Sr. redator:
“Como moradora da Rua Ivaí aponto a localização do albergue existente no mesmo endereço como um grande causador de problemas. Estou ciente sobre o trabalho social que uma instituição como esta deveria executar. O que causa descontentamento é a total falta de controle da casa.
Os albergados são proibidos de ficarem sentados na porta da instituição, mas nada os impede de ficarem sentados ou deitados em todo o entorno, causando desconforto a todos os moradores. As constantes brigas e ameaças dentro da própria instituição, traz com frequência a polícia em grande quantidade de viaturas para apartarem tais contendas, isto também trazando constrangimento e receio de agressões ou tiros.
Fizemos solicitação diretamente à instituição para melhor controle do pessoal, mas nada foi feito. Os albergados mudam com frequência e não há como reconhecê-los entre bandidos e drogados que se espalham em toda a rua. Se isto for reconhecido como preconceito, esclarecemos que ninguém aceita de boa vontade pessoas maltrapilhas e visivelmente bêbadas ou drogadas no seu convívio diário. Para isso, a instituição deveria atuar na melhoria destas pessoas, o que não ocorre.
Se são moradores de rua da região, porque essa instituição não se localiza numa marginal, onde não há residências e onde há mais moradores embaixo dos viadutos e pontes? Por que uma instituição que traz tantos receios à população é encaixada no centro de tantas residências, numa rua onde não há nenhuma saída, a não ser passar em frente a essas pessoas?
Nós cidadãos, que pagamos impostos, e que vemos nosso dinheiro malaproveitado, para manter uma instituição em que os próprios beneficiários reclamam, nos vemos no direito sim de questionar a existência, a localização e a forma como é conduzida e administrada essa entidade.
Se houvesse uma real vontade de contribuir com a sociedade, o governo deveria manter um programa para conseguir trabalho para essas pessoas, varrendo a rua que eles mesmos sujam com suas necessidades, roupas e objetos que ficam largados em toda a via.
O que vemos são indivíduos sadios que nada fazem e que, recebendo tudo gratuitamente, ainda reclamam da própria instituição, além de assaltarem, amedrontarem e inibirem os moradores. Conseguem dinheiro para comprar drogas e bebidas, mas não têm condições de comprar um prato de comida? A mendicância está cada vez maior e essas atitudes da Prefeitura contribuem para aumentar a vadiagem, pois nada é pedido em troca para esses albergados.
Sei que alguns são realmente impossibilitados, pois têm problemas mentais ou idade avançada, mas exceto essas condições, a maioria é formada por homens sadios. Comparo com os estrangeiros que têm chegado em nosso País e que se sujeitam a qualquer tipo de trabalho para sobreviverem, alugam quartos em condições precárias, sendo até explorados em trabalho escravo, enquanto estes moradores de rua nada fazem.
Continuamos a dizer sim que a rua está suja, pois a varrição também não é frequente e, quando é feita, não se preocupam sequer em olhar para as calçadas, que estão mal frequentadas e perigosas. Tanto que a polícia tem passado com mais frequência interpelando esses desocupados que passam o dia largados nas calçadas. O albergue deveria se ocupar em fazer o serviço social completo e não impor o mal gerenciamento e descontrole aos nossos olhos.”
Elci Biondillo
