Após cometer um erro grosseiro de ter chamado Geddel Vieira Lima para comandar a Secretaria de Governo, o presidente ainda tentou fechar os olhos para a denúncia do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero. Por conta de sua inabilidade política, pelo menos cinco ministros que assumiram os cargos tiveram de sair devido à suspeita de estarem envolvidos em casos de corrupção. No caso de Calero, o ministro foi pressionado por Geddel para aprovar uma obra irregular que precisaria da autorização do Iphan.
Agora Temer volta a ficar perdido em meio às novas denúncias geradas pelas delações premiadas e às prováveis gravações que teriam sido registradas por Calero durante conversas reservadas. Tudo indica que o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, será mobilizado para dar fim ao mal entendido, se é que ele existe.
A verdade é que, sem secretário de governo, o presidente voltará a ter dificuldade de articulação com o Congresso para aprovar as reformas pretendidas por ele. Além disso, Temer vive em um fogo cruzado dentro da própria base aliada, já que temas relevantes, como o fim do “Caixa 2” em campanhas eleitorais, estão sendo relegadas a segundo plano.
É um absurdo que um crime ainda esteja sendo apoiado por diversos parlamentares. Muitos manobram nos bastidores para que a votação do pacote anticorrupção proposto pelo deputado Onyx Lorenzoni seja adiada para 2017. Outros defendem o voto simbólico, em oposição à votação nominal.
As manifestações que levaram milhões de pessoas às ruas em todo o Brasil parecem ainda não terem surtido efeito sobre os deputados. Eles agem como se a opinião pública não tivesse importância.
Outro dia uma senhora resolveu partir para cima de Eduardo Cunha no aeroporto, que foi ajudado por seguranças. Ela teve a atitude que milhares de brasileiros gostariam de ter diante de tanto desrespeito. E não estamos aqui defendendo a violência como solução para os problemas, mas deputados envolvidos em corrupção ou mesmo suspeitos devem ser punidos de forma exemplar.
Se Temer aprendeu a lição, deve pensar e repensar milhões de vezes antes de escolher seus ministros e secretários. Isso porque alguns não têm mais vergonha de constranger os próprios colegas de governo, basta falar do caso Geddel x Calero.
A falta de sensatez de grande parte do Congresso, diante do apelo popular, e o medo de sofrer com o avanço da Lava Jato, estão acuando também Renan Calheiros. Agora, mais do que nunca, o presidente do Senado pede que as votações das pautas polêmicas sejam feitas o mais rápido. Propôs, inclusive, que deputados e senadores se mobilizem para não haver recesso nas duas casas.
Só para se ter uma ideia, alguns dos projetos que podem ir à votação são: PEC do limite de gastos, Lei de abuso de autoridades, Fim dos supersalários e Regulamentação dos jogos de azar. Ou seja, o povo deve estar muito atento aos próximos movimentos e atitudes de deputados e senadores. Inclusive criar outra grande mobilização contra a hipocrisia, falta de caráter, desfaçatez e outras tantas mazelas que insistem em envergonhar o País.
Renan Calheiros, Rodrigo Maia e Temer devem se unir em torno de um novo Brasil e não de voltar às velhas práticas. Se eles ainda não sabem, não dá mais para enganar a população tão facilmente. Temos a imprensa, as redes sociais e a comunicação em nosso favor. Portanto, é melhor ficarem de olhos bem abertos, pois daqui a aproximadamente um ano, eles estarão em campanha eleitoral.