O espectador que entrar na sessão esperando uma narrativa linear sobre a vida de Paulo deve ficar surpreso. Apesar do título, Paulo (James Faulkner) não representa o foco principal do filme, que alterna os ensinamentos do discípulo de Cristo com a busca de Lucas (Jim Caviezel) por conhecimento religioso, a perseguição dos cristãos por parte dos romanos e a eventual conversão dos inimigos ao cristianismo. Durante quase toda a narrativa, o apóstolo permanece preso numa cela, proferindo palavras sobre o bem e a fé. Ele funciona mais como veículo de ideias do que como personagem munido de conflitos próprios.
Assim, “Paulo, Apóstolo de Cristo” apresenta ambições históricas para além da vocação religiosa. O diretor Andrew Hyatt investe em locações grandiosas, letreiros informativos sobre o Império Romano, imagens espetaculares em câmera lenta, figurinos de época e cenas com dezenas de figurantes. Ele tenta contornar as evidentes dificuldades de produção, dispondo de US$ 5 milhões – orçamento limitadíssimo para os padrões de Hollywood – para erguer uma narrativa épica que necessitaria mais recursos e, principalmente, de maior refinamento no roteiro.
A trama espera bastante tempo para fornecer alguns flashbacks explicando em linhas gerais a trajetória de Paulo, que perseguiu os cristãos até encontrar o amor de Jesus. A maior parte de seus feitos é resumida nos letreiros finais. O filme fica indeciso entre abordar Paulo, Lucas ou os romanos – ou ainda, entre ser piedoso ou feroz, intimista ou espetacular.