Com base na pesquisa de textos dos historiadores Frei Gaspar da Madre de Deus, José Pedro Leite Cordeiro, Clemente A. Martins, Jaime Cortesão, Serafim Leite, Tito Lívio Ferreira, Manuel Eufrásio de Azevedo Marques e, principalmente, no livro “Origens do Vinhedo Paulista”, de Julio S. Inglez de Sousa, o historiador Pedro Abarca, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, e da União Brasileira de Escritores (UBE), afirma que Braz Cubas construiu seu rancho no Tatuapé antes mesmo da fundação de São Paulo.
COMPROVAÇÃO
A comprovação está em um conjunto de fatos históricos. Primeiro Braz Cubas conseguiu, em 1536, a doação de terras de Ana Pimentel, esposa de Martim Affonso, durante viagem a Portugal. Depois, ele descobriu que a área começava em São Vicente, no litoral, e chegava até as terras que pertenciam à coroa espanhola. Dando sequência ao trabalho de exploração, em 1537, o pai de Braz, João Pires Cubas, tentou entrar, com seus homens, na imensa faixa de terra. No entanto, foi impedido por índios. Apesar dos problemas, em 1540, homens do próprio Braz Cubas voltaram ao local e conseguiram avançar na área. Então, ao se estabelecer como dono, Braz fixou sua fazenda, localizada na Aldeia Piqueri. Portanto, com base nas informações obtidas, o Tatuapé começou a se desenvolver na cidade 14 anos antes da instalação do colégio dos jesuítas.
PLANTIO DE UVAS
Conhecedor de que a umidade e o calor não favoreceriam o plantio de uvas no litoral, Braz Cubas trouxe as parreiras para o Tatuapé onde, comprovadamente, obteve sucesso. Além disso, textos extraídos da revista do Instituto Histórico dão conta de que Braz mantinha em plena atividade a criação de gado e de porcos. Outro ponto relevante de sua história na região estava relacionado às ordens de que Braz deveria se dedicar à tarefa de buscar pedras preciosas nas terras sob sua administração.
PERDA DAS TERRAS
Ou seja, com uma grande variedade de atividades, ele se manteve com ocupações nas regiões litorâneas da cidade e também no Tatuapé até por volta de 1570. Nesse período, Jorge Ferreira, o mesmo capitão-mór que havia legalizado a posse de suas terras, concedeu a Rodrigo Alvares a posse da mesma gleba pertencente a Braz, considerando-se na época ter ocorrido um erro inconcebível por parte do capitão-mór. A partir daí, Alvares passou a morar em São Paulo, aproveitando que parte de seu roçado estava no Tatuapé.
TROCA DE MÃOS
Depois de Alvares, a Fazenda do Tatuapé passou para Luis Alvares, que a vendeu para Jorge Neto Falcão. Mais tarde, assumiu a área Antonio Alvares, que a vendeu para Martim Rodrigues Tenório. Dele, a fazenda foi para as mãos de seu cunhado, Lourenço Gomes Ruxaque que, ao falecer, teve a propriedade repassada à viúva, Isabel Rodrigues e seus filhos, Pedro, Francisco e Catarina. Esta se casou com Francisco Jorge, com quem teve mais três filhos: Maria Jorge, Antonia Gonçalves e Isabel Rodrigues.
CASA DO TATUAPÉ
Em 1664, Antonia Gonçalves perdeu a propriedade por não cumprimento de cláusulas testamentárias. A fazenda e seus bens foram confiscados pelo padre Matheus Nunes de Siqueira, ouvidor geral. De todos os bens existentes na fazenda e do grande volume de terras exploradas na época, restou uma casa que, de acordo com relatos históricos, atualmente é conhecida como Museu Casa do Tatuapé.