Quem vive no Tatuapé, e costuma circular pela Praça Silvio Romero, reclama que a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) abandonou as pessoas em situação de vulnerabilidade. Durante os períodos frios e chuvosos, famílias com crianças, além de pessoas idosas, circulam pelo entorno da praça para que possam conseguir se alimentar de maneira digna. Segundo alguns comerciantes, às vezes homens e mulheres presentes em barracas conseguem fazer apenas uma refeição.
MATERIAL RECICLÁVEL
Por outro lado, como muitos trabalham com material reciclável, não há uma organização ou rotina de recolhimento e separação dos itens. Vizinhos afirmam que existem falhas na estruturação do atendimento. Por isso, quem passa pelo local vê carrinhos de supermercado, papelões, plásticos e outros materiais que poderiam gerar renda. No entanto, tudo fica perdido e sem um direcionamento.
CONDIÇÃO INSALUBRE
Inez Martarelli afirmou que há anos espera que a SMADS consiga organizar de maneira satisfatória a vida dessas pessoas. “Não dá para o ser humano viver nessa condição de insalubridade”, completou. Moradores das barracas dizem que os abrigos oferecidos pela Prefeitura nem sempre atendem famílias, mas apenas homens. Além disso, alguns lugares têm brigas e atendidos com vários tipos de problemas convivendo no mesmo ambiente.
FALTA DE LIMPEZA
O padre José Mário, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, reclama que a praça não recebe mais manutenção. Com a presença dos vendedores de alimentos no local, o número de frequentadores é grande, principalmente nos fins de semana. Com isso, sábados, domingos e as segundas-feiras são os piores dias, pois o lixo se acumula em vários pontos. Às vezes é difícil até caminhar. As lixeiras ficam destruídas e embalagens, copos e garrafas ficam espalhados nos canteiros.
PRAÇA SEM APOIO
Depois que a empresa desistiu da adoção da área verde, a mesma ficou no limbo. Para Cristina Souza, enquanto ninguém adota o lugar novamente, a Subprefeitura Mooca deveria averiguar o que está acontecendo. “Como vou caminhar com meus sobrinhos em um lugar sujo e com cheiro de urina? É um absurdo, pois a praça tem a fama de ter o melhor cachorro quente da cidade”, reclamou. Segundo a moradora do Tatuapé, em determinados dias e horários não dá sequer para caminhar pela praça. “As secretarias precisam tomar alguma atitude para resgatar as pessoas vulneráveis e trazer de volta o brilho do espaço”, sugeriu.
SECRETARIA RESPONDE
“A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), informou que, na última sexta-feira, dia 23, os orientadores socioeducativos do SEAS (Serviço Especializado de Abordagem Social) estiveram na Praça Silvio Romero. No local encontraram quatro barracas que são utilizadas como moradias provisórias, sendo que três estavam vazias. Em uma das barracas havia uma família composta por quatro adultos e uma criança.A equipe conversou com as pessoas no local e ofertou encaminhamento para os serviços de acolhimento da rede socioassistencial da Prefeitura. Entretanto, eles não aceitaram a oferta.
ABORDAGENS
As equipes do SEAS realizaram 29 abordagens no mês de julho às pessoas que vivem em situação de rua na Praça Silvio Romero. Desse total, dez ofertas de encaminhamentos para os serviços da rede foram aceitas. Importante destacar que uma mesma pessoa pode ser abordada e acolhida mais de uma vez e que as abordagens são recorrentes, visando criar vínculo, desencadear o processo de saída das ruas e promover o retorno familiar.
ENCAMINHAMENTOS
Nos atendimentos são ofertados encaminhamentos para os serviços da rede socioassistencial da SMADS, tais como Núcleos de Convivência e Centros de Acolhida, além proporcionar acesso às demais políticas públicas. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e a Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) Sudeste, informam que a equipe do Consultório na Rua (CnRua), da Unidade Básica de Saúde (UBS) Belenzinho, acompanha as pessoas em situação de vulnerabilidade que se encontram no local citado e realiza ações de saúde como puericultura, acompanhamento de doenças crônicas não transmissíveis e outros cuidados. São acompanhados cinco adultos, uma criança e dois adolescentes que ficam fixos no local. Também são feitas articulações de visita com assistentes sociais do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) II Mooca.”