A São Paulo Transportes (SPTrans) informou à reportagem deste semanário que dois ônibus movidos à bateria vão entrar em circulação na Zona Leste no final do mês de dezembro. As linhas a serem atendidas ainda não foram definidas, mas a ideia é fazer uma comparação com os trólebus em circulação na região e realizar novos testes de eficácia e economia quanto ao novo modelo.
A apresentação do ônibus movido à bateria aconteceu no dia 1º de outubro, na Zona Norte. De fabricação chinesa, o veículo, ainda em fase de testes, conta com tecnologia inédita no Brasil de emissão zero de poluente. Parte do programa Ecofrota, a previsão é que cerca de 50 ônibus movidos à bateria devam entrar em circulação na cidade em 2013.
SIMULAÇÃO
Entre os dias 17 e 27 de setembro o novo veículo foi carregado com balões de água para simular o peso de um coletivo em sua capacidade máxima de passageiros. O objetivo foi medir a eficiência energética, consumo e desempenho. Os testes já realizados mostraram que esse modelo consome 131,7 kwh a cada 100 quilômetros rodados, tudo isso ao custo de R$ 0,20 por kwh. Para se ter ideia da economia gerada, um ônibus comum movido a diesel consome 55 litros de combustível para rodar a mesma distância, mas com gasto de R$ 1,90 por litro, ou seja, R$ 1,70 a mais por quilômetro percorrido.
QUILOMETRAGEM
Outro ponto que chamou a atenção foi a autonomia da bateria, que tem capacidade para rodar até 300 quilômetros com uma carga completa com 4 horas de carregamento. Em um dos dias de testes, foram rodados 230 quilômetros e gatos R$ 60,58. O valor é referente a uma recarga da bateria fora do horário de pico. Já o ônibus movido a diesel teve um gasto de R$ 240,35 dentro dos mesmos padrões de testes, valor que representa uma economia em combustível de R$ 179,77 por dia, ou R$ 59.324,10 ao ano.
ALTERAÇÕES
O ônibus movido à bateria já está em operação em países como China, Itália, Alemanha e Estados Unidos. No Brasil, o custo para adquirir um modelo desse tipo pode chegar até R$ 950 mil. Para rodar na capital o ônibus está passando por alterações para atender às especificações e padrões exigidos pela SPTrans.
ECOFROTA
Os testes com ônibus movido à bateria fazem parte do Programa Ecofrota, lançado em fevereiro de 2011 com o objetivo de reduzir a utilização de combustíveis fósseis na cidade. Com o início do programa, todos os ônibus movidos por algum tipo de tecnologia limpa são identificados por um selo com a marca Ecofrota e o tipo de combustível utilizado.
Atualmente a cidade conta com 1.200 ônibus abastecidos com 20% de biodiesel ao diesel comum, o chamado B20. De acordo com os estudos realizados, a mistura reduz em 22% a emissão de material particulado, 13% de monóxido de carbono e 10% de hidrocarbonetos despejados na atmosfera, além de atingir 15% da meta anual de redução de combustíveis fósseis no sistema de transporte público, prevista na Lei de Mudanças do Clima.
LINHAS NA ZONA LESTE
Na Zona Leste é possível visualizar os ônibus abastecidos com biodiesel pelo símbolo Ecofrota na lateral dos veículos. Entre as linhas em circulação estão: Penha – Terminal AE Carvalho, Ceret – Jardim Helena e Terminal AE Carvalho – Estação da Luz.
De acordo com informações da SPTrans, a nova mistura foi homologada pela ANP – Agência Nacional de Petróleo, especificamente para a utilização da empresa VIP (Viação Itaim Paulista), servindo como projeto piloto com essa porcentagem de biodiesel produzido com as sementes de algodão, soja e milho, em São Paulo.