A frente fria que chegou ao litoral ajudou na formação de nuvens e deve contribuir para as condições de chuva generalizada até o início de fevereiro. É bom que isso ocorra, pois o Sistema Cantareira registrava 5,3% de sua capacidade na sexta, dia 23, enquanto que o Alto Tietê 10,3%.
Esta Gazeta voltou a conversar com o consultor de meio ambiente, Alessandro Azzoni, que respondeu algumas questões sobre a crise hídrica.
GAZETA: De que forma o governo pode repensar a questão ambiental para recuperar o ecossistema dos mananciais?
AZZONI: Investindo em fontes de captação de água, como os novos reservatórios em andamento, e o mais importante: tratar 100% dos esgotos para aproveitar a água dos rios, como Tietê e Pinheiros, além de despoluir a represa Billings. Assim evita-se ter que buscar água cada vez mais longe.
Não é nojento tratar a água que sujamos. A Sabesp possui tecnologia suficiente para transformar essa água em água de reúso e, num segundo momento, em água potável. O procedimento é utilizado em diversos países e temos que pensar que a água é um bem finito.
Será um processo longo para recuperar o ecossistema de mananciais do Cantareira e Alto Tietê. A fauna local que migrou para outras áreas e uma vez instalada dificilmente retornará. A fauna aquática foi praticamente extinta. A flora também sofreu mutações. Espécies que ali estavam pela abundância de águas morreram e as que persistiram não precisam de tanta água. O ecossistema foi completamente alterado por vários meses, o que torna a reparação difícil, mas não impossível, pois a reparação do dano ambiental é imprescritível.
Quando estas intervenções devem ser iniciadas? Quando os resultados vão começar a aparecer?
Algumas intervenções nos mananciais já estão em andamento e outras por vir. O processo é demorado. Os resultados deverão começar a aparecer no segundo semestre de 2016. Antes disso, somente se chover e a população ajudar economizando água. A total recuperação dos mananciais demorará muitos anos.
Como você classifica a situação dos mananciais do Cantareira e Alto Tietê?
Crítico para caótico. O Cantareira está com a somatória do volume útil mais a reserva técnica é de 5,5% (índice de quarta). Com a expectativa de pouca chuva na região, irá refletir muito pouco no nível do reservatório.
O Inpe prevê que em 2015 as chuvas ficarão abaixo da média histórica, o contrário do que precisávamos. Ficar abaixo da média, somando as altas temperaturas, potencializa a redução dos níveis dos mananciais.