por Hernando Calaza
Com a chegada da sexta geração do CR-V, em 2022, o SUV médio foi praticamente foi esquecido no Brasil. A estratégia da Honda para o mercado local foi valorizar os modelos compactos, como City e HR-V, dar uma beliscada no segmento de crossovers médios-compactos com a importação do ZR-V e deixar tanto Civic e Accord quanto o CR-V, todos importados, em um patamar mais alto, trazendo a bordo uma sofisticada tecnologia híbrida e uma etiqueta de preço bastante excludente. No caso do SUV, a marca pede R$ 352.900 – preço próximo ao do Jeep Compass 4Xe híbrido plug-in.
Em parte, esse valor se deve ao fato de o novo CR-V híbrido vir da Tailândia juntamente com a tecnologia de eletrificação e:HEV. Esse sistema é um meio-termo entre o usado pela Toyota, com bateria e motores pequenos, e o desenvolvido pela Nissan com o e-Power, em que apenas o motor elétrico movimenta as rodas. De forma resumida, o e:HEV combina sempre o sistema elétrico e a propulsão térmica, mas privilegia a tração elétrica em baixas velocidades, relegando o motor a explosão à condição de gerador. Já em altas velocidades, o motor à explosão é usado para a tração e o sistema elétrico para melhorar aumentar o torque e melhorar as acelerações.
O motor a combustão é um 2.0 16V de quatro cilindros com ciclo Atkinson e injeção direta de gasolina. Ele rende 147 cv de potência, com 19,4 kgfm de torque e aciona sempre as rodas dianteiras. Ele está associado ao sistema batizado de e-CVT, que abriga os dois motores elétricos: um propulsor e outro gerador. O propulsor tem duas relações fixas uma curta e uma longa e potência de 184 cv, com torque de 34,2 kgfm e aciona as rodas traseiras, formando um conjunto AWD.
A nova geração do SUV médio japonês se destaca por elementos em preto brilhante, como a grade superior e o friso que corta as luzes e passa pela base do capô. As rodas também são escuras e mais atraentes, com um padrão estético semelhante ao da grade. Os conjuntos óticos são bem afilados e ocupam a parte mais alta da frente, o que dá um ar bem agressivo ao modelo.
De forma geral, os traços do CR-V combinam um estilo orgânico, sem quinas vivas, com detalhes geométricos como nos vincos do capô, nos arcos das rodas e na tampa traseira. O perfil traz uma linha de cintura alta e rodas aro 19, que geram uma imagem de robustez. Atrás, as lanternas em formato de L cobrem as colunas traseiras e invadem a tampa, numa solução semelhante à usada na quinta geração do modelo.
No interior, o console principal é semelhante ao do Civic, com linhas horizontais que valorizam a largura do habitáculo. Casos da grade que esconde as saídas de ar, que fica entre um friso em preto brilhante e uma guarnição com imitação de madeira – que se estende aos painéis das portas. No centro, há uma tela flutuante de 9 polegadas no alto e os comandos de controle climático com três botões. No console central, há um carregador por indução, a alavanca de marchas e os comandos de freio de estacionamento, de controle de descida e os modos de condução. Destacam-se ainda os bancos em couro, mais largos que os do Civic, e neste caso há boas decorações em madeira escovada e preto brilhante.
Em relação ao acabamento, os materiais são de boa qualidade, há couro e revestimentos macios e bons porta-objetos em todos os lugares. O espaço nos bancos traseiros do SUV é imenso, com comodidades como portas USB e saídas de ar, além de encostos reclináveis. O modelo tem ainda teto panorâmico deslizante. Por fim, o porta-malas é grande, com tampa traseira elétrica e piso alto, pois deve-se deixar espaço para as baterias e o eixo para tração AWD. Há muito espaço de armazenamento, encostos reclináveis para itens longos e uma roda temporária sob o piso.
Em relação aos equipamentos, o modelo traz estofamento em couro, bancos dianteiros elétricos, abertura e ignição sem chave, controle climático de duas zonas, central multimídia com espelhamento através de Android Auto e Apple Carplay e câmera de ré. O painel de instrumentos é 100% digital, com indicador de fluxo de energia e a área interna de cada instrumento personalizável e uma seção central com luzes-espia e monitoramento dos recursos ADAS.
Passando para a segurança, o CR-V vem com o pacote de assistência avançada, incluindo manutenção de faixa, farol alto automático, controle de cruzeiro adaptativo e frenagem automática de emergência com detecção de pedestres e ciclistas etc. Eles são complementados por 10 airbags – além dos seis tradicionais, inclui airbag lateral traseiro e duplo para joelhos na frente.
Impressões ao dirigir
Sem sobressaltos
Na lógica do sistema e:HEV, a prioridade é sempre para o uso do acionamento elétrico. Portanto, a menos que a bateria esteja muito fraca, o motor de combustão não dará partida. E quando é acionado, dificilmente se consegue perceber. Em geral, o sistema funciona de forma extremamente suave.
As coisas mudam quando se acelera forte: o motor de combustão começa a gerar corrente e fica barulhento (de acordo com o pessoal da Honda, o barulho é artificial e sai dos alto-falantes). Mesmo com um pedal pressionado até o fim, o CR-V não é rápido nem parece tão disposto a ganhar velocidade. Direção, freios e suspensões oferecem uma boa sensação, com precisão e sem sobreassistência.
A posição de dirigir é boa, com bancos largos e confortáveis, mas não muito envolventes, e oferece a típica visão dominante sobre o trânsito dos SUVs/Crossover. Com uma área generosa para todos os ocupantes, o CR-V traz diversos confortos que o colocam no topo do segmento, como ar de duas zonas, tampa traseira elétrica, revestimento em couro de primeira qualidade.