A rede de esgoto do Tatuapé está sobrecarregada. A afirmação é compartilhada não só por técnicos da área de hidráulica e por engenheiros, mas por boa parte dos moradores da região. Isto porque, ao caminharem pelas ruas do bairro, as pessoas conseguem apontar o problema de imediato pelo mau cheiro que exala das bocas de lobo. E sem medo de errar, elas distinguem a área mais baixa do Tatuapé, onde estão as avenidas Radial Leste, Celso Garcia e Salim Farah Maluf.
ALTERNATIVAS
Quando os moradores se referem às ruas, cujo odor chega a ser insuportável em dias de forte calor, destacam, entre outras, a Antonio de Barros, Monte Serrat e Francisco Marengo. O problema chega a ser tão grave que interfere no aumento da clientela de alguns restaurantes do bairro. Com isso, alguns buscam alternativas como cobrir as bocas de lobo no período entre 12 e 15 horas, lavar a calçada ou passar uma quantidade mais concentrada de desinfetante na porta do estabelecimento.
MANHÃ E NOITE
Para o engenheiro Roberto Watanabe, a sobrecarga ocorre, geralmente, nos períodos da manhã e da noite. Ou seja, antes das pessoas saírem para trabalhar ou quando retornam. “Nestes momentos, centenas de moradores usam a rede de esgoto ao mesmo tempo. No entanto, o sistema não tem capacidade para receber a quantidade de material que é lançada”, avalia. Segundo ele, ainda, a implantação de novas tubulações não acompanhou o crescimento do Tatuapé. Com isso, o trabalho da Sabesp acaba sendo emergencial e não planejado.
COLAPSO
Por conta de uma preocupação cada vez maior dos moradores com relação à ocorrência de um colapso na rede, esta Gazeta encaminhou alguns questionamentos a Sabesp. Perguntou, por exemplo, qual a porcentagem de casas e comércios que estão ligados na rede formal de esgoto e que tipo de solução a empresa de saneamento pretende dar a esse problema que tende a aumentar com a construção de mais prédios no bairro.
Este semanário indagou, também, sobre quantos anos de uso tem o sistema de tubulação atual do bairro, se existem projetos de remodelação em andamento e quais ruas seriam contempladas. Outras questões abordadas foram sobre a existência de punição ou não para residências e comércios sem esgoto formal, como é feita a fiscalização e se a Sabesp tem conhecimento sobre refluxo na rede.
O OUTRO LADO
De acordo com a assessoria de imprensa da Sabesp, em resposta aos questionamentos baseados nas reclamações dos moradores das ruas Antonio de Barros, Monte Serrat e Francisco Marengo, no Tatuapé, todos os imóveis das ruas citadas estão conectados a rede coletora de esgoto.
Segundo a assessoria, o problema que causava a sobrecarga e o mau cheiro era uma obstrução na rede coletora que foi identificada através de vistoria de uma das equipes da empresa, que executou a devida manutenção, solucionando o problema.
MANUTENÇÕES
A Sabesp afirmou realizar manutenções preventivas e corretivas na região visando o bom funcionamento das redes coletoras de esgoto, que apresentam média de 40 anos. Caso haja alguma irregularidade detectada neste processo, como ligação de esgoto irregular, há a notificação do dono do imóvel e se estabelece um prazo para a regularização da ligação, sempre em parceria com a Prefeitura que detém o poder de multar, caso não haja o cumprimento do prazo. A assessoria revelou que as denúncias também ajudam no processo de regularização.
REFLUXO
Conforme a Sabesp, a maioria dos casos de refluxo de esgoto é gerada pelo mau uso do sistema de esgotamento, como o lançamento de dejetos sólidos (lixo), gordura e ligações irregulares de águas pluviais. Quanto ao questionamento sobre as ações da Sabesp perante a verticalização do bairro, ela informa que antes da liberação das conexões dos imóveis na rede coletora de esgoto, são realizados estudos de dimensionamento da região e, se necessário, é elaborado projeto visando atender a estas novas demandas.