Pela primeira vez o Brasil mostra seriedade em uma ação. A Operação Lava Jato é o maior exemplo de como o País pode dar certo se houver respeito às instituições. Todas as investigações realizadas até agora comprovaram que políticos e grandes empresas estavam, e muitas estão ainda, envolvidas em um verdadeiro propinoduto, gerando bilhões de perdas para os nossos cofres.
Tentar barrar esse trabalho agora é ir de encontro a um novo Brasil que surge, apesar de tantas mazelas e de muitos brasileiros ainda acharem que devem levar vantagem. A classe política foi definitivamente posta à prova. Mesmo que deputados e senadores não se importem, e se escondam atrás de seus escritórios de advocacia, a hora de cada um não tarda a chegar.
No jogo político da corrupção não há governo e oposição. Todos serão tratados da mesma forma pela Polícia Federal. Isso é bom porque, apesar de muitos buscarem o foro privilegiado, não há como ir contra os fatos. O ex-presidente Lula, por exemplo, está tentando se eximir de todas as maneiras de suas responsabilidades. No entanto, os peritos da Lava Jato continuam trabalhando incansavelmente reunindo provas. Sua condenação, ou não, se dará diante de documentos e não de boatos ou de “bravatas”, como ele mesmo gosta de dizer.
Os mesmos documentos que estão comprovando a participação de grandes conglomerados frigoríficos na rede de corrupção desde 2014. As investigações estão em curso, mas já é possível perceber que ninguém está ileso. Ministros, secretários, assessores e afins correm de um lado para o outro sem saber o que vão fazer ou o que irá acontecer nos próximos capítulos. Muitos estão caindo pelo caminho e outros se seguram enquanto podem.
Só na semana passada, o procurador geral da República, Rodrigo Janot, entregou mais de 300 pedidos de investigação ao Supremo Tribunal Federal, com base nas delações. Mais um sinal de que, por enquanto, o poder judiciário está agindo de maneira livre e coesa, no sentido de colocar às claras todas as tentativas de se lesar a população.
Mostra também, o quanto deveríamos ser mais responsáveis quando apostamos em partidos ou em pessoas durante a eleição. Isso porque, dentro dessa lista de nomes com certeza há homens ou mulheres que acreditávamos serem nossos representantes no Congresso ou no Senado. Qual é nosso papel diante desses fatos? Devemos cruzar os braços, pois eles sabem o que nós queremos? É óbvio que não. A prova está no fato de que saímos às ruas, gritamos, batemos panelas, apagamos e acendemos luzes, carregamos faixas de protesto e ninguém ligou.
Depois disso ainda somos supreendidos com a notícia de que nossos nobres congressistas querem mudar a legislação eleitoral e também anistiar a prática do caixa dois. O que isso quer dizer? Que delegamos poderes, mas esquecemos de mostrar a nossa vontade. E isso fica muito claro quando ouvimos o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, dizer que existe um latente conflito de interesses entre a sociedade e os parlamentares.
Infelizmente, vemos homens no Congresso cujos interesses financeiros estão muito distantes da realidade dos pobres mortais ou bobos da corte, como diria Marcelo Odebrecht. Isso tem feito muitos brasileiros desistirem e irem embora para outros países. Contudo, a maioria não tem a mesma oportunidade. Sendo assim, é preciso ir fundo na ferida e expurgar tudo o que for preciso.