Sr. redator:
“Naturalmente que a educação no Brasil e o foco deste artigo, sobretudo quando percebemos que ao analisar a formação histórica do ensino superior nos países americanos, nos deparamos com uma expressiva diferença entre a América espanhola e América portuguesa, ou seja, engatinhamos diante de nossos vizinhos, como Argentina, Peru, Costa Rica dentre outros, quando o parâmetro comparativo é a educação.
Enquanto Portugal restringia o acesso ao ensino superior aos habitantes de suas colônias, a Espanha mantinha a política de implantar instituições de ensino superior dentro das suas.
A fundação da primeira universidade das Américas se dá em 1538, em São Domingos, na Costa Rica, seguida da fundação da universidade de San Marcos, no Peru, em 1551.
A primeira universidade brasileira foi formalmente fundada em 1920, para que o presidente do Brasil pudesse conceder o título de Doutor Honoris Causa (título que só pode ser dado por uma universidade) ao rei da Bélgica, que visitaria o País.
A USP – Universidade de São Paulo – fundada em 1934, foi a primeira instituição a ter realmente o caráter de universidade, contava inclusive com autonomia, que foi respeitada somente nos primeiros anos. Nos estatutos da USP estão destacados os seus objetivos principais: no art. 1º – investigação para o progresso da ciência; art. 2º – ensino de conhecimentos que sejam úteis para o espírito e a vida; art. 3º – formação de especialistas em todas as áreas da cultura e de técnicos e profissionais em todas as profissões de base científica ou artística. A USP surge incentivada pela burguesia paulista, que almejava ter em seu estado uma escola superior que pudesse preparar seus filhos para serem futuras lideranças políticas. Trouxeram para a USP nomes de peso internacional como o professor Fernand Braudel e Claude Lévi-Strauss.
Notem que, entre as duas primeiras universidades das Américas, criadas em São Domingos (Costa Rica) e Lima (Peru) e a USP (Brasil) existe uma diferença de 403 anos.”
Professor Wander Vianêz
