Que coisa estranha é essa! Um movimento que inicialmente reivindica casa, agora, está até metido em melhorias para telefonia móvel.
A coisa se avoluma de forma descontrolada: eles param ruas, estradas, avenidas, paralisam a vida da sociedade, fazem o que querem e as autoridades assistem a tudo, como se fosse normal. Inegavelmente a cidade de São Paulo não tem prefeito. Apenas com 17% de aprovação acho que já “jogou a toalha”, mas é cedo demais; tem menos de dois anos de mandato e já entregou a cidade aos “baderneiros”.
Vejam o absurdo que ocorreu na semana passada. Integrantes do MTST acamparam em frente à sede de uma construtora que está localizada em um prédio, onde não é só ela que o ocupa, mas outras empresas e escritórios, e fecharam a entrada, de tal forma que ninguém, mesmo os que nada tinham a ver com a construtora, pôde entrar.
O pseudomovimento fez manifestações em diversas regiões para pedir melhorias na telefonia móvel e protestar contra o processo de reintegração de posse de um terreno ocupado por cerca de duas mil famílias no Morumbi, onde, segundo o Lula, fica “azelite branca”.
Primeiro queriam o teto, agora querem o telefone e tudo sem pagar nada, tudo de graça, sem esperar na fila, como muitos estão esperando suas casas e que não serão de graça; serão pagas, dentro do programa Minha Casa “no fim da vida”, ou Minha Casa, “minha dívida”, como quiseram.
Como não há paradeiro, como o governo não faz nada e assiste a tudo pacificamente, sem sombra de dúvidas, eles acabarão tomando conta de tudo e reivindicando de tudo.
Só quem comprou uma casa com seu próprio esforço sabe o quanto custou, e quais foram os sacrifícios. Agora as pessoas querem morar de graça e não saem às ruas por vontade própria; tem gente muito boa atrás disso tudo ordenando. E o governo não faz nada, aceita pacificamente.
Sobre a telefonia, que está longe de ser uma maravilha, não é mérito de discussão do MTST, já que seu movimento tem outro objetivo.
Argumenta que o retorno das operadoras é precário, apesar de a tarifa no país ser a mais alta do mundo, fazendo exigências de investimentos no setor e melhoria do serviço. Estão querendo a volta da “reestatização” do sistema Telebrás, que foi privatizado em 1998 pelo Fernando Henrique Cardoso.
Bem-aventurada desestatização porque, naquela época, um telefone chegava a custar em algumas regiões R$ 5 mil, pois não existiam linhas suficientes. Ter uma linha era um investimento e não existia ainda telefonia móvel. Já imaginaram se tivesse continuado nas mãos do governo?
Teria sido bem mais demorada a vinda da telefonia móvel e estaríamos pagando algumas centenas de reais por um telefone.
Essa foi a primeira vez que os sem-teto fizeram um movimento por telefonia. É muito sintomático, é um início muito perigoso; agora, eles viraram “mil e uma utilidades”, servirão para tudo. Sem dúvida estão a serviço de gente muito interessada em fazer reinar a baderna.
O movimento ganha corpo, foi exitoso na obtenção de espaços públicos vazios e agora, cresce em todos os sentidos, podemos esperar dias difíceis, especialmente nas ruas e avenidas. Ainda perderemos muitas horas no trânsito em razão desse movimento que poderá levar a cidade à desordem total. Só depende das autoridades: ou corta o mal pela raiz ou deixa crescer e aí ninguém segura.