POR JORGE BEHER
A BMW confirmou nesse início de abril novos investimentos na fábrica de Araquari, Santa Catarina. Neste projeto, está incluído a montagem do X5, seu primeiro modelo híbrido plug-in a ser produzido. O SUV médio-grande anunciado vai se juntar aos modelos X1, X3, X4 e Série 3, que já saem da plana brasileira, mas terá vida curta. Ele já está na segunda fase de produção e deve ganhar uma nova geração em 2026. A nova geração certamente virá com linhas inspiradas no conceito Neue Klasse X, que é uma antecipação do novo X3, que passará a ser produzido por aqui entre 2025 e 2026. Seguindo exatamente a lógica de um desfile de alta costura, o Neue Klasse X traz alguns exageros, ainda assim dá uma boa noção das soluções estéticas que a marca alemã vai adotar.
A rigor, alguns elementos visuais já estão presentes no X1, lançado no final de 2022, e acentuadas no X2, apresentado no final de 2023. Os vincos e relevos das carrocerias de cada novo SUV ganha características mais geométricas. Como aconteceu no sedã Neue Klasse – que deve inspirar o futuro Série 3 na linha 2027 –, no Neue Klasse X os conceitos de eletrificação, digitalização e produção circular (sustentável desde a fabricação até a reciclagem), mas agora também com uma quarta dimensão, que tem a ver com chassi e capacidade de condução. A BMW pretende adotar um conjunto de quatro processadores internos, definidos pela marca como supercérebros, que vão atuar conjuntamente e calcular e atuar sobre chassi e manuseio.
O primeiro desses supercérebros integra todo o trem de força e dinâmica de condução e tem até dez vezes mais poder de computação que os sistemas atuais. O segundo permitirá o próximo salto na direção autônoma. Os outros dois cuidarão dos setores de conectividade, entretenimento e sistemas internos do habitáculo. A ideia é combinar no futuro as quatro unidades de controle principais em um único computador de alto desempenho, em busca de um desempenho melhor, com mais precisão e mais eficiência, sem ofuscar o prazer de dirigir.
Em relação ao design, a marca alemã parece estar voltando ao passado, ao que foram os primeiros Neue Klasse. Isso é imediatamente perceptível quando se vê a grade deste novo modelo, com a grade bipartida vertical com contornos iluminados, como se lembrasse os anéis de anjo, que a marca tornou tão famosos nas últimas duas décadas como. Em direção às extremidades, dois painéis fechados se alongam até as luzes diurnas, formadas por dois traços diagonais.
Os para-lamas são esculpidos, as colunas são bastante finas e há muitas superfícies envidraçadas. Na traseira, temos lanternas em posição elevada tão longas que quase se tocam no centro da tampa traseira. Internamente elas trazem luzes em led em traços diagonais. Eles lembram bastante as usadas no sedã Neue Klasse. De perfil, além das superfícies limpas, há a tradicional dobra Hofmeister, estilizada na terceira janela lateral. As linhas são mais elegantes do que as usadas atualmente. Parece que a BMW está voltando aos trilhos.
Por dentro, muitos elementos presentes no sedã-conceito são repetidos. Casos do BMW Panoramic Vision, o cluster panorâmico que fica sob o para-brisa, e do volante multifuncional de quatro raios que é quase quadrado. A interface traz ainda o assistente pessoal BMW e o 3D Head-Up Display. No conceito, a BMW apresenta o sistema Hypersonx Wheel, que ajusta o som do carro de acordo com a preferência dos ocupantes.
Em busca de ser ecologicamente amigável, BMW buscou expandir o uso de materiais orgânicos e reciclagem. Foi desenvolvido para o interior um revestimento de veludo totalmente à base de plantas e minerais e isento de óleo. Os plásticos marinhos também são usados pela primeira vez como peças moldadas por injeção. Em alguns componentes, esse material secundário, obtido a partir de resíduos de redes de pesca, já contribui com 30% do material da peça. As saias laterais, acessórios e os para-choques dianteiro e traseiro também são produzidos a partir de materiais reciclados.
Obviamente, trata-se de um conceito e como tal traz muitos detalhes são exagerados para causar impressão, mas são quase inexequíveis em um modelo de produção. Caso da espessura das colunas, que não controlariam a torção da carroceria, a quantidade de área envidraçada, que elevaria muito o peso do veículo, ou mesmo os revestimentos internos, que são aconchegantes, mas não seriam suficientemente resistentes ao uso no dia a dia.
Esta sexta e mais recente geração da tecnologia BMW eDrive apresenta novos motores e também novas células de bateria de íons de lítio, agora redondas, com uma densidade de energia volumétrica superior em pelo menos 20%, se comparada às células prismáticas anteriormente. Combinado com a transição para um sistema de 800 volts, poderá reduzir a velocidade de carregamento em até 30%. Na prática, este novo sistema oferece até 30% mais autonomia.
Em relação à aerodinâmica, o BMW Vision Neue Klasse X apresenta um novo número impressionante: com uma redução do coeficiente de arrasto de 20% em comparação com modelos comparáveis da gama atual – o X3, no caso. Novos designs de pneus e um sistema de frenagem especial para veículos totalmente elétricos ajudam a aumentar a eficiência geral do veículo em até 25%.
