É constrangedor para nós, brasileiros, ver e ouvir as notícias sobre o escândalo na Petrobras. Não por conta das punições, que realmente devem ser exemplares, mas pelos homens e mulheres que se deixaram levar por um sórdido esquema de corrupção. E o pior, escancaram o cancro da desonestidade e da busca desenfreada pelo lucro fácil a qualquer custo. São negociatas, notas frias e acordos sorrateiros.
Grandes empresas que orgulhavam o Brasil pelas conquistas e por se mostrarem fortes internacionalmente, agora veem seus diretores e presidentes se expondo ao ridículo tendo que provar inocência em um jogo sujo e sem limites. É muito triste, mas ao mesmo tempo justo, porque não há como tolerar atos ilícitos fazendo o dinheiro do País ir pelo ralo.
Agora há indícios de que a empresa do ex-ministro José Dirceu estaria recebendo pagamentos, por serviços de consultoria, de empresas envolvidas na Operação Lava-Jato. Enquanto isso, o doleiro Youssef tenta se fazer de vítima dizendo ter sido uma peça de manobra do PT. Como se não bastasse, no execrável caso da compra da refinaria de Pasadena, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, revelou à PF ter recebido 1,5 milhão de dólares para deixar a transação correr livremente.
Ora, para onde foi todo o dinheiro destas negociações? Os brasileiros estão cansados de servir de chacota no exterior. Se existiu manobras, que elas sejam postas a público e que os culpados sejam levados à prisão. Quanto ao montante desviado, precisa seguir para uma instituição idônea que possa ser observada por empresas externas de ouvidoria. Não adianta retornar para os cofres públicos agora e correr o risco de ser novamente tungado.
Veja o que faz o doleiro agora, tentando se safar da culpa. Ao jogar a responsabilidade para o partido, sem dar nome aos bois, sabe que a Justiça terá mais dificuldade em encontrar um responsável. O interessante é que enquanto Youssef comprava seus imóveis e carros com o dinheiro público estava tudo bem. Diz o ditado que pau que nasce torto morre torto. Felizmente, caráter não se compra, mas se constrói às custas de trabalho e honestidade.
Se os envolvidos neste escândalo tivesse o mínimo de vergonha, registrariam os nomes de todos os participantes do esquema e devolveriam o que roubaram. Se acusados como Lula e a presidente Dilma tivessem coragem, e não ficassem presos a conchavos políticos, se posicionariam à frente para dizer o que sabem. Não existe um jogo para ver quem tem mais força ou consegue se mais dissimulado. Há, sim, a defesa de nossa história que, aliás, tem passado por momentos de extrema penúria, por conta de nossa política e daqueles que nos governam.
Parece que vivemos numa terra sem lei, em que homens de poder cometem seus crimes sabendo da impunidade. A frase parece incoerente, pois em muitos momentos essa é a realidade. No entanto, temos as leis. O problema está no fato de não se fazer cumprir. Precisamos resgatar o respeito e a dignidade. Caso contrário, continuaremos como cordeiros vigiados por lobos.