cetesb. Um serviço de investigação ambiental detalhado e avaliação de riscos toxicológicos será contratado pela SEF (edital aberto) para complementar estudos já realizados. A partir desses estudos, a Cetesb irá determinar o que ainda deve ser feito.