Após a intervenção judicial que impediu a retirada dos moradores da lateral do Viaduto Bresser e da Rua Pires do Rio, a situação de quem vive no local ficou em aberto. Além deles, outras pessoas que ocupam barracos se espalharam por ruas e praças próximas a Avenida Radial Leste e no entorno da Subprefeitura Mooca, na Rua Taquari. Segundo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), o acompanhamento das famílias é feito por meio de abordagens, assembleias, cadastros e encaminhamentos.
AUXÍLIO
A secretaria adiantou que, desde do início da ação, há cerca de dois anos, 259 famílias foram beneficiadas com o auxilio aluguel, enquanto outras pessoas foram encaminhadas para Centros de Acolhida da região. Na última tentativa de reintegração de posse, a subprefeitura afirmou ter mobilizado 25 caminhões, além de vários funcionários.
JUÍZA
No entanto, conforme o subprefeito Evando Reis, a ação foi barrada pela juíza Maria Gabriella Pavlópulos Spaolonzi da 13ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. A assinatura do impedimento ocorreu após pedido do padre Júlio Lancellotti, vigário episcopal do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, que alegou incapacidade da subprefeitura para atender a remoção.
Como a Prefeitura teria de esperar aproximadamente 60 dias, a partir do dia 15 de maio, para entrar na Justiça com novo pedido de reintegração, na semana passada esta Gazeta voltou a entrar em contato com a Subprefeitura Mooca para obter mais informações a respeito do caso.
O OUTRO LADO
Evando Reis divulgou, na última terça-feira, dia 5, que a Prefeitura está solicitando à Justiça a alteração da data da reintegração de posse do dia 24 de julho para o próximo dia 7 de agosto.
A definição de uma nova data para o cumprimento da ordem de reintegração de posse será sugerida à Central de Mandados tendo em vista que a data sugerida anteriormente (24 de julho) estaria descartada por conta da cerimônia de Passagem da Tocha Olímpica no local, exatamente neste dia. O subprefeito afirmou que todos os cadastramentos na Bresser já foram realizados e as famílias foram enquadradas nos benefícios sociais e habitacionais. Quanto a zeladoria, ele salientou estar dentro da normalidade e sendo feita habitualmente. Por fim, Reis revelou que, quando a área for desocupada, será criado um projeto de recuperação e revitalização da área.
ASSISTÊNCIA
Atualmente a rede socioassistencial conta com 76 Centros de Acolhida que juntos disponibilizam cerca de 10 mil vagas. Além deles, a Prefeitura instalou diversas tendas pela cidade, aproveitando as mesmas utilizadas durante a campanha contra a dengue.
Na região da Bresser e Belém foi criado o Centro de Referência Especializado de Assistência Social para População em Situação de Rua (Centro Pop) com Núcleo de Convivência na Rua Cajuru 362/374. O novo espaço oferta refeições, além de serviços como a lavagem de roupa, banho, atendimento social individual e em grupo, atividades socioeducativas e encaminhamentos para rede socioassistencial. Três novas Repúblicas para Adultos foram implantadas na mesma região. Duas na Rua Antonio Macedo e uma na Rua Melo Peixoto, 593. Os espaços podem receber até 15 homens em cada serviço.
BRIGAS
No Largo São José do Belém, moradores vivem problemas relacionados a homens que ficam peranbulando pelo local. Até os policiais militares da Base Comunitária passaram a ter de trabalhar mais para separar várias brigas que ocorrem entre os moradores de rua.
CENSO
De acordo com o censo de população de rua divulgado pela Prefeitura, com base em dados da Fipe, 15.905 pessoas vivem nesta situação, sendo que 8.570 são atendidas pelos serviços de acolhimento. A última pesquisa envolvendo este grupo, realizado em 2011, apontava para a existência de 14.478 pessoas pelas ruas da cidade. Na comparação com os períodos de 2000-2009 e 2009-2015, a taxa de crescimento anual caiu pela metade, de 5,14% para 2,56%.
HOMENS
A maioria dos moradores de rua é formada por homens. São 13.046 do sexo masculino e 2.326 do sexo feminino. A média de idade é de 39,7 anos para aqueles que pernoitam em vias públicas e de 42,7 anos para os acolhidos na rede de assistência social. A idade máxima é de 86 anos para o primeiro grupo e de 94 anos para o segundo.