Se fosse implantado no trânsito do Tatuapé, o sistema binário tornaria mão única as ruas que, atualmente, têm duas mãos de direção. Vias cujos carros estacionam dos dois lados poderiam ganhar mais faixas de rolamento e, consequentemente, aumentar a fluidez do tráfego. Além disso, o número de acidentes, relacionados a veículos estacionados em locais proibidos ou tentando atravessar cruzamentos perigosos, diminuiria. O sonho é antigo e está cada vez mais presente na realidade de moradores e comerciantes obrigados a circular pelo bairro.
CRÍTICAS
Há anos engenheiros defendem um reestudo do trânsito no Tatuapé. Para eles, grandes polos geradores de tráfego nem sempre oferecem a contrapartida para a diminuição dos congestionamentos. Ao mesmo tempo, os técnicos criticam a instalação de muitos semáforos em trechos curtos de ruas. Conforme especialistas, a região está caminhando no sentido oposto às soluções apresentadas por outras cidades.
SEM SENTIDO
O professor do Departamento de Transportes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eduardo Ratton, defende que em um município moderno, não faz mais sentido haver vias de mão dupla. Para se ter uma ideia de como os binários fazem falta, Ratton lembra das confusões causadas por motoristas, em ruas de mão dupla, que querem fazer a conversão à esquerda: os carros que vêm logo atrás precisam esperar até que os da faixa contrária deem passagem ao que está fazendo a conversão. Isso gera estresse e buzinadas.
CICLOFAIXAS
Para o urbanista Vagner Landi, com as ciclofaixas implantadas no Tatuapé o problema tornou-se pior, pois as bikes estarão ao lado do fluxo de carros em sentidos opostos, veículos estacionados irregularmente e de motoristas sobre as próprias ciclofaixas. Landi disse não concordar com a maneira como os espaços para as bicicletas estão sendo criados. Mesmo assim, aposta em um modelo mais seguro com o sistema binário.
CET
Há aproximadamente dois anos, a CET relatou que diversas medidas vinham sendo implantadas, ano a ano, na região. As ações apresentadas visaram minimizar os impactos no trânsito provocados pelo processo de verticalização residencial, sobretudo no quadrilátero formado pelas ruas Serra do Japi, Melo Freire, Antonio de Barros e Emilia Marengo.
A Companhia ressaltou que foram criadas melhores condições de segurança e fluidez no trânsito, ao promover mudanças no sentido de direção de ruas como Itapura, Serra do Japi e Apucarana, que passaram a ter mão única de direção. Além disso, a empresa ressaltou que foram desenvolvidos projetos para outros tipos de sinalizações, como semáforos, redutores de velocidade, faixas de travessia de pedestres e minirrotatórias.
Na última quinta-feira, em nova resposta a este semanário, a CET não se pronunciou a respeito do sistema binário, porém, com relação às ciclofaixas, a empresa respondeu que as que foram implantadas pela atual gestão conectam-se entre si, facilitando os deslocamentos e integrando as bicicletas como meio de transporte efetivo aos cidadãos. Para a Companhia, os projetos são realizados atendendo às características de cada local, como presença de ciclistas na via (leito veicular ou calçadas); características do tráfego: volume veicular, velocidade, composição da frota, especialmente se a via é itinerário de ônibus ou rota de caminhão; características de uso do solo: residencial, comercial, entre outras.
A CET detalhou, também, que as implantações realizadas levam em consideração os equipamentos existentes na via como escolas, praças, parques, dentre outros, e deverão ter integração com o transporte de média e alta capacidade. Os projetos estão sendo feitos preferencialmente em ruas secundárias, do lado esquerdo das vias e implantados em rotas bidirecionais. A ideia é, se possível, evitar eliminar faixas de rolamento nas vias que recebem as ciclovias.