Em 2014, ano do lançamento de “O Candidato Honesto”, Dilma Rousseff era a presidente em busca da reeleição, Barack Obama comandava os Estados Unidos e Leandro Hassum era o gordinho engraçado de “Os Caras de Pau” e “Até que a Sorte nos Separe”. Quatro anos depois tudo mudou, não apenas politicamente, mas também na aparência do ator. “O Candidato Honesto 2” começa, portanto, com uma necessária contextualização, retrospecto igualmente útil para quem não viu – ou não lembra – do longa anterior, um resumão encaixado apropriadamente na narrativa como trecho do programa Roda Livre, versão cinematográfica do clássico Roda Viva.
Enquanto a comédia de 2014 copiava o mote de “O Mentiroso” para fazer piada com a notória safadeza dos políticos brasileiros e possibilitar a Hassum explorar até o limite caretas à la Jim Carrey, a sequência parte de um lugar mais original e específico, referenciando quase sem parar personagens e acontecimentos reais dos intensos últimos meses. João (Hassum), convencido a se candidatar novamente, é saudado com gritos de “João, ladrão, roubou meu coração!”, usa tornozeleira eletrônica, se apavora ao reconhecer o “Japonês da Federal” na sua porta e cruza com rostos bem conhecidos no retorno triunfal à Brasília.
Quem andou prestando atenção no noticiário terá motivos de sobra para rir, mas o diretor Roberto Santucci e o roteirista Paulo Cursino também preservam na obra o humor menos exigente, de pum, cambalhota, dança desengonçada e caras e bocas do astro principal. Nesse sentido o longa se aproxima do primeiro filme e, em termos de estrutura de roteiro e arco narrativo, chega a ser inferior, porém as coisas boas aqui são realmente boas, como o hilário momento em que João diz odiar Leandro Hassum.