O secretário municipal de Esportes e Lazer, Jorge Damião de Almeida, recebeu a Gazeta do Tatuapé para uma entrevista exclusiva no Ceret (Centro Esportivo, Recreativo e Educativo do Trabalhador). O ex-diretor da TV Cultura elogiou o clube, que conheceu durante todo o período de transição de governo do Estado para a Prefeitura. Segundo ele, o centro esportivo está numa região privilegiada culturalmente, onde as pessoas têm uma consciência maior de sua preservação. Apesar disso, Damião reconheceu a existência de alguns problemas a partir do fechamento de outros centros esportivos, como o Arthur Friedenreich e o Brigadeiro Eduardo Gomes.
Mesmo assim, ele preferiu destacar sua vontade principal, que é a de direcionar o clube a ações relacionadas à saúde e ao esporte. “Para isso, temos a intenção de promover seminários em universidades, reunindo alunos e professores. Precisamos falar da importância da atividade física na vida do cidadão”, reforçou.
O secretário ressaltou que, quem está ao redor do clube é quem mais frequenta. “Sendo assim, poderíamos fazer uma parceria com a UBS mais próxima para que pelo menos dois profissionais (médico e enfermeiro) pudessem atender os frequentadores. Paralelo a isso, ainda se poderia firmar acordos com assessorias de caminhada, com o objetivo de diminuir os níveis de colesterol e diabetes nas pessoas”, propôs
“Se temos como firmar parcerias com hospitais, podemos trazer para o clube profissionais das áreas de educação física e nutrição, além de promover acompanhamentos, exames e atividades físicas orientadas. As empresas podem produzir folhetos, por exemplo, ensinando as pessoas a como cuidar da saúde. Podemos ter ginástica laboral e também criar campanhas”, vislumbrou Damião.
“Manter o Ceret é mais caro do que cuidar do Pacaembu”
A vontade do secretário de buscar colaboradores está principalmente relacionada aos gastos apresentados pelo local. “Quando cheguei na secretaria, não sabia quanto custava cada clube. Ao analisar documentos, descobri que o Ceret é o clube mais caro de São Paulo, gerando mais despesas que o Pacaembu”, espantou-se.
Conforme ele, em janeiro, o centro esportivo gerava um gasto de R$ 740 mil. Em junho, as despesas já tinham caído para R$ 597 mil. “Quiseram até gerar uma confusão, por conta disso, questionando a diminuição do número de seguranças, mas não conseguiram. Deram ênfase a essa questão, mas não falaram das câmeras. Voltaram a tocar no assunto do furto de rodas, porém o caso era de 2016”, relembrou. O secretário relatou estar tudo resolvido, com todos os serviços essenciais sendo atendidos. “Hoje temos, durante o dia, dez seguranças e à noite, cinco, com mais 16 câmeras, que é suficiente para atender as necessidades do local”, apostou.
Diante do quadro econômico, o secretário adiantou que avalia até a probabilidade de fechar alguns clubes. “A irresponsabilidade de alguns está gerando a minha atitude agora. Sem segurança é preferível fechar para não ter problemas futuros. A questão do custo é fundamental”, avaliou.
“O clube é um espaço de eventos ou de esporte?”
Outro ponto que ele fez questão de esclarecer diz respeito à vocação do Ceret. Ultimamente o espaço vinha sendo usado para a realização de feiras de alimentação, reunião de foodtrucks e campeonatos de pipas. “Não tenho nada contra, mas eu pergunto: o centro esportivo é um espaço voltado a eventos ou para as pessoas fazerem atividade física?”. De acordo com o secretário, é necessário saber o que a comunidade quer. “Por isso, o Conselho de Usuários precisa se reunir com os frequentadores para que decidam sobre os tipos de encontros. Além disso, os membros desse grupo terão de atuar em todas as decisões relacionadas ao espaço de esportes”, avisou.
O secretário avaliou ser injusto o modelo em que os promotores de eventos pagam uma taxa de R$ 1.000,00 para a Prefeitura, e depois usam água, luz, papel higiênico, segurança, vassouras e o espaço, gerando uma despesa de R$ 10 mil. “Para quem faz gestão isto não está certo. Se gastamos um, temos de ganhar um. Ou gastar um e ganhar dois, para ter uma contrapartida social. Se vão trazer eventos para o clube, os responsáveis têm de assumir algum dos espaços por um tempo, como os banheiros, por exemplo”, sugeriu.
Para o secretário, o Ceret é um clube organizado e cada espaço tem um grupo responsável, como no tênis, no futebol, na bocha, entre outros. “Agora, pretendemos reforçar a iluminação com lâmpadas LED. Cerca de três a sete mil pessoas frequentam a área de lazer de segunda a sexta. No sábado e domingo o número pode chegar a 20 mil. Por isso, é preciso fazer a manutenção e investir”, salientou.
“Quando essas pessoas chegam, elas querem um lugar limpo, com água e banheiros em condições de uso. Por esse motivo, o Ceret precisa de ajuda. Nos 34 espaços do centro esportivo existem 185 boxes que podem ser ‘adotados’ por empresas”, pediu Damião.
“O que faziam era crime administrativo”
Sobre o estacionamento, ele disse ter ocorrido um desentendimento dos usuários com relação ao espaço. “Atualmente o Ceret possui 44 vagas oficiais, voltadas para idosos, pessoas com deficiência e gestantes. Portanto, nenhum estacionamento foi fechado. A verdade é que o terreno existente na Rua Eleonora Cintra, 1.300, não é do centro esportivo. Por essa razão, o clube não pode deslocar um segurança para cuidar do local. O que faziam era crime administrativo por desvio de função. O funcionário contratado do Ceret estava cuidando de carros de pessoas que sequer frequentavam a área de lazer. Se acontecesse alguma coisa com os carros ou com algum motorista, a responsabilidade recairia sobre o clube. Alguém autorizou indevidamente o uso do terreno. Estamos marcando uma reunião com a Prefeitura Regional Aricanduva/Formosa/Carrão para ver o que é possível fazer com o espaço. Vamos ter de tomar conta do terreno ou fazer parcerias. O Ceret não tem a função de cuidar de carros”, frisou o secretário.
Ainda sobre a área da Eleonora Cintra, Damião falou das feiras que funcionam no local. Para ele, trata-se de um tema a ser discutido com outra secretaria. “As feiras são importantes, mas deveria haver uma contrapartida, seja pelo uso da água, da energia e por conta da limpeza. Não existe a intenção de tirar o serviço de lá, que funciona de terça-feira (orgânicas) e às quintas, como sacolão”, ponderou.
Com relação ao “Espaço PET”, que foi criado dentro do Ceret e recebeu apoio de uma empresa, o secretário afirmou que irá querer saber como o mesmo funciona e o quanto a “patrocinadora” ajuda. “Se ela não estiver mais oferecendo benefícios, não há porque mantê-la. Vamos fazer um chamamento público e verificar outras interessadas”, indicou.
O mesmo vai acontecer com os personal trainers que oferecem seus serviços dentro do Ceret. Segundo o secretário, eles estão em vários parques, mas é preciso conversar sobre contrapartida. “Eles não querem lesar o clube e estão ajudando pessoas. É o trabalho deles e, de alguma forma, estão colaborando. Só é preciso organizar, pois, se aparecerem 50 profissionais, ao mesmo tempo, eles vão gerar problemas”, previu.
O secretário ainda abordou a questão das pessoas que tiram fotos no Ceret. O assunto surgiu porque uma noiva reclamou do fato de não ter conseguido registrar uma imagem ao lado de seu companheiro. Para Damião, é preciso ter bom senso, pois é melhor ter 50 noivas tirando fotos do que 50 pessoas assaltando. “Casais inspiram alegria e enquanto se utilizam do espaço estão propagando a boa condição do centro esportivo”, definiu.
Dentre os possíveis projetos futuros para o Ceret, o secretário achou ótima a ideia da área de lazer receber apresentações musicais, como de orquestras e grupos de choro. Ele também adiantou que, caso haja patrocinadores, é possível trazer corais de Natal para o clube.
O OUTRO LADO
De acordo com o ex-coordenador do Ceret, Mohamed Mourad, todo o processo de recuperação da área da Rua Eleonora Cintra foi feito com a anuência da então subprefeita da Aricanduva/Formosa/Carrão, Dilian Guimarães. “Tenho toda a documentação de que o terreno estava abandonado e conseguimos limpar, asfaltar, implantar a guarita e possibilitar a transferência das feiras livre e orgânicas para lá”, explicou. Mourad.
Ele ressaltou ainda que, durante o acordo, a documentação estava percorrendo todo o trâmite legal e todas as secretarias já haviam confirmado não estarem interessadas no terreno. “Bastava, então, retornar para a antiga subprefeitura para liberar oficialmente. Contudo, houve a mudança na administração. Agora, o documento está na mão do atual prefeito regional, Luiz Carlos Frigério”, completou o ex-coordenador.
Vejam o nivel do secretariado do Prefeito Mirim. O cara refere-se a um parque público como se fosse um “clube”. Em qualquer País do mundo, os parques são motivo de orgulho da população. Aqui, a visão torpe desses “indigestores” faz com que a coisa pública fique parecida com propriedade exclusiva de alguns. Fora que, nem de TV o sujeito entende, quanto mais de administração de Lazer e Esportes. Pêsames a todos os que escolheram o Mini “Gestor” para administrar uma das maiores cidades do mundo.
A intenção é uma só, privatizar. Pahamos impostos caríssimos e agora não teremos direito nem ao lazer. A história é velha, passa uma tremenda dificuldade para vender a facilidade. Na verdade o CERET é um lixo em comparação aos diversos parques que já visitei em outros países. Não há efetivamente uma política voltada ao esporte e lazer de forma eficaz. Querem esfrangalhar a população cobrando mais impostos e diminuindo o retorno em investimentos.