POR LUCA BASSO
O SUV cupê da BMW, X2, teve uma trajetória acelerada. Não demorou muito entre a apresentação do primeiro conceito no Salão de Paris no final de 2016, até o início da produção da primeira geração, em outubro de 2017. Agora o modelo deu um passo à frente, com o Gen 2, como é tratado internamente pela fabricante. O modelo, considerado a alternativa esportiva ao X1 – com o qual partilha a plataforma FAAR de modelo com tração dianteira – chegou agora à Europa e está confirmado para desembarcar no Brasil já no segundo trimestre deste ano. E é o fato de compartilharem a mesma estrutura que torna o X2 um sério candidato a ser nacionalizado com a ampliação da fábrica da BMW em Araquari, em Santa Catarina.
O novo BMW X2 é um carro mais inovador do que seu antecessor ao introduzir o conceito Sports Activity Coupé (SAC) no segmento de compactos. Estará disponível em motorizações clássicas, como híbrido suaves e diesel, e também em versões totalmente elétricos, rebatizados de iX2. Na Europa, os preços ficam entre 46 mil e 69 mil euros – entre R$ 250 mil e R$ 380 mil. No Brasil, os preços devem ficar entre R$ 300 mil e R$ 450 mil, mesmo patamar dos modelos X1 e iX1.
Por fora, o BMW X2 cresceu. Ele mede agora 4,55 metros de comprimento (+19,4 cm que a primeira geração), com uma largura de 1,85 m (+2,1 cm) e uma altura de 1,59 m (+6,4 cm). O entre-eixos também foi aumentado para 2,69 metros (+2,2 cm). Com isso, ganhou espaço interno na cabine, assim como no porta-malas, que teve sua capacidade aumentada para 560 litros (+25 litros) com a fileira traseira em posição normal.
Com as novas medidas, a carroceria do carro ficou, mais esbelta e isso combina perfeitamente com a escolha de tornar o design exterior ainda mais agressivo. A clássica grade dianteira – obviamente sem abertura na versão elétrica – é destacada por molduras em led e combinada com faróis com a dupla assinatura luminosa vertical. Na lateral, as alças são embutidas na carroceria, em benefício da aerodinâmica. A linha do teto cria uma silhueta coupé esbelta, com proporções típicas de um SUV cupê. Por trás, destacam-se os arcos das rodas visivelmente salientes e os ombros musculosos. Reforçam o tom esportivo os contornos horizontais das lanternas traseiras e o aerofólio com o flap Gurney, em que uma aba a 90º é instalada na parte posterior da peça.
O interior do BMW X2 tem um estilo moderno e luxuoso, com toques esportivos. No console está o chamado BMW Curved Display, em que em uma só moldura ficam agrupadas duas telas – de 12,3 e 14,9 polegadas – para as funções de painel de instrumentos e central multimídia. No console central fica um apoio flutuante, como uma bandeja, com dois porta-copos e carregador sem fio. Sob esta bandeja, há um bom espaço de armazenamento.
Os bancos foram reprojetados e podem combinar couro perfurado com partes acolchoadas, couro com Alcântara ou em de tecido padrão. Há ainda uma opção de banco esportivo. Todas trazem ajuste elétrico do assento com função de memória, apoio lombar e função massagem. O X2 traz ainda climatização automática de duas zonas, sistema de navegação BMW Maps, volante em couro Sport e operação elétrica da tampa traseira. Opcionalmente, o modelo pode receber aquecimento no volante, sistema de som Harman Kardon e teto solar panorâmico de vidro.
Sob o capô, o X2 dispõe de dois motores a gasolina. O da versão sDrive20i é um três-cilindros de 1.5 litro da mais recente geração modular da família de motores Efficient Dynamics. Ele conta com um sistema mild hybrid de 48V com 19 cv, que somado a seus 156 cv chega a uma potência combinada de 170 cv. Com ele, o X2 chega a 213 km/h e faz de zero a 100 km/h em 8,3 segundos. O outro está na versão M35i xDrive, que traz um motor 2.0 litros de quatro cilindros com 300 cv e 40,8 kgfm (nos Estados Unidos terá 317 cv). Ele empurra o BMW X2 até 250 km/h e de zero a 100 km/h em 5,4 segundos. Ambos recebem câmbio de dupla embreagem com sete marchas, mas o M35i, além de tração integral, ainda conta com suspensão adaptativa de série.
Já as variantes totalmente elétricas do BMW iX2 são a eDrive20 e a xDrive30. A primeira conta com motor apenas no eixo dianteiro e oferece 204 cv e 25,2 kgfm, com zero a 100 km/h em 8,6 segundos. e promessa de autonomia de 440 km. Já a xDrive30 tem duas unidades motrizes – uma por eixo – com 313 cv de potência e 50,4 kgfm de torque, com zero a 100 km/h em 5,6 segundos. Ambas as versões têm máxima de 180 km/h e usam a mesma bateria de 64,8 kWh. A autonomia no caso da eDrive20 é de 440 km no ciclo WLTP – 315 km no ciclo InMetro – e da versão xDrive30, 417 km no WLTP – 300 km no InMetro.
Impressões ao dirigir
Experiências divergentes
A avaliação foi definida pela BMW em um percurso misto, com cerca de 180 km, entre Milão e Piacenza. O primeiro trecho foi com o BMW iX2 xDrive30, seguida da condução do BMW X2 M35i xDrive. Ou seja: as versões mais fortes do SUV cupê. O iX2 xDrive30 correspondeu completamente às expectativas. A transmissão automática funciona sempre perfeitamente e reage bem à nossa pressão no pedal do acelerador. O tiro no modo de condução Normal não causa maior entusiasmo, mas o modo Sport impressiona bastante. A grande estabilidade do carro, mesmo em altas velocidades, chama especialmente a atenção, mas não é surpreendente por conta da presença das pesadas baterias no piso.
O interior é bem valorizado pelo acabamento, o conforto de condução é notável e os recursos ADAS permitem que o condutor viaje sem maiores estresses. A frenagem, incluindo a regenerativa, é potente. A direção é excelente, com muita agilidade em momentos cruciais e em curvas exigentes. A autonomia não é das melhores, com cerca de 4,5 km/ kWh e nesse ritmo rodoviário não chega a alcançar 300 km. De acordo com a BMW, o tempo de recarga é de 6 horas e meia em corrente alternada de 11 kWh. Em uma coluna de rede contínua de 130 kW, pode recuperar a carga a partir de 10% a 80% em cerca de meia hora.
Já a experiência com o X2 M35i xDrive é mais entusiasmante e melhorada ainda pelos bancos esportivos, mesmo sem ajustes elétricos. O som do espace no modo Sport instiga o condutor e tem correspondência no desempenho, com uma aceleração excelente. No entanto, é menos equilibrado em altas velocidades do que a versão elétrica, com rolagem lateral e pouca filtragem para solavancos e imperfeições na estrada. O consumo ficou na casa dos 9 km/l.