Desde o início do ano, moradores das regiões do Belém e Tatuapé, organizações sociais e a Prefeitura estavam tentando chegar a um acordo sobre o direcionamento que seria dado aos baixos dos viadutos Antônio de Paiva Monteiro e Dom Luciano Mendes. Vizinhos sugeriram a construção de quadras esportivas, no entanto, a Subprefeitura Mooca decidiu concretar vários blocos de pedra nos dois espaços para evitar a ocupação por barracos. O projeto polêmico chamou atenção do padre Júlio Lancellotti, da Pastoral Povo da Rua, que pediu a retirada das pedras em meados de fevereiro. Cerca de 20 dias depois, a subprefeitura divulgou fotos de um dos locais repleto de casas de madeira.
PLANO DE QUADRA FOI ADIADO
Mesmo com tanta divergência, a própria subprefeitura havia admitido a existência de um projeto de quadra poliesportiva e que estava em andamento. Segundo o órgão, havia sido realizado um processo licitatório para realização da obra, no entanto, o contrato encontrava-se suspenso por até 120 dias, ou até que existisse viabilidade financeira dentro do exercício de 2021. Ou seja, a ideia era a de que o plano ficasse em suspenso até por volta de junho deste ano.
MORADOR PREVIU PROBLEMA
O morador do Belém, Mauricio Victoriano, havia dito, ainda no fim de 2020 que, se o local tivesse sido recuperado, iluminado e recebido traves de futebol e pintura adequada, dificilmente voltaria a ser invadido ou utilizado como área para descarte de entulho. Na mesma época, ele tinha avisado que a subprefeitura precisaria investir na fiscalização. Outro aviso registrado por Victoriano estava relacionado a uma horta abandonada em um terreno ao lado do Viaduto Antônio de Paiva Monteiro. O pedido de limpeza tinha sido encaminhado à subprefeitura, mas não foi atendido.
DESCARTE DE LIXO
Os baixos dos viadutos sempre foram pontos de ocupações por pessoas em situação de rua. Além disso, a prática ilegal de descarga de lixo e materiais inservíveis ocorria com frequência. Como os lugares ficaram sem manutenção, a PM chegou a registrar três estupros de mulheres que foram arrastadas para os terrenos. A polícia havia pedido o fechamento dos vãos com alambrados.
POPULAÇÃO DE RUA
Em 2019, a Prefeitura realizou o Censo da população em situação de rua. No levantamento foram identificadas 24.344 pessoas em situação de rua na cidade, e percebeu-se que a Mooca era a segunda região da capital com o maior número de pessoas nessa condição.
O OUTRO LADO
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), informou que a equipe de orientadores socioeducativos do Serviço Especializado de Abordagem Social (Seas) Misto Mooca realizou o monitoramento dos logradouros dos viadutos Antônio de Paiva Monteiro e Dom Luciano Mendes de Almeida em 31 de março deste ano. Conforme a SMADS, no momento da abordagem as pessoas presentes se recusaram a compartilhar os dados pessoais ou qualquer encaminhamento para a rede socioassistencial.