Parece que não tem fim: começou em Brasília e se espalha como uma verdadeira peste em todo País. Nem vamos comentar a CPI do “Cachoeira”, até porque já virou um embate meramente político. Ninguém está muito preocupado em investigar coisa alguma, e quanto mais se investiga, mais “lama” aparece e atinge a todos. Isso complica a vida dos partidos.
Vamos falar do mais novo dos acontecimentos; nem falamos em escândalos, porque envolve um dos mais respeitáveis vereadores da capital de São Paulo, um verdadeiro ídolo do esporte nacional, um campeão olímpico e que deveria ter sua imagem venerada: trata-se de Aurélio Miguel.
Sem sombra de dúvidas, nos recusamos a acreditar que ele possa estar envolvido em alguma coisa. O respeito e admiração que nós e o povo temos por sua pessoa, não permitem que se levante qualquer suspeita, afinal, defendeu as cores do Brasil, enrolou-se em sua bandeira e cantou o hino em lágrimas, demonstrando toda sua devoção e amor ao País e à sua gente. Sem sombra de dúvidas que suas atitudes são irrepreensíveis. Assim queremos crer, até prova em contrário, porque nos recusamos a acreditar.
Só pode ser uma represália da turma de choque do Kassab de quem o vereador é desafeto. Aurélio Miguel foi um dos principais atletas do Brasil: em 1988 ganhou, como judoca, medalha de ouro nas Olimpíadas de Seul; em 1996, foi bronze em Atlanta. A acusação que repousa sobre ele é de usar a CPI, aquela que tratou do IPTU, para achacar shoppings. As testemunhas dizem ao Ministério Público que Aurélio tomava R$ 200.000,00 de cada empreendimento para omitir nomes de relatório.
Vejam que o resultado da CPI, comandado por Aurélio Miguel, trouxe bons resultados para a cidade. Ao todo houve registro de lançamentos inadequados em 20 mil processos. Os novos lançamentos permitiram uma arrecadação de IPTU de R$ 180 milhões. Nada mal!
O Ministério Público, que hoje é o quarto poder no País, investiga esse suposto esquema. Foram ouvidas duas testemunhas que acusam o vereador; na verdade a denúncia é em represália, não só a sua oposição a Kassab, no que ele está sendo correto, pois Kassab, como se sabe, não governa o município há quatro anos, mas, também, na investigação sobre o possível enriquecimento de Hussain Aref Saab, ex-diretor do Aprov, que é o setor da Prefeitura, responsável pela aprovação de empreendimentos com mais de 1,5 mil m2 na cidade de São Paulo, o qual teria comprado mais de 106 apartamentos durante o tempo que ocupou a direção desse órgão.
Este envolvimento acabou surgindo quando a ex-diretora do grupo Brookfield, Daniela Gonzales, entregou ao Ministério Público, notas fiscais e e-mails que sustentariam sua acusação de que o grupo pagou R$ 1,6 milhão em propinas para liberar obras irregulares nos shoppings Pátio Paulista e Higienópolis. Por outro lado, a sra. Daniela processa a Brookfield para receber R$ 3,6 milhões, pois é acusada pelo grupo de desviar recursos, que ela nega.
Como se vê, é difícil acreditar que o Aurélio esteja envolvido nisso tudo, porque por sua ilibada reputação jamais deixaria envolver-se, e tudo isso é uma guerra, onde o melhorzinho certamente “já vendeu a mãe e não entregou”.
É uma batalha, uma guerra de muita “lama”. Infelizmente é isso que ficou reduzida nossa política e nossos homens públicos. Os escândalos se sucedem e nada acontece para ninguém. O pior é que gente como o Aurélio Miguel acaba sendo envolvido nessa, manchando sua reputação. Só esperamos que ele consiga demonstrar que nada tem a ver com isso e que os responsáveis por sua acusação sejam punidos, a menos que estejamos enganados. O que seria uma decepção muito grande.