Sr. redator:
“Desde o dia 1º de abril de 2014, aproximadamente 600 funcionários que trabalhavam nos Telecentros da Prefeitura, assim como eu, perderam os seus empregos devido à não renovação do contrato entre a empresa Idort – Instituto de Organização Racional do Trabalho, que contratava todos os funcionários destes equipamentos, e a Prefeitura.
A maior parte destes trabalhadores cumpriu o aviso prévio até o dia 3 de maio de 2014. No dia 5 do mês passado, deveriam receber do Idort os direitos trabalhistas (aviso prévio cumprido em abril e as rescisões), mas não receberam nada.
O Instituto que administrava os Telecentros há mais de 8 anos, foi escolhido para tal através de licitação pública. No entanto, desde o final de 2012 nossos salários começaram a atrasar, segundo o órgão, devido a atrasos nos repasses de verbas mensais feitos pela Prefeitura. Esta situação se estendeu até 31 de março de 2014, dia em que o contrato entre o Idort e o município se encerrou.
A Prefeitura alega que quis prolongar o contrato por mais três meses, mas foi impedida, pois o Instituto estava com irregularidades na documentação. Independente desta situação, o que torna tudo isso catastrófico é que, além da cidade ter perdido este importante equipamento de inclusão social, centenas de trabalhadores estão sem receber nenhum centavo de suas rescisões trabalhistas.
O Idort alega que o último repasse que a Prefeitura fez a eles foi incompleto (esperavam algo em torno de R$ 2,8 milhões, e o valor pago foi de R$ 1,4 milhão), tornando impossível o pagamento dos direitos trabalhistas de nós funcionários. A Secretaria Municipal de Serviços, responsável pelos Telecentros, alega que fez o repasse correto, e que o Idort deveria ter um fundo de caixa para arcar com as rescisões dos colaboradores.
Devido a este impasse, centenas de famílias foram prejudicadas, inclusive estão passando necessidades. Como o Idort não pagou nossa rescisão, não podemos fazer a homologação no Sindicato, sacar o FGTS e dar entrada no seguro desemprego, todos estes direitos previstos na CLT.
Há ainda mais duas situações tão desesperadoras quanto essas, envolvendo os funcionários: na primeira alguns não puderam assinar o aviso prévio no início de abril, pois estavam em estabilidade devido às ferias recém-tiradas, e só assinaram no dia 12 de maio. Porém, não receberam até hoje o salário referente a abril. Na segunda, outros ainda estão em estabilidade e nem sequer assinaram o aviso prévio. E também não receberam mais nenhum salário, apesar de estarem ainda contratados pela empresa.
Desde o término do contrato, nós já fizemos diversas manifestações públicas, tanto na sede da Prefeitura quanto no Idort, na Avenida Paulista.
Diante da situação, o diretor-financeiro do Idort, Mario Sergio Andrade, afirmou não haver dinheiro para pagar os trabalhadores e insinuou que todos procurassem a Justiça. No dia seguinte ao protesto, o Idort publicou em seu site uma nota de repúdio à manifestação dos trabalhadores, cheia de calúnias e insinuações falsas.”
Camila Hatzlhoffer de Souza