Brasil está prestes a alcançar a marca de 5 mil mortes por dengue em 2024, com 4.961 óbitos confirmados até o momento, segundo dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses. Além disso, há 2.161 mortes ainda em investigação
O Brasil está prestes a alcançar a marca de 5 mil mortes por dengue em 2024, com 4.961 óbitos confirmados até o momento, segundo dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses. Além disso, há 2.161 mortes ainda em investigação. O número total de casos prováveis de dengue no país ao longo do ano é alarmante, somando 6.437.241, o que resulta em uma taxa de letalidade de 0,08. O coeficiente de incidência atual é de 3.170,1 casos para cada 100 mil habitantes.
São Paulo lidera em números absolutos de casos de dengue, com 2.062.418 registros em 2024, seguido por Minas Gerais com 1.696.518 casos, Paraná com 643.700 e Santa Catarina com 363.117. No entanto, ao considerar o coeficiente de incidência, o Distrito Federal apresenta a maior taxa, com 9.739,1 casos por 100 mil habitantes, seguido por Minas Gerais (8.260,1), Paraná (5.625,2) e Santa Catarina (4.771,8). Esses dados ressaltam a necessidade de estratégias direcionadas para as regiões mais afetadas e reforçam a importância das medidas de prevenção e controle em todo o país.
O infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia Antônio Carlos analisa o cenário atual de casos no Brasil:
“O cenário atual é explicado pelo avanço do vetor, que é o Aedes aegypti, que passou a infestar grandes áreas da região sudeste e da região sul do Brasil, inclusive indo para o Paraguai e parte da Argentina. Então, o Aedes aegypti, que não estava muito presente nas regiões mais frias do Brasil, passou realmente a ir para essas regiões. Possivelmente, uma das explicações é o aumento da temperatura, o aquecimento dessas áreas, que acabou facilitando a adaptação do Aedes aegypti nessas regiões.”
A maior parte dos casos no país foi registrada entre adultos de 20 a 29 anos, seguidos pelas faixas etárias de 30 a 39, 40 a 49 e 50 a 59 anos. Por outro lado, os grupos menos afetados incluem crianças com menos de 1 ano, idosos com 80 anos ou mais e crianças de 1 a 4 anos.
Júlia Mesquita, de 19 anos, moradora de Vicente Pires no Distrito Federal foi uma das pessoas afetadas pela doença neste ano e descreve a experiência:
“O que foi mais difícil enquanto eu estava doente, eu acho que foi o fato de ficar muito dependente. Eu não conseguia fazer absolutamente nada sozinha, só conseguia ficar deitada na cama. Não conseguia comer, porque fica um gosto muito ruim na boca. Foi uma das piores partes pra mim. Então, beber água, comer, fica tudo muito difícil. E é o que você mais precisa fazer, né, pra poder melhorar da dengue. Então, eu acho que o mais difícil foi essa parte da alimentação, a fraqueza e o fato de ficar dependente de todo mundo.” afirma.
Antônio Carlos Bandeira, infectologista, explica os meios de prevenção.
“As principais medidas de prevenção podem ser divididas em duas partes, a primeira individual e a segunda coletiva. Na parte individual, é fundamental usar repelentes, tais como aqueles à base de icaridina ou DEET, principalmente as gestantes precisam usar repelentes do primeiro ao último dia da gestação para que não tenham possibilidade de se contaminarem com o vírus da zika, que é altamente teratogênico. A outra situação para prevenção é você utilizar a parte de roupas mais compridas, telas, em regiões onde você pode dormir com telas, e ar-condicionado.”