Eles participaram de uma conversa com Fernando Mello e Gustavo Partezani, que falaram sobre o Arco do Futuro e a Operação Urbana Mooca-Vila Carioca
Na última quarta-feira, dia 17, Fernando Mello Franco, secretário municipal de Desenvolvimento Urbano de São Paulo, e Gustavo Partezani Rodrigues, diretor de Desenvolvimento da São Paulo Urbanismo, estiveram na sede da Distrital Mooca da Associação Comercial de São Paulo para falarem, respectivamente, sobre o Arco do Futuro e a Operação Urbana Consorciada Mooca-Vila Carioca.
EQUILÍBRIO
Com a proposta de um planejamento estratégico que visa equilibrar a infraestrutura da cidade a partir da geografia dos rios, reorientando o desenvolvimento urbano, econômico e social, o Arco do Futuro integra obras viárias, criação de polos de emprego, novas soluções urbanísticas de moradia e de convivência, além de investimentos em transporte e a criação e recolocação de equipamentos públicos.
Inserido no programa de metas da Prefeitura e um dos principais projetos de Fernando Haddad, o perímetro do Arco do Futuro combina três elementos estruturantes no processo de formação da cidade: os rios Pinheiros e Tietê, que drenam as principais bacias hidrográficas; as ferrovias, que determinaram a localização das estruturas produtivas ao longo dos séculos XIX e XX, e a presença de antigas áreas industriais, cuja reestruturação abre espaço a um novo aproveitamento pela cidade.
DESAFIOS
Elementos estes presentes em parte dos bairros da Mooca, Ipiranga e Vila Prudente. As regiões se expandiram a partir do rio Tamanduateí, um dos eixos a ser trabalhado pelo Arco do Futuro, e acabaram por formar um dos principais meios de ligação da região metropolitana.
“Há muito que ser discutido. É importante ouvirmos as demandas de todos que moram e trabalham nestas regiões, para melhor adaptarmos as propostas e assim reequilibrar as ações futuras. O resgate e a preservação da história também serão levados em consideração, assim como a geografia da cidade e de suas bacias hidrográficas. O objetivo é equilibrar a demanda de emprego entre as regiões mais produtivas e as mais carentes. Entre elas, as avenidas Jacu-Pêssego e Cupecê, hoje muito populosas, sem demanda de serviços e com baixa geração de renda. Este é um dos principais desafios”, observou o secretário Fernando Mello.
Que completou: “Estamos vivendo um período muito importante com as audiências públicas de revisão do Plano Diretor Estratégico. Isso ajudará a Prefeitura a dar as diretrizes de crescimento para a cidade nos próximos anos. Todos podem participar através do www.gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. Indiquem as áreas que demandam intervenções e o que pode ser feito para melhorar a infraestrutura local.”
INTEGRAÇÃO
Se o Arco do Futuro se resume a um território estratégico que visa reestruturar o desenvolvimento da cidade e assim resultar em uma melhor qualidade de vida para os moradores, reposicionando as vocações produtivas, pode-se, então, dizer que ele vai ao encontro dos ideiais da Operação Consorciada Mooca-Vila Carioca.
Isso porque, além de ter como princípio de trabalho as áreas industriais, a malha ferroviária e a questão hidrográfica, engloba ainda: o seu perímetro de atuação fazer parte do centro expandido, ter uma infraestrutura legível, poder compactar serviços e obter novas formas de uso na região.
Ainda em estudo (a previsão para sua conclusão era julho), os resultados da pesquisa encomendada para a Operação Urbana Consorciada Mooca-Vila Carioca só devem ser apresentados em agosto. A partir daí, serão feitas novas análises e audiências públicas para saber a sua real viabilidade.
“Ela está prevista desde 2002. Antes era chamada de Diagonal Sul. Não é um projeto ainda. Trata-se de mais um instrumento de transformação da região que está em análise. Muitas são as questões envolvidas. Entre elas, a da linha férrea que intercala trens de passageiros com trens de carga, como unir os bairros que foram separados por esta linha (10 Turquesa da CPTM) e elaborar projetos que não prejudiquem quem já está instalado nas áreas próximas. Estamos abertos ao diálogo”, comentou Partezani.
DÚVIDAS E PREOCUPAÇÕES
Os representantes da Prefeitura falaram para um auditório lotado de empresários, representantes de indústrias, entidades de bairro e associações, além de moradores. Todos se mostraram muito preocupados e atentos com os desdobramentos dos projetos, pois querem uma resposta de como ficará a região se os projetos forem, de fato, viabilizados.
O mooquense Pedro Perduca falou sobre o sistema semafórico da estação Mooca e que a mesma é utilizada somente no período noturno pelos trens de carga. “Este serviço acontece à noite, e não durante o dia, como comentado. É preciso rever o sistema de sinalização no local, que está bem deficiente”, observou. Partezani respondeu que iria levar as questões à CPTM.
Já Antonio Viotto, da Distrital Mooca, questionou sobre o destino do terreno da Esso. “Um dos grandes anseios da comunidade é transformar a área, de 100 mil metros quadrados, em sua totalidade, em um parque. Pergunto: o terreno será desapropriado pela Prefeitura?” O secretário Fernando Mello disse que há diálogos com os atuais proprietários para que seja doada/desapropriada, para o uso de todos, 30% do terreno. “Não há recursos para a desapropriação total da área.”
ÁREA INDUSTRIAL
Julio Hamilton se mostrou bastante preocupado quanto ao destino da área industrial da Mooca. “São 150 empresas que geram emprego e renda. Além disso, cerca de 10% dos trabalhadores moram na Mooca. Nossas empresas não poluem, empregam pessoas da região e estamos preocupados porque não sabemos, com todas estas discussões, se vamos poder ficar ou não. Geramos emprego, renda e, de repente, ficou tudo inserto. E agora?”, questionou.
Partezani pediu a apresentação de um documento com todas as informações das empresas e seus ramos de atividades. “A questão gera muita polêmica. Uns são contra as indústrias, outros a favor; mas também não queremos que nenhum setor produtivo seja prejudicado. Por isso, me prontifico a analisar a questão pessoalmente e convido vocês para conversar a respeito.”
CEPACS E MOINHO
João Freire, do Rotary Alto da Mooca, perguntou sobre os recursos para viabilização da Operação Consorciada Mooca-Vila Carioca. O secretário Fernando Mello explicou que ainda não há uma resposta devido à mesma estar em estudos. “Tão logo termine esta etapa e todo o tramite legal esteja concluído, poderemos responder quanto aos Cepacs.”
E, mais uma vez, a área do Moinho Santo Antonio, na Rua Borges de Figueiredo, está em pauta. Depois que a empresa Moinho Eventos deixou o local após uma decisão judicial, a comunidade mooqueense teme pelo seu destino. Para manter a preservação dos galpões históricos e da área externa, foi entregue, ao secretário Fernando Mello, um pré-projeto de ocupação do Moinho Santo Antonio. O documento, formulado pela “Comissão de Defensores do Moinho”, traz ideias e sugestões que mostram a importância e relevância do espaço não só para a Mooca, mas para toda a cidade. De acordo com os seus idealizadores, o pedido “está totalmente dentro das propostas e objetivos de se alcançar uma cidade criativa e dentro, ainda, do conceito que rege o Arco do Futuro e a Operação Urbana Mooca-Vila Carioca.
SAIBA MAIS
Quanto ao Arco do Futuro, em fevereiro deste ano, a Prefeitura, por intermédio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, tornou público o chamamento para manifestação de interesse na elaboração e apresentação de estudos de transformação urbana da área denominada Arco Tietê.
A finalidade era convocar a produção de estudos de viabilidade considerados necessários para a então denominada “Faixa Leste-Oeste” – trecho central do Arco do Futuro, incluindo as margens do rio Tietê. As empresas interessadas tiveram 60 dias para apresentar um estudo de viabilidade.
De acordo com a Secretaria, o cronograma inicial do chamamento foi cumprido, sendo os trabalhos entregues em 14 de junho. “Está em andamento a análise técnica das propostas dos proponentes que cumpriram os requisitos estabelecidos no edital de chamamento pela Comissão Especial de Avaliação. A data prevista para a publicação é 15 de agosto.”
OPERAÇÃO URBANA
No início de junho de 2012, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano contratou um consórcio para fazer a avaliação das áreas atendidas pela Operação Urbana Consorciada Mooca-Vila Carioca. Entre os focos principais, os locais industriais em processo de reestruturação ao longo do eixo ferroviário que se estende do centro até os limites entre São Paulo e a cidade de São Caetano do Sul. Neste sentido, uma das ideias é unir as áreas separadas pela passagem da linha 10-Turquesa da CPTM.
Pelo traçado apresentado no mapa da Prefeitura, a operação urbana segue às margens da Avenida Alcântara Machado, em direção ao Viaduto Professor Alberto Mesquita de Camargo, pega parte da Rua da Mooca e continua pela Avenida Paes de Barros, Rua Ibitirama, Avenida Alm. Delamare, Avenida Nazaré, Avenida Dom Pedro I, Rua da Independência e Rua do Lavares, fechando o círculo na Avenida Alcântara Machado.
Dentro deste perímetro encontram-se importantes ligações, como a Avenida do Estado, o Viaduto Grande São Paulo, a Rua da Mooca, a Avenida Professor Inácio de Anhaia Melo, além da linha 10-Turquesa da CPTM.
CEPACS
Já os Cepacs(Certificados de Potencial Adicional de Construção) são valores mobiliários emitidos pela Prefeitura, através da São Paulo Urbanismo, utilizados como meio de pagamento de contrapartida para a outorga de Direito Urbanístico Adicional, dentro do perímetro de uma Operação Urbana Consorciada. Cada Cepac equivale a determinado valor de metro quadrado para utilização em área adicional de construção ou em modificação de usos e parâmetros de um terreno ou projeto.