Após três dias seguidos de workshops colaborativos, o “Charrette Tatuapé do Futuro” encerrou no sábado, dia 15 de novembro, a sua primeira etapa de atividades. O próximo passo será transformar algumas das principais ideias em projetos e, assim, beneficiar a comunidade com obras. A partir deste momento, todo o processo será acompanhado pela “Agência de Desenvolvimento do Tatuapé”.
“Hoje estamos fazendo o relatório final e afunilando as ideias apresentadas. Com isso pretendemos identificar para onde o bairro deseja seguir.
Dez escritórios de arquitetura já se disponibilizaram em fazer os projetos básicos que serão devidamente orçados para buscarmos os recursos onde for necessário. Sabemos que o dinheiro existe, mas ele só não é canalizado por falta de projetos”, destacou Guilherme Takeda, facilitador dos workshops e responsável por trazer a tecnologia do “Charrette” ao Tatuapé.
“Também já externamos ao secretário de comunicação da Prefeitura a nossa vontade de termos, no dia da entrega do dossiê deste seminário, daqui umas duas semanas, a presença do prefeito Fernando Haddad. Esse material com as solicitações também será repassado aos subprefeitos (Mooca e Aricanduva), ao presidente da Câmara Municipal e aos vereadores da região”, adiantou.
EXEMPLOS
Takeda em sua explanação, no segundo dia do evento, citou a cidade de Dubai, que teve um grandioso planejamento arquitetônico com a receita gerada a partir do petróleo e o gás natural, o que torna mais fácil a solução de problemas relacionados à infraestrutura.
Na outra ponta falou de Medellín, na Colômbia – uma cidade de mais de 2 milhões de habitantes, que nas décadas de 1980 e 1990 viveu aterrorizada pela atuação violenta dos cartéis do narcotráfico. Mas, que através de intervenções urbanas, investimentos em cultura, ações integradas de prevenção ao crime e modernização dos instrumentos de mobilidade urbana, foi eleita, em 2013, como a cidade mais inovadora do mundo, em uma premiação concedida pela ONG americana Urban Land.
Outro exemplo demonstrado foi a cidade de Sidney, na Austrália. Lá foi criada uma legislação em que o cidadão, de qualquer canto da cidade, deve levar, no máximo, até 30 minutos para se locomover ao centro. Isso reforça como o planejamento de mobilidade urbana pode impactar positivamente na vida dos indivíduos.
Com esses exemplos, Takeda estimulou o público a pensar em ações que pudessem ser implementadas no Tatuapé. Tanto como desenvolver melhor projetos e/ou espaços que já existam no bairro, como na criação de outros.
INICIATIVA
Com o intuito de planejar o bairro para os próximos 30 anos, a iniciativa tem à sua frente um grupo de arquitetos e empresas do bairro e conta com o apoio da Porte Engenharia e Urbanismo.
Como o projeto é aberto a todo tipo de ideia, uma das propostas consiste transformar a região em um polo gerador de emprego e renda. Entre os objetivos está evitar os grandes deslocamentos de pessoas até a Zona Sul.
“No Tatuapé há muitas oportunidades, terrenos e empreendedores com a visão de não apenas transformar o bairro em um lugar melhor para se viver, mas também de oferecer emprego e renda inclusive através da instalação de empresas multinacionais”, observou Takeda, que aproveitou para salientar que a construção do estádio do Corinthians, em Itaquera, e os projetos da Prefeitura para criar um polo de desenvolvimento na Zona Leste, vão impactar positivamente o Tatuapé.
SOBRE O CHARRETE
O projeto, mundialmente conhecido, é um sistema fortemente utilizado principalmente nos Estados Unidos, sendo, inclusive, lei em algumas cidades. Ou seja, antes que qualquer obra pública tenha o seu projeto finalizado, a mesma deve ser sabatinada durante o workshop colaborativo.
“O objetivo com esta experiência é de trazer e aprimorar o senso de comunidade para que as pessoas que não têm expertise em arquitetura e urbanismo também possam participar deste processo de criação e, posteriormente, terem a oportunidade de ver as suas ideias implementadas no bairro onde vivem”, destacou Takeda.
APONTAMENTOS
Os grupos apresentaram propostas em diversas áreas, como segurança, mobilidade, saúde, educação, sustentabilidade e cultura. Entre as ideias estão: melhorar o projeto cicloviário da região interligando as rotas aos principais pontos de lazer através de caminhos seguros para os ciclistas; resgatar a história do Tatuapé e criar um centro dedicado à sua trajetória e aberto à visitação; apostar em projetos que visem à segurança tanto dos moradores quanto dos lojistas, clientes e visitantes; oferecer mais equipamentos de saúde; criar um espaço voltado ao lazer do idoso, assim como aumentar as áreas verdes e instalar boulevards; melhorar a acessibilidade das calçadas; revitalizar as praças existentes; investir em um sistema viário eficiente e cobrar da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) projetos neste sentido; além de tornar o Tatuapé um bairro turístico.