Na semana passada tivemos a certeza absoluta de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, não quer largar o osso de forma alguma. Mesmo após todas as provas reunidas contra ele, sobre as contas abertas na Suíça, Cunha aposta que tem capacidade de comandar a Casa. Inclusive um de seus aliados chegou a anular a primeira sessão do Conselho de Ética, que daria início ao processo de cassação do deputado por falta de decoro parlamentar.
Com isso, Cunha conseguiu adiar a definição de seu cargo e também ganhou mais tempo de barganha sobre a condição atual de Dilma Rousseff. A que ponto chegamos! O cargo de uma presidente ser transformado em moeda de troca por alguém que pode ser condenado pela Justiça. É uma vergonha para os brasileiros ter de presenciar um evento no qual alguns “nobres” se regozijam, enquanto nós fazemos o papel de bobos da corte.
E o que é pior, saber que esta realidade está estampada em jornais e revista do mundo inteiro.
Depois desse capítulo vexatório, veremos o que nos aguarda. Caso o Conselho de Ética consiga tocar o processo para frente, teremos uma nova oportunidade de ver quem realmente está preocupado com o Brasil. Isso porque a saída de Cunha se dará pelos votos a favor ou contra sua condenação. Tomara que não tenhamos de vivenciar um novo embaraço político de proporções catastróficas.
Por enquanto, os parlamentares ainda não precisaram colocar todas as suas fichas na mesa nesse jogo de poder. Porém, logo todos serão cobrados e terão de tomar partido. Sorte de quem elegeu pessoas sérias para nos defender no Congresso. Do contrário, será muito triste sermos penalizados pelo que fizemos nas urnas.
Sim, todos nós somos culpados pelo que aconteceu e pelo que ainda está ocorrendo fora do “espetáculo” Cunha x Dilma. Enquanto a indefinição permanece, o nível de desemprego cresce e a inflação chega aos 10%. No ano que vem, o Brasil dividirá com a Rússia o péssimo posto de pior economia do G-20.
Diante desse quadro, os brasileiros terão de se virar com as dívidas, custos de alimentação e transporte. Digo isso porque muitas pessoas não conseguirão pagar escolas particulares, planos de saúde e honrar parcelas de carros, motos, entre outros bens. Sem contar a CPMF que, provavelmente, teremos de arcar mais uma vez, sabe-se lá por quanto tempo. E, acredite se quiser, a presidente Dilma disse que esse dinheiro não será gasto, pois só servirá para amenizar o rombo das contas públicas.
Está difícil entender claramente o que vai ocorrer. Um ano depois da reeleição de Dilma, o País ainda não se endireitou na política, na economia e no judiciário. Isso porque muitos parlamentares vestiram com orgulho a carapuça da falta de honestidade, a equipe de economistas do governo desdenhou da imprensa e os juízes não se definiram sobre serem totalmente neutros em suas decisões.
Dessa maneira, o brasileiro vai perdendo a crença nas instituições e tenta salva a sua pele. Teme pela falta de rumo e desgoverno do País. Acompanha os discursos de Dilma, mas percebe que os fatos contrariam as tentativas de maquiar a verdade. Muitos afirmam que passaremos por momentos ainda piores. Tomara que estes estejam enganados, pelo menos em parte, para que possamos usar a nossa criatividade e encontrar uma saída, sem depender de governo ou dos políticos. Agora nos restam a fé e o trabalho.