As deformidades existentes no asfalto dos corredores de ônibus de várias avenidas da Zona Leste têm preocupado tanto os passageiros como os próprios motoristas dos coletivos. Isto porque os acidentes envolvendo trólebus e veículos a diesel têm aumentado consideravelmente, mesmo após a Prefeitura ter investido em recapeamento asfáltico. Para especialistas em urbanismo, a Secretaria de Infraestrutura e Obras e a São Paulo Transporte (SPTrans) estão se equivocando no tipo de piso utilizado nas pistas exclusivas.
REVITALIZAÇÃO
Paula Zanelato, por exemplo, que desenvolveu o projeto de revitalização da Avenida Conselheiro Carrão, afirmou que o material oferecido pela Superintendência de Usinas de Asfalto é ruim para as faixas de ônibus, pois não suporta altas temperaturas e nem o peso dos coletivos. Para ela, o secretário dos Transportes, Jilmar Tatto, precisa repensar o tempo e o dinheiro empregados nesse sistema de recuperação asfáltica. “Gastamos muito e não temos garantia, pois em menos de uma semana o piso está todo ondulado ou esburacado”, salienta Paula.
ONDULAÇÕES
A urbanista lembrou que a verba deveria privilegiar uma base de concreto, ferragens para amarração e por último o asfalto ou pedras porosas dando mais segurança aos ônibus, principalmente em dias de chuva. Conforme Paula, a Prefeitura poderia pensar em um material mais duradouro, ao invés de ter de remendar o piso a cada 15 dias. Para o motorista de ônibus, César Vasconcelos, em alguns corredores a atenção necessita ser redobrada já que as ondulações podem prejudicar e até mesmo causar graves acidentes aos condutores e aos passageiros.
Como o perigo é iminente, esta Gazeta questionou a SPTrans com relação ao tipo de material utilizado nos corredores quando há recapeamento. Com relação a isso, a São Paulo Transporte afirmou ser o mesmo asfalto usado também nas ruas.
A partir disso a reportagem perguntou: o que costuma deformar o piso recapeado?
SOBRECARGA
Segundo a autarquia, o que deforma o asfalto normalmente é a sobrecarga. Com o aumento do tráfego de veículos pesados, o piso empregado acaba danificado. Em alguns casos, entre os quais o da Avenida Celso Garcia, por exemplo, há o fato de a capa asfáltica ter sido executada sobre uma camada de paralelepípedos, sem que a base e ou a sub-base do pavimento tenha sido executada de modo a suportar grandes cargas.
Ao admitir o problema a SPTrans informou que para diminuí-lo a solução é a troca da chamada base e sub-base (camadas que estão abaixo da capa asfáltica) do pavimento e, em alguns casos, até mesmo a troca do solo.
CONCRETO
Diante da nova perspectiva, este semanário indagou a autarquia sobre a possibilidade de se investir em outro tipo de piso. Neste sentido, a SPTrans adiantou que todos os novos corredores já estão projetados com pavimento rígido (concreto). O corredor Inajar de Souza, por exemplo, que já está em obras, contempla a troca do pavimento flexível (asfalto) por rígido (concreto). No caso da Avenida Celso Garcia, onde deverá ser construído um novo corredor, a faixa de ônibus à direita, hoje de pavimento flexível (asfalto), deverá ser substituída por faixa à esquerda, de pavimento rígido (concreto). Os demais existentes estão sendo estudados.
PARALELEPÍPEDOS
Com relação ao Tatuapé, entre outros bairros, a São Paulo Transporte revelou que a Celso Garcia possui um dos maiores índices de tráfego de veículos pesados da cidade. Por se tratar de um pavimento antigo, de paralelepípedos, que permanece sob a camada de asfalto, e pela proximidade do lençol freático com a superfície, a capacidade de suporte e de vida útil do pavimento foi reduzida.
USINAS DE ASFALTO
A Superintendência das Usinas de Asfalto ressaltou que, em 2013, executou um reparo na avenida como medida provisória até a liberação da licitação que prevê a reconstrução do pavimento com concreto armado. Em se tratando de novidades, a autarquia relatou que algumas vias de grande tráfego estão recebendo um novo material, mais resistente e flexível, chamado de SMA (Stone Matrix Asphalt/Mistura de pedra asfáltica). Esse pavimento pode suportar o trânsito mais intenso de forma a se desgastar menos. O material é o mesmo utilizado no autódromo de Interlagos e leva fibras de nylon de alta resistência, que ajudam a aderir um pedrisco ao outro de forma mais resistente.
Parabens à equipe da Gazeta por esta reportagem. Simples e objetiva abordando muito bem o assunto além di que entrevistaram os setores diretamente responsáveis pelo assunto.