A dor de cabeça de quem trabalha ou mora no Tatuapé só vai aumentar quando a assunto é o IPTU. No ano da Copa, os donos de imóveis ou aqueles que pagam aluguel receberão reajustes entre 20% e 35% nas residências e comércios. Diante desta realidade, esta Gazeta entrevistou pessoas que terão de arcar com mais essa despesa extra.
APOSENTADO
O aposentado Silas Lima Franco, que mora na Rua Edmundo Xavier, recebe um benefício, do INSS, de pouco mais de R$ 1 mil. Em contrapartida, a Prefeitura lhe cobra de imposto, atualmente, quase R$ 2 mil. Como se não bastasse pagar de IPTU quase o dobro de sua aposentadoria, agora ele terá acrescentado ao seu carnê aproximadamente mais R$ 600,00. Segundo ele, caso o governo federal lhe dê um reajuste, em 2014, este será de no máximo 5%.
Trabalhando como feirante, aos 60 anos, Franco acha um absurdo receber essa sobrecarga de tributo. “Com o que eu recebo não tenho como parar de trabalhar, pois toda minha renda tem de suprir as necessidades da casa, dos netos, que também ajudo, as despesas com o transporte dos alimentos para a feira, entre outras”, explicou.
De acordo com o aposentado, a valorização dos imóveis do Tatuapé deriva mais da especulação imobiliária do que propriamente do crescimento da região em termos econômicos. “Moro no bairro desde que nasci e vejo um desenvolvimento desordenado, sem vantagens para quem reside”, salientou Franco.
EMPRESÁRIO
Para o empresário Adriano Jerônimo, que possui um supermercado no Tatuapé, o País vive uma situação complicada que reflete nas dificuldades da população em ter uma melhor qualidade de vida. Jerônimo afirmou ser, no mínimo, deselegante, por parte do prefeito Fernando Haddad, aumentar um imposto em mais de 30%.
O empresário revelou que existe a possibilidade dessa sobrecarga tributária ser repassada para o consumidor. Além disso, ele acredita que o aumento também poderá gerar um impacto negativo sobre o bairro. “Isto porque quem poderia investir na compra de um imóvel, por exemplo, vai pensar duas vezes, ou não comprará”, previu. Jerônimo lembrou, ainda, da probabilidade de algumas pessoas terem de devolver os imóveis em que vivem ou trabalham por não poderem arcar com o IPTU.
Contra a decisão da maioria dos vereadores, o empresário ressaltou apoiar a campanha da Associação Comercial de São Paulo de tentar obter a revogação da lei com base na sua inconstitucionalidade. “De um modo geral, todos irão sofrer com este aumento, pois ele poderá provocar outras consequências”, finalizou Jerônimo.
LOCATÁRIO
Luciana de Lima Daniel é locatária de um salão comercial no Tatuapé, no qual comanda um restaurante. Há dez anos na região, atualmente ela paga o aluguel do imóvel e cerca de R$ 600,00 por mês de IPTU. Com o reajuste, o valor poderia subir para até R$ 1 mil ou mais.
“A nova contribuição, com a qual teremos de arcar no próximo ano, nos fará, de alguma forma, barrar os investimentos. É difícil manter o prédio e todas as suas despesas, como pintura, portas, utensílios de cozinha, entre outros equipamentos”, afirmou Luciana.
Conforme ela, ainda, um imposto maior poderá incorrer na diminuição dos investimentos e corte de gastos. “Terei de reavaliar as minhas contas, para manter a qualidade do produto que ofereço, porém sem gastar muito. Para isso, precisarei da ajuda de todos os profissionais que trabalham comigo, na cozinha, nutrição e atendimento ao público”, concluiu a locatária.