No domingo passado, 24 de novembro, o vendedor Ewerton Leandro de Castro Nogueira, de 25 anos, foi encontrado desacordado a cerca de 30 metros da casa noturna Vitrini Show, localizada Avenida Antônio Estevão de Carvalho, bairro do Patriarca e faleceu antes de chegar ao Hospital Municipal do Tatuapé. No atestado de óbito do jovem as causas da morte foram “choque hemorrágico”, “traumatismo abdominal” e “ruptura hepática”, provocadas por “agente contundente”. O caso foi registrado como assassinato de autoria desconhecida no 10º Distrito Policial – Penha. O velório aconteceu na segunda-feira, 25, no Cemitério 4ª Parada, no Belém e o enterro foi no Cemitério da Vila Alpina. Ewerton estava casado e tinha um filho que irá completar 3 anos de idade este mês.
Segundo o pai do vendedor, Ogival Antônio Nogueira, testemunhas disseram que Ewerton foi espancado pelos seguranças do Vitrini Show. O motivo teria sido uma briga com um grupo que começou a jogar pedras de gelo em Ewerton e seus três amigos. Os amigos disseram à polícia que viram Ewerton ser levado por seguranças para um quartinho da casa noturna e que aproximadamente, uma hora depois, ele foi encontrado numa vala em frente ao Vitrini Show.
Um dos amigos do jovem, um auxiliar de produção também de 25 anos, contou à polícia que saiu da balada por volta das 5h da manhã e ouviu de testemunhas que cerca de 15 pessoas espancaram Ewerton. Essas mesmas testemunhas alertaram ao amigo do agredido que ele fosse embora, pois poderia apanhar também.
Em nota, a casa noturna negou as agressões. “A direção da casa nega veementemente que tenha havido qualquer tipo de agressão por parte da segurança no interior do estabelecimento e se propõe a auxiliar a polícia e todas as investigações”, afirma o comunicado.
O estabelecimento encontra-se interditado e a Polícia Civil descarta a participação de seguranças da casa noturna Vitrini Show nas agressões que resultaram na morte do vendedor. Imagens de câmeras de vigilância da Vitrini Show divulgadas na quinta-feira, 28, mostram Ewerton sendo contido por seguranças às 4h28 durante discussão com frequentadores da casa noturna e levado para fora do estabelecimento. Logo após, outra câmera registra o início da agressão. A polícia identificou os homens que aparecem nas imagens e pediu a prisão deles à Justiça. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.
MORTES
Segundo nota divulgada à imprensa, essa é a terceira morte registrada este ano na casa noturna Vitrini Show. Um boletim de ocorrência, do dia 16 de maio mostra que duas pessoas se envolveram em discussão dentro da casa e, ao saírem, foram baleadas e mortas. As duas vítimas também saíram da casa noturna por volta das 5h e testemunhas contaram que os disparos foram feitos por pessoas em um carro escuro que passou próximo ao estabelecimento, na Avenida Antônio Estevão de Carvalho. No local, foram encontradas seis cápsulas de balas calibre de pistola 380 e um carro com quatro perfurações. Os criminosos, que não foram identificados, fugiram.
SOCIEDADE
De acordo com o psicólogo Silvio José Coutinho o valor da vida nos dias de hoje se tornou banal e por isso é tão comum ouvirmos esses tipos de histórias, de brigas que começam por motivos tão fúteis. “Até pouco tempo atrás fazíamos parte da civilização do fogo e da fumaça. Dava-nos a impressão de que cada indivíduo carregava no bolso uma caixa de fósforos e que era imperativo por fogo em tudo, fazer queimadas, soltar balões cada vez maiores, destruir a natureza, maltratar os animais, fumar muito e em qualquer ambiente, viver na poluição. Hoje em dia, e felizmente, existe o “politicamente correto”, a sustentabilidade, os movimentos de preservação da natureza e das espécies em extinção, as campanhas e ONGs preocupadas com a chamada qualidade de vida, minimizando e dificultando a ação dos menos sensíveis a esse tipo de causas e comportamento. Em contrapartida, nos transformamos na civilização do barulho e da violência, passamos a ignorar o outro, nos transformamos em pessoas cada vez mais centradas em si próprias, desconfiadas e inseguras, haja vista os índices que demonstram o quanto a vida se tornou banal diante da morte. E se a vida, que é sem dúvida o bem mais precioso do ser humano, se tornou banal, o que dizer da motivação que leva alguém a atentar contra ela? Simplesmente inexiste, é gratuita e cada vez mais desproporcional ao nosso parco sentimento de segurança” reflete Silvio.