O visionário diretor sempre teve papel de destaque na estruturação das obras sociais da entidade
Na última quinta-feira, dia 20 de junho, faleceu, aos 97 anos, o padre Félix Conde de Prado, o padre Conde, fundador do Colégio Agostiniano Mendel. Com 78 anos de vida religiosa e 73 de sacerdócio, o cônego deixa um sólido legado por tudo o que construiu. Não à toa, neste ano, a Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência (SAEA) comemora seus 90 anos de fundação, enquanto e o Colégio Mendel chega a quatro décadas de existência.
FUNDADOR
A atuação do padre, como fundador do colégio e diretor, por 29 anos, configurou o surgimento de um dos estabelecimentos de ensino de maior destaque no País. Seu trabalho possibilitou e ainda possibilita a formação de jovens que ocupam os primeiros lugares em vestibulares das melhores universidades brasileiras.
Como nada é por acaso, o modelo de excelência no ensino tem uma explicação. Tanto no Colégio Agostiniano Mendel, como no Colégio Agostiniano São José, no Belenzinho, o padre Conde exerceu várias funções. Foi professor, vice-diretor e encarregado da disciplina, coordenador de esportes e da banda, além de diretor de ambos os centros educacionais. Nesse sentido, não há como negar a impressão digital dele em grande parte das conquistas do Agostiniano Mendel.
DESENVOLVIMENTO
Aliás, vale lembrar que o desenvolvimento do próprio bairro do Tatuapé também se deve a entidades como a Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência (SAEA), da qual o padre Conde foi presidente, por três vezes e administrador geral por duas vezes. A instituição, não só fortaleceu a região, como a fez se transformar em referência em educação de qualidade.
Assim, o Colégio Agostiniano Mendel tornou-se exponencial. Primeiro por ter um dos teatros mais modernos da cidade, e que tem como patrono o ator Fernando Torres. Depois, porque a arquitetura de suas construções reflete a preocupação do colégio em estar integrado às mais avançadas tecnologias. Do mesmo modo, os ambientes criam modelos de interdisciplinaridade que ajudam na formação de profissionais das mais diversas áreas de humanas, exatas e biomédicas.
Tudo o que foi produzido e conquistado em quatro décadas contou com a dedicação, esforço e desprendimento do padre Conde. Sobretudo pelo fato de seu nome e o do Colégio Mendel serem inseparáveis.
TEATRO
O Teatro Fernando Torres foi inaugurado em 19 de agosto de 2012. O espaço foi construído dentro do complexo do Colégio Agostiniano Mendel pela SAEA e recebeu o nome do ator, produtor e diretor, falecido em 2008.
Com uma programação variada, a casa tem uma arquitetura moderna e alta tecnologia para os palcos, contribuindo então para a inserção da Zona Leste no eixo cultural da capital paulistana.
O Teatro recebeu em 2014, 2015 e 2017 a nota 9.3 e a classificação de 4 estrelas da equipe Folha de São Paulo, que avaliou os 60 maiores teatros da cidade.
Ao longo de seus 10 anos de existência, o Teatro Fernando Torres, apadrinhado pela atriz Fernanda Montenegro, recebeu cerca de 700 mil pessoas, e foi palco de inúmeras peças premiadas, como Trair e Coçar é só Começar, de Marcos Caruso, e A Golondrina, de Guillem Clua.
MENDEL
Fundado em 3 de fevereiro de 1984, o Colégio Agostiniano Mendel conta com mais de 4.700 alunos e uma infraestrutura planejada para cada etapa do desenvolvimento, com espaços singulares, um corpo docente formado por profissionais qualificados e um vasto portfólio de atividades extracurriculares.
A instituição contribui na educação e também auxilia no desenvolvimento da personalidade de crianças e adolescentes, preparando-os para a vida em integração consciente com a realidade. No Agostiniano, os alunos adquirem um elevado nível cultural e uma sólida formação humana.
Considerado um cartão postal do Tatuapé, o Mendel é composto por duas amplas bibliotecas, laboratórios de nível universitário para as disciplinas de química, física e biologia, ginásio, quadras poliesportivas, amplas salas de aula, capela, solarium e áreas de recreação exclusivas para cada etapa do ensino. Toda a infraestrutura foi pensada para o melhor desenvolvimento educacional e emocional dos alunos, oferecendo aconchego, segurança e liberdade para que as crianças e jovens possam ter diferentes vivências dentro da escola.
PAPEL DE DESTAQUE
O padre Conde nasceu na Espanha, no povoado de Población de Arroyo, província de Palencia, em 21 de fevereiro de 1927. Filho de Felisa de Prado e Cayo Conde, foi membro da Ordem Agostiniana. Realizou seus estudos na Província Agostiniana de Castella e ordenou-se sacerdote em 24 de março de 1951, com 24 anos. No mesmo ano, veio para o Brasil, instalando-se em São Paulo, estado onde sempre viveu.
Nesse estado, exerceu sua condição de missionário e sacerdote, principalmente no apostolado da educação. Passou seus primeiros nove anos na cidade de Bragança Paulista, no Colégio Diocesano São Luiz, com um breve intervalo na cidade de Campinas, onde completou seus estudos. No ano de 1960, veio para a capital do estado, onde morou até o dia de hoje. De 1960 até 1983, ficou à frente do Colégio Agostiniano São José, no Belenzinho. De 1984 até 2013, conduziu o Colégio Agostiniano Mendel, no Tatuapé.
O padre Conde sempre teve papel de destaque na estruturação das obras sociais da SAEA. Durante a sua gestão, ocorreu a construção das creches e restaurantes populares. Ele também participou da construção de dois centros de convenções, o de Bragança e o de Guarulhos, consolidando seu traço de empreendedor.
A SAEA
Fundada há quase nove décadas, a Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência (SAEA) é uma associação civil e filantrópica, sem fins lucrativos, de caráter beneficente, educativo, cultural e assistencial. Sediada em São Paulo, a Instituição possui obras que se estendem para outras cidades e capitais brasileiras, como: Goiânia, Guarulhos, Campinas, Pirassununga e Bragança Paulista.
Com mais de 10 mil alunos nos quatro colégios do grupo (Agostinianos São José, Nossa Senhora de Fátima, Mendel e Colégio Liceu Vivere), a SAEA é nacionalmente reconhecida pelo ensino aliado à formação integral como ser humano.
Por meio dos recursos obtidos nos colégios do grupo, revertidos para obras assistenciais, que atendem centenas de pessoas em situação de vulnerabilidade social, a SAEA mantém, atualmente, mais de 2 mil crianças em quatro creches próprias e distribui mais de 49 mil refeições e 1.250 cestas básicas por mês, em seus restaurantes populares.
Estudei no Colégio Agostiniano São José. O padre Conde apostou que um colega da turma de 1979, que não era um dos melhores nas ciências exatas, não entraria no Ita – engenharia. Dito e feito. Esse colega estudou arduamente por dois anos. Ingressou na Poli engenharia e no ITA. Fomos até o colégio e o Padre Conde ficou muito surpreso e sem graça…