O filme “O Passageiro” é uma combinação de suspense muito semelhante com Assassinato no Expresso Oriente, porém mais complexo e bem arquitetado que o novo filme de Kenneth Branagh, e do tipo que se propõe a ser essencialmente o novo longa de ação de Liam Neeson. E é, assim, uma bela combinação, contornando conflitos tênues, com uma boa articulação de sequências de ação empolgantes e tensão constante, do início ao fim.
O grande mérito do projeto é de Jaume Collet-Serra. Em seu quarto trabalho com Liam Neeson depois de “Desconhecido”, “Sem Escalas” e “Noite Sem Fim”, o diretor e produtor executivo é inteligente em contratar um roteirista — Ryan Engle, de “Sem Escalas” — que sabe escrever para o ator, explorando as facetas estabelecidas desde o primeiro filme de Liam Neeson no gênero: Busca Implacável.
Um sinal dessa boa sintonia entre a equipe de roteiristas (completada pelos estreantes Byron Willinger e Philip de Blasi, autores do argumento) e Jaume Collet-Serra é a condução minuciosa de “O Passageiro”. O filme cria uma atmosfera desde o princípio, o que permite um adiamento de seu mote principal sem gerar cansaço; ao contrário, a trama vai se construindo gradativamente, nos detalhes, e na imagem. Por exemplo, a câmera do diretor é capaz de criar suspeitos se atentando aos menores gestos, expressões e olhares. O suspense decorrente é até mais magnético que nas muitas reviravoltas do texto — menos imprevisíveis do que se supõem.