É inegável que o número de moradores de rua tem aumentado na cidade e, consequentemente, nos bairros. A situação degradante, de homens e mulheres, mostra que o trabalho da Secretaria Municipal de Assistência Social e Desenvolvimento (SMADS) deve ser mais eficaz, na tentativa de encaminhar essas pessoas para albergues. Quando não há a possibilidade de convencimento, alguns lugares tornam-se intransitáveis para pedestres e moradores de um modo geral.
HOSPITAL DO TATUAPÉ
Um dos exemplos está na calçada do Hospital Municipal do Tatuapé, que há meses abriga dezenas de pessoas em situação de rua. Para a moradora do bairro, Regina Helena, é triste ver a fachada de um órgão público sendo utilizada como banheiro, depósito de objetos pessoais e também de apoio para a construção de pequenos barracos. “Nos dias mais frios, eles costumam fazer fogueiras na calçada. Isso preocupa quem passa pelo local e os doentes que procuram o hospital”, relata.
OUTROS LUGARES
A informação foi confirmada pelo também morador Luiz Carlos Garcia. Segundo ele, os sem-teto cozinham junto ao muro e deixam as paredes marcadas pelo fogo. Garcia adiantou que os homens não querem ir para os albergues e vivem na fachada do HMT.
Outros lugares que precisarão da atenção da Secretaria são a Praça Silvio Romero, também no Tatuapé, e os baixos do Viaduto Guadalajara, no Belém; Rua Melo Peixoto, em frente ao Metrô Tatuapé e a Praça Pádua Dias, sob o Viaduto Azevedo.
MAIS FAMÍLIAS
Cercados de grandes comércios e com grande movimento de pessoas, os pontos ajudam a abastecer homens, mulheres e até crianças. Com o passar do tempo, os locais que serviam de parada momentânea se tornam fixos e começam a atrair outras famílias. E dependendo das características desses moradores de rua, caso a ação dos assistentes sociais não seja rápida, a situação tende a ficar cada vez mais complexa.
O OUTRO LADO
Conforme a SMADS, existe uma rede com 60 Centros de Acolhida que, juntos, disponibilizam 10.115 vagas. Segundo a Secretaria, diariamente cerca de 800 leitos ficam vagos.
Especificamente nas regiões citadas, ela relatou que há dois Centros de Acolhida: o São Camilo I, que acolhe diariamente 200 pessoas em sistema de pernoite, oferecendo banho, jantar, pernoite e café da manhã, e o São Camilo II, que funciona 24 horas. Com capacidade para receber 200 pessoas à noite e 150 durante o dia, o local oferece banho, jantar, pernoite, café da manhã e almoço. Além disso, são realizadas oficinas de artesanato como crochê, tapetes, entre outros. A SMADS também destacou o Espaço de Convivência Bresser, instalado na Rua Bresser 2.109/2.141, que atende 200 pessoas por dia, das 8 às 22 horas.
ABORDAGENS
A pasta revelou que atua diariamente em todas as regiões da cidade, realizando abordagens e encaminhamentos, por meio de orientadores sociais do Projeto Atenção Urbana. Na região do Mooca, que inclui os perímetros citados, nos últimos 30 dias foram realizadas 1.743 abordagens que resultaram em 1.550 encaminhamentos para a rede da Prefeitura.
Com a finalidade de propiciar a saída do morador em situação de rua da região e promover o retorno ao convívio da família e da comunidade, o trabalho desenvolvido pelos orientadores é sócio-educativo. A ação consiste na identificação, aproximação, escuta e encaminhamento das pessoas que aceitam ir para a rede de proteção social.
O órgão enfatizou que a maioria dos cidadãos abordados pelos orientadores recusa o atendimento, mas não podem ser obrigados a aceitar os serviços oferecidos. Porém, o trabalho é permanente e sempre com a missão de convencê-los a deixarem as ruas.