Por mais que a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente queira aumentar as áreas permeáveis nos bairros, com árvores e áreas gramadas em calçadas, por exemplo, ainda existe um desencontro de informações entre moradores, empresários e a Prefeitura, na hora de plantá-las, retirá-las ou de fazer a reposição. Em vários pontos do Tatuapé o projeto de “calçadas verdes”, proposto pela Dersa, foi por água abaixo. Em outros, os moradores não sabem que tipo de árvore plantar, pois, quando ela cresce, destrói o passeio.
SERINGUEIRA
Um dos exemplos está na Rua Cantagalo, esquina com a Rua Joaquim Pinto. As raízes de uma seringueira de pelo menos 50 anos tomaram conta de boa parte da calçada não dando opção para o pedestre caminhar. A presença da árvore no local vai contra os princípios apresentados pelas leis de acessibilidade e mobilidade urbana e de preservação dos calçamentos, aprovada recentemente. No entanto, a Secretaria também proíbe qualquer ação sem que haja a presença de um agrônomo para fazer a avaliação do caso.
IMPERMEÁVEL
Em outras situações, as pessoas detectam que as árvores plantadas na calçada estão doentes e a Prefeitura promove a retirada das mesmas. Porém, sem informação, o proprietário do imóvel, responsável pelo calçamento, fecha o buraco com cimento, ao invés de plantar uma outra espécie de árvore no mesmo local. Desta forma, o bairro volta a ficar impermeável. Para a moradora Maria de Lourdes Avenoso, a Secretaria do Verde poderia organizar uma campanha para elucidar as pessoas sobre a importância de se investir em mais áreas permeáveis. “Atualmente os grandes comércios pensam em como vender seus produtos da melhor maneira, mas os espaços de estacionamento possuem poucas ou quase nenhuma árvore que poderia amenizar a sensação de calor”, ressalta .
TIPO DE ÁRVORE
Maria de Lourdes disse não saber que tipo de árvore poderia plantar na frente de sua casa e onde poderia buscar esse tipo de informação. Conforme o arquiteto André Graziano, paisagista da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, para conseguir o serviço do plantio, o morador deve solicitá-lo pela central de atendimento telefônico 156 ou comparecer pessoalmente à sede da subprefeitura.
Não há um tempo de espera aproximado para a realização do plantio. “Depende muito da demanda na região. Depois, um engenheiro agrônomo precisa ir até o local para ver que tipo de árvore poderia ser plantada, sem prejuízo para a rede elétrica e passagem de pedestres, por exemplo”, comenta Graziano.
FRUTÍFERAS
Além disso, nem sempre é possível realizar o plantio. Na Zona Leste, explica o paisagista, as calçadas são, em geral, estreitas demais, o que inviabiliza totalmente a arborização. O importante é que a pessoa esteja sempre atenta sobre se a calçada tem largura suficiente para comportar uma árvore, se existe rede elétrica e se, por causa disso, o plantio da árvore não viria a atrapalhar, por exemplo, a sinalização de trânsito, de ruas ou eventualmente de uma loja.
Graziano disse que as árvores frutíferas não são muito recomendáveis para as calçadas. Principalmente se as frutas forem comestíveis pelo homem. A explicação, segundo ele, é que muitas vezes as frutas atraem crianças, que se distraem e, como estão na rua, correm risco de atropelamento.