Com o passar dos anos, boa parte das praças do Tatuapé foram se tornando mais funcionais ao ganharem mesas com bancos, aparelhos de ginástica e playgrounds. Esses equipamentos favoreceram muitos frequentadores e são elogiados por terem sido implantados. No entanto, outros moradores criticam o fato desses espaços estarem perdendo ou não terem mais projetos de paisagismo. Em muitos espaços o piso é totalmente concretado, havendo só alguns quadrados para que poucas árvores possam se desenvolver.
DRENAGEM
José Carlos Vasconcelos, por exemplo, não vê motivos para que as subprefeituras ou a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente deixem de investir em pisos com drenagem (que absorvem mais água) nas praças. “O piso intertravado, considerado uma das apostas da Prefeitura para diminuir o processo de enchentes e alagamentos na cidade, não é visto em boa parte desses espaços”, apontou. Além disso, conforme o morador, o concreto estampado, utilizado em vários lugares, é escorregadio e empossa a água.
MELHOR FUNÇÃO
Para Vasconcelos, a funcionalidade, apesar de ser eficiente aos jogadores de dama e xadrez, para quem quer descansar ou àqueles interessados em manter a forma física, não oferece ao conjunto arquitetônico sua função básica. “Às vezes, inclusive, vemos espécies plantadas a esmo que, mais tarde, quebram o piso da própria praça, enroscam em fios de eletricidade ou provocam acidentes com a queda de seus galhos”, reclamou.
MAIS CUIDADO
Andreia dos Santos sugeriu que técnicos da Prefeitura revisitassem as praças no intuito de verificar a realidade de cada uma. Mesmo aquelas que foram adotadas por moradores ou empresas. “Isto porque quem vive ao lado da área de lazer trata o lugar com mais carinho do que donos de lojas interessados apenas na poda do mato e na pintura de alguns dos brinquedos, quando isso acontece”, avisou.
SANTA TEREZINHA
A moradora afirmou ficar entristecida ao ver praças como a Santa Terezinha e a Silvio Romero. Nenhuma das duas tem cor. “Na primeira, não há como negar, existe uma quantidade considerável de árvores, mas não há grama e flores. Na outra, o cimento toma conta de mais de 50% da área. Espaços gramados também não existem e, quando chove forte, a terra escorre para o cimento, de tão seca. Aí fica a pergunta: praças não precisam de jardins?”, questionou Andreia.
ESPECIALISTAS COMENTAM
Para o engenheiro urbano Vagner Landi, as praças do Tatuapé precisam de zeladoria e atenção por parte do poder público, com mais respeito ao verde, acessibilidade para pessoas de mobilidade reduzida e limpeza permanente.
Um grande problema que vemos, na maioria das praças do bairro, são deformações no pavimento causando quedas de pedestres e falta de iluminação baixa ou alta, tornando esses espaços públicos difíceis de serem utilizados para o lazer.
As áreas verdes poderiam ser melhores protegidas com gradis baixos, para que os pedestres não cortassem caminho, danificando a vegetação rasteira. A falta de drenagem urbana na região causa problemas de inundações em diversas áreas.
Faltam pisos apropriados em calçamentos, áreas internas dos imóveis e estacionamentos, não atendendo as normas da legislação vigente de uso e ocupação do solo.
Muitas praças apresentam área permeável menor que a área impermeável, que se opõe às características de uma praça onde se deveria prevalecer o verde. “Dou como exemplo a Praça Santa Terezinha, na qual a área impermeável sobrepõe em 75% a permeável, um absurdo”, reclamou o engenheiro.
Outras praças no Tatuapé, como a Silvio Romero, já merecem, há muito tempo, uma especial atenção por parte da Subprefeitura Mooca. “Nestes lugares as pessoas podem apreciar um belo jardim, uma árvore antiga e um pássaro ao ar livre. Tudo isso em troca dos impostos que pagamos por uma melhor qualidade de vida”, frisou Landi.
ARQUITETA
Já a arquiteta e urbanista Helena Werneck, traçou um paralelo entre as mudanças ocorridas com a queda da industrialização e o surgimento de mais áreas verdes. Para ela, a cidade não necessitava mais de grandes espaços para a implantação de galpões. Com isso, e o aumento populacional, se fez necessário o investimento em áreas livres, como praças e parques.
As praças, localizadas na maioria das vezes mais perto das residências, tornaram-se um complemento natural aos bairros, após a diminuição das áreas destinadas às moradias. Quanto aos parques, esses representam uma importante contribuição ao equilíbrio ambiental.
“Os dois casos mostram, na verdade, a necessidade de permeabilidade e a convivência com as árvores, bosques e pequenas áreas verdes, até mesmo em uma relação contemplativa”, explicou Helena.
Além disso, novos fatores foram acrescentados à preservação desses locais, como a participação da população em ações públicas e a criação de conselhos gestores. Com o advento dessas ações e o envolvimento maior dos moradores, agora as pessoas têm como opção a elaboração de projetos coletivos de praça.