Com a proposta de se obter um planejamento estratégico que equilibre a infraestrutura da cidade a partir da geografia dos rios, reorientando o desenvolvimento urbano, econômico e social, o Arco do Futuro, poderá ajudar a minimizar as diferenças sociais de áreas extremas, como das avenidas Jacu-Pêssego e Cupecê. Isso será possível principalmente com a oferta de empregos, serviços e moradias.
E, para alcançar este objetivo, entrou na pauta da Prefeitura a discussão da meta 123, do Programa de Metas. Dentro dela estão inseridas propostas importantes, mas que ainda geram dúvidas. São elas: aprovar a Operação Urbana Mooca/Vila Carioca, fazer a revisão da Operação Urbana Água Branca e promover o projeto de Intervenção Urbana Arco Tietê.
AUDIÊNCIA PÚBLICA
Há três semanas, durante visita à Mooca, a reportagem desta Gazeta perguntou ao prefeito Fernando Haddad sobre o andamento das propostas do Arco do Futuro e da Operação Urbana Consorciada Mooca-Vila Carioca. Como resposta, ele apenas informou que haveria uma audiência pública na próxima semana para discutir os assuntos questionados.
O encontro aconteceu no último dia 10, no Auditório Simon Bolívar, no Memorial da América Latina, e o objetivo foi apresentar as propostas selecionadas de 17 consórcios para a transformação da área conhecida como Arco Tietê. As ideias de intervenções urbanas foram recebidas após o chamamento público para a primeira fase de estudos de pré-viabilidade, feito em fevereiro e iniciado em 15 de abril. A área refere-se à “Faixa Leste-Oeste” – trecho central do Arco do Futuro, incluindo as margens do rio Tietê.
EIXOS PRINCIPAIS
Entre as propostas estão projetos estruturados em quatro eixos principais: econômico, ambiental, mobilidade e acessibilidade e habitacional. Um dos itens sugere a criação de um parque linear ao longo dos afluentes do rio Tietê, com áreas verdes. Outro conceito propõe a valorização da área com passeios para pedestres e ciclistas, com lojas e livrarias passando sobre o rio. A construção de mais de 65 mil moradias populares na região está também entre os projetos.
De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco, trata-se de um projeto para ser desenvolvido ao longo dos anos para provocar uma mudança realmente profunda na cidade. Franco afirmou também que são estudadas diversas formas de financiamentos e investimentos para as obras previstas, como créditos de operações urbanas (Cepac) e Parcerias Público-Privadas (PPP).
“A gente vai ter investimentos diretos, além de uma série de outras alternativas de captação, seja de outorga, via Cepac, PPPs ou qualquer outra forma de concessões, que a gente possa imaginar. É uma somatória de fontes de recurso, mas é muito importante ter consciência de que esse não é um projeto de um ou dois anos”, explicou o secretário.
OFERTA DE EMPREGO
Segundo o diretor de Desenvolvimento da SP Urbanismo, Gustavo Partezani, um dos objetivos do projeto para os próximos 30 anos, é aumentar a oferta de empregos e, também, de moradias e habitantes na área.
A ideia é que a região, que tem uma estrutura de transporte público, ganhe ainda mais eixos de mobilidade urbana e aumente sua população em 350 mil habitantes ou 30% a mais do que hoje, além de 150 mil novas oportunidades de emprego.
“Estamos juntando moradia, trabalho, lazer, transporte e infraestrutura. Essa é a proposta de equilíbrio do Arco Tietê”, afirmou Partezani, que apresentou as propostas e organizou os debates com os participantes.
ÁREA COMPREENDIDA
A área que compreende o Arco Tietê possui mais de seis mil hectares e está localizada entre as rodovias Anhanguera e Presidente Dutra, passando por bairros como Vila Maria, Vila Guilherme, Santana, Tucuruvi, Casa Verde, Cachoeirinha, Freguesia do Ó, Brasilândia, Pirituba, Lapa, Sé e Mooca. Na área residem cerca de 422 mil habitantes (5% dos moradores de São Paulo).
A ideia principal é aproximar a oferta de emprego do adensamento habitacional e dos corredores de mobilidade urbana no eixo do Rio Tietê. Os mesmos conceitos também estão contidos na minuta do Projeto de Lei do novo Plano Diretor Estratégico (PDE) apresentado em agosto pela Prefeitura, que passa por consulta pública e será encaminhada para discussão na Câmara Municipal.
SAIBA MAIS
Após a discussão das propostas pela população por meio de processo participativo, as empresas terão de detalhar e fundamentar o projeto apresentado na primeira fase, com estudos de viabilidade das modelagens urbanística, jurídica e econômico-financeira. Confira no endereço http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/arcotiete/ a íntegra dos trabalhos realizados até o momento.
VISITA À MOOCA
No dia 17 de julho, Mello Franco e Gustavo Partezani estiveram na sede da Distrital Mooca da Associação Comercial de São Paulo para falarem, respectivamente, sobre os projetos Arco do Futuro e Operação Urbana Consorciada Mooca-Vila Carioca, que tinha previsão para conclusão dos estudos encomendados em julho deste ano.
“A Operação Urbana Consorciada Mooca-Vila Carioca está prevista desde 2002. Antes era chamada de Diagonal Sul. Não é um projeto ainda. Trata-se de mais um instrumento de transformação da região que está em análise. Muitas são as questões envolvidas. Entre elas, a da linha férrea que intercala trens de passageiros com trens de carga, como unir os bairros que foram separados pela linha 10 Turquesa da CPTM e elaborar projetos que não prejudiquem quem já está instalado nas áreas próximas. Estamos abertos ao diálogo”, comentou Partezani durante reunião na Distrital Mooca.