Parte dos moradores da Mooca, bem como os integrantes do coletivo Horta das Flores, estão reivindicando a manutenção da Praça Alfredo Di Cunto, localizada na altura do número 2.022 da Avenida Radial Leste. Segundo eles, desde 2017 existem tratativas para a efetivação de uma Parceria Público Privada (PPP) na área verde. A intenção é a construção de prédios populares da Cohab. Como forma de protesto contra o projeto, os manifestantes criaram um abaixo-assinado digital que pode ser acessado por meio do link: https://bit.ly/2XmzKHz.
TRABALHO DE 17 ANOS
Para os organizadores do movimento, a decisão da Cohab negligencia o trabalho feito há 17 anos na horta comunitária. Nela é realizada uma ação socioambiental que envolve moradores, estudantes, professores e pesquisadores da área de botânica. Conforme o coletivo Horta das Flores, o espaço conta, atualmente, com mais de 200 árvores e plantas certificadas. Sobretudo bromélias, orquídeas, paus-brasis, jequitibás-brancos, ipês, dentre outras, que foram catalogadas e identificadas, com QR Code, por profissionais da área de gestão ambiental e biólogos.
ESCOLA ESTUFA LUCY MONTORO
O lugar abriga, ainda, a estufa que já participou do Programa Escola Estufa Lucy Montoro. Aliás, são 12 canteiros de hortaliças e Panc’s (Plantas Alimentícias Não Convencionais) – destinados a aulas de educação ambiental. Por isso, o espaço recebeu recentemente o selo Sampa+Rural, da Secretaria Municipal de Trabalho e Desenvolvimento Econômico.
PROGRAMAS DE PESQUISAS
A área verde promove programas de pesquisas e ações junto a universidades da região. Elas utilizam o local para estudo de plantas, mudas nativas, bioconstrução, agroflorestal e permacultura. Participam estudantes dos cursos de biologia e agronomia. As atividades também contam com parcerias de projetos como o Verdejando, Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar), Arsenal da Esperança, Pedra 90 e o Ohquidea, que resgatou mais de 10 mil orquídeas desde 2017.
NÃO HOUVE CONSULTA
Pesquisa apresentada pelo coletivo dá conta de que a empresa responsável pelo Lote 5, referente ao terreno, foi o Consórcio Telar-Engeform. Segundo informações, o contrato teria sido assinado em junho de 2019 e teve o seu processo de avaliação prorrogado até junho de 2020. O grupo Horta das Flores relatou não ter participado de nenhuma consulta sobre o referido processo e tampouco foi informado sobre a concessão da área, tomando conhecimento apenas no final de 2019.
VOLUNTÁRIOS EM MUTIRÕES
Os trabalhos de cultivo e manutenção, que ficaram suspensos por conta da Covid-19 são feitos por voluntários em mutirões. Ademais, sempre no primeiro domingo de cada mês e em ações de manutenção semanal, promovendo atividades comunitárias na praça aberta à população e estimulando os moradores do entorno a usufruírem do espaço.
NÃO É CONTRA A HABITAÇÃO
O movimento frisa não ser contra o programa de habitação, porém, afirma que a Prefeitura deve dispor de outros terrenos ociosos e inutilizados que poderiam cumprir os objetivos de moradia popular sem obstruir as funções socioambientais dos territórios que estão ativos e promovendo educação ambiental para a população da cidade.