Sujos, quebrados e pichados, os orelhões, administrados pela empresa Vivo, são usados para anúncio de sexo por casas de prostituição e garotas de programa. Espalhados em ruas e praças e, muitas vezes com partes arrancadas, os equipamentos não cumprem mais o papel importante que tiveram até meados dos anos 2000.
Agora, os aparelhos são sinônimo de “emergência”, quando o celular fica sem bateria ou sofre alguma pane. Nesse sentido, o orelhão ainda faz a diferença. No entanto, existe aí a dificuldade de se encontrar os que estão aptos para o uso, além da árdua tarefa de achar um lugar que venda o cartão telefônico.
PEÇAS DE DECORAÇÃO
Na verdade, a quase totalidade dos equipamentos transformou-se em peças decorativas mal cuidadas e em obstáculos às pessoas idosas ou com algum tipo de deficiência. Fixados nas calçadas, tanto os aparelhos quanto as cabines atualmente ainda servem de painel para anúncios de animais perdidos ou à venda, e até mesmo pessoas desaparecidas. Ou seja, a sua finalidade principal passou a não existir.
Outra questão está ligada à falta de limpeza. Mesmo que alguém quisesse utilizar os aparelhos, eles não oferecem qualquer condição de higiene. Inclusive alguns estão cobertos por materiais como tintas, óleos ou graxa.
REALIDADE
De acordo com pesquisa de 2017, da Fundação Getúlio Vargas, (FGV), o Brasil superou a marca de um smartphone por habitante e hoje conta com 220 milhões de celulares inteligentes ativos. Para o pesquisador Fernando S. Meirelles, da FGV, o número de aparelhos não deve aumentar nos próximos anos. Segundo ele, deverá crescer a venda de smartphones, mas dificilmente haverá a média de dois smartphones por brasileiro. Para Meirelles, o brasileiro está em fase de troca de aparelhos por modelos mais novos, mas não está interessado em comprar um smartphone reserva.
CURIOSIDADES
O formato da cabine que abriga o telefone público foi desenvolvido na década de 1970 e, por conta do desenho e do conforto acústico que propicia ao usuário, popularmente passou a se chamar de orelhão.
“Caiu a ficha”: a expressão surgiu com o uso dos telefones públicos. Antes dos cartões, para realizar uma ligação era necessário inserir créditos no aparelho. Nesta hora entravam em ação as fichas, feitas de latão. Quando o valor da ficha se esgotava, era necessário inserir outra para não cortar a ligação.