Sr. redator:
“Sacrifício. Esta é a palavra que vem à mente de muitas pessoas quando o assunto é manter boa forma, peso adequado e uma vida mais saudável. Projetam-se, então, imagens de malhação sem fim nas academias, restrições alimentares de toda natureza, pouco ou quase nenhum prazer à mesa.
Obviamente que realizar atividades físicas, evitar alimentos gordurosos, lanches e frituras nas refeições do dia a dia, não fumar e moderar no consumo de bebidas alcoólicas são fórmulas consagradas para prevenir o excesso de peso e a obesidade, que podem causar inúmeras doenças como hipertensão, diabetes e colesterol elevado, além de câncer.
Pesquisas recentes apontam que quase metade dos brasileiros adultos estão com excesso de peso e que a obesidade atinge 15,8% de toda a população. O problema também preocupa em relação às crianças. Nos últimos 20 anos, o número de crianças acima do peso aumentou cinco vezes, atingindo 11,8% das meninas e 16,6% dos meninos.
A manutenção do peso ideal, no entanto, não pode estar relacionada, diretamente, a sacrifícios que as pessoas não estão dispostas a fazer. Tampouco à restrição total de certos tipos de alimentos, como pastéis e batatas fritas, que a grande maioria dos brasileiros adora comer, a não ser em caso de contraindicação médica.
Fundamentalmente, a abordagem deve ser a de incentivar a mudança de hábitos das pessoas. Todos os tipos de alimentos podem estar presentes nas refeições, mas é impensável comer pizza e pastel todos os dias. É importante haver equilíbrio para que a alimentação seja saudável e contribua, essencialmente, para a qualidade de vida.
Essa é a principal proposta do programa `Meu Prato Saudável`, maior projeto de educação alimentar já desenvolvido no Brasil, recém-lançado em parceria com o Instituto do Coração (Incor) e com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, duas renomadas instituições de saúde que integram o maior complexo hospitalar da América Latina. A ideia não é fazer restrições severas na alimentação das pessoas, mas ensinar os brasileiros a escolher melhor os alimentos e em porções adequadas, sem dietas sacrificantes.
Um prato saudável deve conter porções que contemplem carboidratos, proteínas, lipídeos, fibras, vitaminas e minerais. Assim, ninguém está proibindo ninguém de comer um bife acebolado ou uma porção de macarrão. É recomendável, no entanto, que a refeição contenha outros itens com os nutrientes necessários para o organismo, em quantidades adequadas.
O `Meu Prato Saudável` engloba uma série de iniciativas. A meta do programa é alcançar toda a população brasileira até a Copa do Mundo de 2014, e para isso, foram desenvolvidos diversos materiais didáticos, como encartes, papel bandeja com ilustrações de combinações de pratos e cartilhas explicativas. Além disso, são utilizadas ferramentas como site, mídias sociais e aplicativos para smarthphones e tablets, por meio dos quais os usuários podem acompanhar sua alimentação, e fazer as escolhas certas, a partir da identificação dos grupos de alimentos que devem fazer parte de cada refeição e as quantidades corretas, tudo por meio de demonstrações no prato. Isto facilita a assimilação e a adaptação no dia a dia. O aplicativo permite ao usuário acompanhar os valores nutricionais atingidos em cada refeição e comparar com os valores ideias para o seu perfil. Recebe ainda uma pontuação pela composição de seu prato e permite o compartilhamento da foto do prato com seus amigos nas redes sociais.
Uma das propostas é adaptar as refeições para cada região do País, para que as pessoas possam perceber que é possível manter-se em forma comendo alimentos com os quais estão habituados.
Parte importante desta iniciativa é o projeto `Meu Pratinho Saudável`, que tem o intuito de contextualizar o programa para uma linguagem mais fácil para a compreensão das crianças. O objetivo é incentivar a educação alimentar ainda na infância, para que os pequenos cresçam com hábitos alimentares corretos, refletindo em uma vida adulta mais saudável.
Queremos levar essa proposta para outros estados brasileiros, mobilizando toda a população em torno de hábitos alimentares mais saudáveis, sem grandes sacrifícios, em benefício da saúde pública.”
Elisabete Almeida
