Com a escassez de água na cidade e, consequentemente, nos bairros da Zona Leste, o morador do Tatuapé e engenheiro civil, Roberto Massaru Watanabe, levantou a hipótese, na semana anterior, da região estar recebendo a água da Represa de Guarapiranga. Segundo ele, que já participou da construção de diversas barragens em São Paulo e em outras cidades do Estado, ao abrir a torneira de sua casa sentiu um odor característico na água que lhe lembrava o efeito químico causado pela bactéria alga azul.
DIARREIA
Ao perceber o cheiro forte, o engenheiro resolveu fazer um alerta com o objetivo de proteger a saúde dos moradores do bairro. Para Watanabe, a alga só consegue se proliferar sobre cloriformes fecais, muito comuns nas águas da Guarapiranga. Com isso, após cerca de 15 dias ingerindo o líquido, provavelmente as pessoas começariam a sentir enjoos e a desencadear diarreia e vômitos. Segundo ele, também, isto não ocorre com quem vive na Zona Sul, uma das abastecidas pela represa, porque os consumidores da água já desenvolveram anticorpos de combate à bactéria.
RIO CLARO
O engenheiro revelou que com a queda constante dos níveis do Sistema Cantareira e o colapso se aproximando do Sistema Alto Tietê, que abastece parte do Tatuapé, a Sabesp utilizaria a Guarapiranga como alternativa. “Seria uma pena, pois o bairro já foi abastecido pelo melhor sistema do Estado, conhecido como Rio Claro, cujas águas eram provenientes do Morro São Sebastião”, lembrou.
DESCONFIANÇA
Conforme Watanabe, seu argumento também teve como base o fato do Sistema Rio Claro ter sido desviado para abastecer as regiões de Mogi das Cruzes, Salesópolis, Suzano, entre outras. “Isto fez com que áreas mais próximas ao centro da cidade começassem a ser contempladas pelos sistemas Alto Tietê e Cantareira”, ressaltou. Por isso, salientou o engenheiro, atualmente fica difícil saber se a empresa de saneamento descartaria a água da Guarapiranga num momento de crise.
O OUTRO LADO
Após a denúncia do engenheiro, esta Gazeta entrou em contato com a assessoria da concessionária que, de imediato, colocou-se à disposição para analisar a água da rua onde reside Watanabe. Depois da análise no local, a Sabesp enviou uma nota sobre a questão.
A assessoria informa que o bairro do Tatuapé está sendo abastecido pelo Sistema Alto Tietê desde o fim do ano passado. Anteriormente a esse período, era abastecido pelo Sistema Cantareira, portanto, não confere a informação de que a água fornecida é proveniente do Sistema Guarapiranga.
A companhia enviou uma equipe à Rua Terra Roxa, Tatuapé, que retirou água do cavalete para averiguação. A análise do material constatou que a água está própria para consumo humano, conforme os parâmetros previstos na Portaria 2914, do Ministério da Saúde.