Em novembro de 2014, após três dias de workshops colaborativos, o projeto “Charrete Tatuapé do Futuro” encerrou a primeira etapa de suas atividades. “Estamos fazendo o relatório final e afunilando as ideias apresentadas. Com isso, pretendemos identificar para onde o bairro deseja seguir. Dez escritórios de arquitetura já se disponibilizaram em fazer os projetos básicos que serão devidamente orçados para buscarmos os recursos onde for necessário”, destacou na época Guilherme Takeda, facilitador dos workshops e responsável por trazer a tecnologia “Charrete” ao Tatuapé.
Com o intuito de planejar o bairro para os próximos 30 anos, a iniciativa tinha à sua frente um grupo de arquitetos e empresas do bairro e contava com o apoio da Porte Engenharia e Urbanismo.
Como o projeto era aberto a todo tipo de ideia, uma das propostas consistia em transformar a região em um polo gerador de emprego e renda. Entre os objetivos, evitar os grandes deslocamentos de pessoas até a Zona Sul.
SOBRE O CHARRETE
O projeto, mundialmente conhecido, é um sistema fortemente utilizado, principalmente nos Estados Unidos, sendo, inclusive, lei em algumas cidades. Ou seja, antes que qualquer obra pública tenha o seu projeto finalizado, a mesma deve ser sabatinada durante o workshop colaborativo.
“O objetivo, com esta experiência, é de trazer e aprimorar o senso de comunidade para que as pessoas que não têm expertise em arquitetura e urbanismo também possam participar deste processo de criação e, posteriormente, terem a oportunidade de ver as suas ideias implementadas no bairro onde vivem”, destacou Takeda.
APONTAMENTOS
Os grupos apresentaram propostas em diversas áreas, como segurança, mobilidade, saúde, educação, sustentabilidade e cultura. Entre as ideias estavam: melhorar o projeto cicloviário da região, interligando as rotas aos principais pontos de lazer, através de caminhos seguros para os ciclistas; resgatar a história do Tatuapé e criar um centro dedicado à sua trajetória e aberto à visitação; apostar em projetos que visem a segurança tanto dos moradores quanto dos lojistas, clientes e visitantes; oferecer mais equipamentos de saúde; criar um espaço voltado ao lazer do idoso, assim como aumentar as áreas verdes e instalar boulevards; melhorar a acessibilidade das calçadas; revitalizar as praças existentes; investir em um sistema viário eficiente e cobrar da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) projetos neste sentido; além de tornar o Tatuapé um bairro turístico.
COMO FICOU
Com base nas informações já publicadas, a reportagem entrou em contato com a assessoria da Porte Engenharia e Urbanismo, para saber como ficou o projeto. Foi questionado se o mesmo foi entregue à Prefeitura, como ficou a sua aplicação no bairro, inclusive com a mudança de governo, e se a Porte continua com os contatos com a Prefeitura para que o Charrete possa ser colocado em prática.
Foi informado que a Porte atuou de forma expressiva durante todo o desenvolvimento do projeto Charrete, tanto em termos de investimentos para a realização do projeto quanto em propostas e incentivos ao engajamento como um todo.
“O projeto contou com a participação dos subprefeitos (hoje prefeitos regionais) da Mooca e do Aricanduva, durante as reuniões. No final, ele foi disponibilizado para a população em uma reunião devolutiva, na qual todos os resultados foram organizados e apresentados. A princípio, esse material consiste de desenhos profissionais e outros materiais gráficos que resumem as ideias apresentadas”, explicou.
Agora, o próximo passo é a formulação de projetos mais detalhados. “Entretanto, como essa formulação e a execução de todas as ideias envolvem maiores investimentos, buscamos indiretamente através dos nossos empreendimentos colocar algumas ideias em prática, com o intuito de beneficiar o bairro e as pessoas, como calçadas mais largas, projetos de paisagismo que qualificam o aspecto visual e estimulam a circulação de pessoas, entre outros. Além disso, estamos abertos para discutir e apoiar qualquer iniciativa que incentive a execução dessas ideias.”
Quanto à mudança de governo (o projeto era para a gestão anterior), a assessoria destacou o seguinte. “Neste momento podemos observar impactos positivos no desenvolvimento da cidade e acreditamos que os projetos urbanísticos para o Tatuapé, como o projeto Charrete, terão espaço para consolidação.”