Avitória do magnata Donald Trump na campanha para a presidência dos Estados Unidos abalou grande parte da Europa e todos os países latinos. Antes dele assumir o cargo, vimos na semana anterior o dólar e o euro dispararem, exigindo três interferências do Banco Central na tentativa de controlar o valor das moedas.
Para o presidente Michel Temer, ter Trump como presidente não mudará em nada a relação do Brasil com os EUA, será? Quando Barack Obama esteve no Brasil, surgiu a ideia de até se tirar a necessidade do visto americano para o brasileiro entrar lá.
Foi uma grande festa, principalmente para quem gosta de comprar em Miami ou ir à Disney. No entanto, agora, já não sabemos se aquela proposta será válida ou se os brasileiros que vivem lá terão de fazer suas malas e refazer seus planos.
Sabemos que o povo americano não põe a mão na massa, não faz o trabalho “sujo”. Que a construção do país foi possível por conta da mão de obra estrangeira. Porém, Trump defende que latinos, indianos, chineses e outros povos estão tirando as vagas de emprego de quem nasceu lá.
Mesmo com Obama, o Brasil travava uma luta intensa para fazer com que os nossos produtos entrassem nos Estados Unidos. Com taxações absurdas, os americanos sempre tentaram comprar a “preço de banana” a produção vinda de outros países, principalmente daqueles que estão em desenvolvimento.
A verdade é que ninguém sabe direito o que irá acontecer. Diante desse quadro, o ministro José Serra, das Relações Exteriores, será o nosso porta-voz junto ao novo governo. Ele terá de estreitar laços com os EUA ao mesmo tempo que Trump começará a montar sua equipe de governo. O Brasil, um dos responsáveis pela maior renda turística aos americanos, não pode ser simplesmente descartado como parceiro comercial.
Nós sabemos disso, nossos políticos deveriam saber disso, mas e o novo presidente da maior potência mundial, o que sabe a respeito do Brasil? Dá até medo de ouvir a resposta. Portanto, nossa “República de Bananas”, como Trump deve imaginar ser, terá de ser reapresentada e com muito vigor, pois agora iremos tratar com o “rei” do business.
Dono de uma grande rede de hotéis e forte investidor na área de construção civil, Trump sempre soube fazer negócios. Sendo assim, o Brasil também terá de tratar de se fortalecer para não mandar seus representantes aos EUA com o “pires na mão”, pois, se assim for, nos tornaremos presas fáceis e teremos de aceitar tudo, sem ressalvas.
Vamos torcer para que o presidente americano tenha usado uma máscara durante a campanha, que tenha criado um personagem de impacto para chamar atenção de seus eleitores. Que aquela ideia de separar os Estados Unidos com um muro e de deportar estrangeiros seja parte de seu marketing político. Caso contrário, será complicado suportar a alta sufocante do dólar.
Com muitas empresas quebradas e o Real em desvantagem, o Brasil, como principal representante da América Latina, terá de se comportar como país empreendedor, que se reinventa e que sempre tem alternativas para a retomada do crescimento. Agora travaremos um embate com o desconhecido. Com isso, teremos de surpreender Trump com o nosso mercado de lazer, turismo, agronegócio e de outros produtos já consolidados na Europa e na Ásia. Temos bastante trabalho pela frente.