Dentro de 14 dias, o dia pode voltar a acabar mais cedo. O horário de verão, em vigor desde 19 de outubro, terminaria no domingo, dia 22. No entanto, o governo estuda ampliar em um mês o horário de verão para economizar energia. Segundo informações do Jornal Nacional, a possibilidade é analisada diante do cenário atual de crise do setor elétrico e com os índices de chuva abaixo do esperado nos últimos meses.
“Faremos uma avaliação no dia 12 de fevereiro para que nós possamos ter uma previsibilidade com relação ao ritmo hidrológico do final do mês de fevereiro e do começo do mês de março. E aí sim tomaremos uma decisão com relação ao horário de verão”, disse o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga.
O horário de verão está em curso em onze estados das regiões Sul e Sudeste, mais o Distrito Federal. O governo espera reduzir em 4,5% o consumo de energia no horário de pico. Quando for meia-noite de domingo, o relógio deve ser acertado e voltar às 23 horas de sábado – estendendo o final de semana em uma hora.
Pela lei, a mudança no horário deve começar no terceiro domingo de outubro e terminar do terceiro domingo de fevereiro, porém, como dia 15 é carnaval, o término foi adiado para a semana seguinte para que os foliões não se esqueçam de ajustar os relógios.
O horário de verão, instituído pela primeira vez em 1931, é adotado sempre nesta época do ano para aproveitar melhor a luminosidade natural do dia e reduzir o consumo de energia, que cresce naturalmente por causa do calor e do aumento da produção industrial às vésperas do Natal.
Com o horário de verão é possível reduzir a demanda por energia no período de suprimento mais crítico do dia, entre as 18 e às 21 horas, quando a coincidência da utilização de energia elétrica por toda a população provoca um pico de consumo. Com a redução, o uso de energia gerada por termoelétricas pode ser evitado, reduzindo o custo da geração de eletricidade.
LINHA DO EQUADOR
O horário de verão só se aplica nas regiões mais afastadas da Linha do Equador. Já para as regiões mais próximas desse ponto, os dias e as noites têm a mesma duração durante todo o ano, fazendo com que essa prática alcance resultados menores ou até mesmo não alcance vantagens em economia.
COMO SURGIU?
A ideia foi lançada em 1784 por Benjamim Franklin, político e inventor americano, quando não havia ainda luz elétrica. De início, não teve muita aceitação por parte do governo dos Estados Unidos. De fato, o primeiro país a adotar oficialmente o horário de verão foi a Alemanha, em 1916, em plena Primeira Guerra, para economizar os gastos com carvão.
No Brasil, o primeiro horário de verão foi realizado entre 1931 e 1932, pelo presidente Getúlio Vargas, com duração de 5 meses. A prática vem sendo adotada sem interrupções desde 1985, com algumas diferenças nos estados e períodos de duração.
AUMENTOU
Entretanto, o consumo de energia elétrica aumentou no Brasil mesmo com o horário de verão e com a queda da produção industrial.
Quem mais consome energia elétrica no Brasil são as indústrias. Mas como a economia desacelerou, o setor foi o único que reduziu o consumo.
Já os consumidores residenciais aumentaram em quase 6% a conta de luz. E o comércio, liderou a alta: 7,7%.
O especialista em energia Fernando Camargo lembra que o horário de pico mudou no Brasil: era no começo da noite na década passada, mas hoje é no começo da tarde. Segundo ele, é por isso que a gente viveu um apagão mesmo com o horário de verão.
“Horário de verão, por exemplo, que trabalha nas pontas, você corta às 18 horas o uso de energia porque você posterga para as 19 horas. Não tende a contribuir para esse fenômeno porque o pico tem acontecido às 14 horas e não tem o que fazer as 14 horas do ponto de vista de mudanças no horário”, explica sócio da LCA consultores Fernando Camargo.
O especialista Ricardo Savoia lembra que o nível dos reservatórios está muito baixo, pior do que em 2001, quando o Brasil viveu um apagão.
“Se a situação não vier em chuvas, dentro desse período úmido, a previsão está bem aquém da necessidade. E se essa situação de hoje perpetuar pelos próximos três meses, quatro meses, basicamente a gente está na iminência de se decretar um racionamento ao longo de 2015”, afirma o diretor da Thymos Energia, Ricardo Savoia.
ECONOMIA
A economia gerada equivale a 2 mil megawatts, o equivalente a 3 turbinas de Itaipu, ou ainda o consumo de Brasília e Belo Horizonte juntas, durante o horário de pico.
O último horário de verão durou 133 dias, reduzindo em 4,6% o consumo no horário de pico nas regiões onde foi praticado (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, além da Bahia).
Houve participação de 11 estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Bahia, além do Distrito Federal.
Ao todo, estima-se que a economia tenha sido de R$ 160 milhões, em todo o País.