Os furtos de objetos dentro do Cemitério da Quarta Parada, no Belenzinho, continuam ocorrendo. A vítima mais recente foi o morador do Tatuapé e aposentado, Amleto Botter, cujo jazigo da família é mantido no local desde 1924. Segundo ele, os suspeitos levaram um cristo e 14 placas de metal. “Cheguei a colocar portões de bronze duas vezes no túmulo, mas os dois foram subtraídos. Agora, decidi instalar um de ferro para que o prejuízo seja menor, caso também seja furtado”, reclamou.
Para Botter, pela quantidade de impostos que paga, a Prefeitura deveria oferecer uma contrapartida ao cuidar de seus equipamentos públicos. Conforme o morador, o Serviço Funerário deveria investir em segurança ou cobrar mais rondas da Guarda Civil Metropolitana. “Quando fui fazer fotos do jazigo sem as peças, dois funcionários do cemitério ficaram ao meu lado para saber o que eu estava fazendo. Mesmo sendo a vítima, me senti ameaçado”, contou.
“Existem furtos porque alguém recepta”
Outro problema levantado por Botter dizia respeito aos receptadores e às quadrilhas especializadas nesse tipo de crime. “Só existem os furtos por conta de quem compra o material subtraído. Por isso, a questão precisaria ser investigada com mais cuidado”, sugeriu. O aposentado também revelou seu desânimo ao afirmar ter contratado um zelador para manter o jazigo conservado, mas a Prefeitura não faz a parte dela.
MAIS RECLAMAÇÃO
Quem também procurou a redação indignado com a situação do cemitério, foi o aposentado Sebastião José da Silva. Há mais de 50 anos a família adquiriu um jazigo no local e, desde então, ele nunca viu o Quarta Parada tão degradado e abandonado.
“Nossa, é uma situação deplorável. E não adianta reclamar na administração. Nem eu vou sozinho lá. Mulher então, nem pensar. Não há segurança, inúmeras campas estão violadas, em alguns casos com ossos aparentes e há muita destruição. Olha, um horror”, contou.
Vandalismo este que também chegou à campa da família. “Arrancaram placas, fotos e os nomes das pessoas. Esta foi a terceira vez. Então resolvi vir até o jornal para ver se melhora alguma coisa por lá. É mais do que necessário reforçar a segurança”, observou.
O OUTRO LADO
A assessoria do Serviço Funerário informou que a administração do Cemitério Quarta Parada registra boletim de ocorrência em todos os casos de furtos identificados. Segundo o órgão, todas as placas de bronze recuperadas, assim como outras peças e objetos, ficam na administração do cemitério aguardando a identificação dos familiares dos sepultados para a devolução nos túmulos.
A instituição relatou, ainda, que a segurança foi melhorada graças a uma parceria com a Guarda Civil Metropolitana (GCM), que tem aumentado o número de rondas diárias em todos os cemitérios, agências, velórios e no crematório. Conforme a assessoria, foram 3.137 rondas em cemitérios e 1.164 rondas em velórios de janeiro até a primeira semana de abril.
Por fim, a pasta divulgou que a conservação de túmulos e jazigos é feita pelos próprios concessionários. Já o Serviço Funerário, ligado à Prefeitura, transporta os mortos para os cemitérios da cidade, organiza o velório e o enterro nos 22 cemitérios municipais e faz a manutenção em áreas comuns.