Na semana passada, pessoas que residem no Tatuapé voltaram a levantar a questão da presença de moradores de rua em pelo menos dois pontos do bairro. Ao redor do Hospital Municipal do Tatuapé, por exemplo, existem cerca de 20 pessoas vivendo nas calçadas e sob a marquise do próprio hospital. Para José Antonio, que tem sua casa nas proximidades do HTM, é um absurdo passar pelo local e ver tanto lixo e sujeira.
Ele disse que as pessoas não respeitam o fato de estarem junto de um prédio direcionado a oferecer tratamento aos doentes. “Como pode um órgão de saúde conviver com homens e mulheres adultos fazendo suas necessidades fisiológicas na calçada por onde transitam os pacientes e visitantes? Mesmo com o perigo de contaminação a Prefeitura não tomará providências?”, questiona Antonio.
HORRÍVEL
O morador também revelou ter visto carroças com entulho, roupas, papelão e objetos jogados nas ruas Síria e Santo Elias. Na calçada da Avenida Celso Garcia, os sem-teto têm barracas apoiadas nos alambrados que cercam o HMT, fazem comida e usam o próprio passeio como banheiro público. “É horrível passar na frente de um ponto de referência em saúde e sentir mau cheiro, além de ver comida estragada espalhada pelo chão”, reclamou.
No muro da CPTM, do lado da Rua Melo Peixoto, em frente à estação Tatuapé do Metrô, moradores de rua dormem em papelões na calçada. Além disso, também mantêm seus utensílios domésticos, fogões improvisados em latões, objetos de uso pessoal e até animais de estimação. Como se trata de um ponto de passagem de pedestres, passageiros e estudantes, algumas pessoas sentem-se incomodadas com o fato de se deparar com homens às vezes despidos e bêbados.
TENTATIVA DE ESTUPRO
Uma moradora, que é mãe de uma estudante da Escola Estadual Carlos Escobar, denunciou o fato de sua filha ter sofrido uma tentativa de estupro, por volta das 16 horas, em frente à estação Tatuapé. Conforme a mãe, ela já tinha ouvido outras pessoas dizerem que o local tinha ficado perigoso após a chegada dos moradores de rua. Mesmo assim, a moradora preferiu não registrar Boletim de Ocorrência.
Há seis meses esta Gazeta já havia alertado a Secretaria Municipal de Assistência Social a respeito do problema. Na época, a moradora Regina Helena afirmou que, além dos sem-teto construírem barracos, eles faziam fogueiras na calçada. Naquele período, os moradores de rua também ocupavam a Praça Silvio Romero e os baixos dos viadutos Guadalajara, Azevedo e a Praça Pádua Dias.
ACOLHIMENTO
Na ocasião, a Secretaria informou que existiam dos pontos de acolhimento para estas pessoas, o São Camilo I e o II . Como o primeiro, que ficava na Celso Garcia, fechou, agora só está em funcionamento o da Rua Ivaí, 187 – telefone 2294-8025. Este último fica aberto 24 horas. Com capacidade para receber 200 pessoas à noite e 150 durante o dia, o local oferece banho, jantar, pernoite, café da manhã e almoço.
O órgão ressaltou, ainda, que há uma ação de identificação, aproximação, escuta e encaminhamento das pessoas que aceitam ir para a rede de proteção social. De acordo com a pasta, a finalidade é a de propiciar a saída do morador em situação de rua da região e promover o retorno ao convívio da família e da comunidade.